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Taxas dos DIs sobem com alta do dólar e demora do pacote fiscal

Placeholder - loading - Notas de 200 reais 02/09/2020. REUTERS/Adriano Machado
Notas de 200 reais 02/09/2020. REUTERS/Adriano Machado

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Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - Sem a referência dos Treasuries em função do feriado nos Estados Unidos, as taxas dos DIs fecharam a segunda-feira em alta, em meio ao avanço do dólar ante o real, à piora das expectativas de inflação no relatório Focus e à demora do governo Lula em divulgar seu pacote fiscal.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 -- que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo -- estava em 11,414%, ante 11,4% do ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcava 13,225%, em alta de 9 pontos-base ante o ajuste de 13,135%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,83%, ante 12,819% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,7%, ante 12,691%.

O feriado do Dia dos Veteranos nos EUA manteve o mercado de Treasuries fechado, o que deixou os negócios com DIs no Brasil sem sua principal referência externa.

Internamente, dados do relatório Focus do Banco Central mostraram a continuidade da deterioração das expectativas de inflação para este e os próximos anos. O IPCA projetado pelo mercado para 2024 passou de 4,59% para 4,62% e para 2025 foi de 4,03% para 4,10%. No caso de 2026, a projeção mediana passou de 3,61% para 3,65%. Nos três casos as expectativas estão se distanciando do centro da meta contínua de inflação do BC, de 3%.

Além disso, a segunda-feira foi de nova alta do dólar, que chegou a oscilar acima dos 5,80 reais nos piores momentos do dia. Os receios quanto à adoção pelos Estados Unidos de tarifas mais elevadas de exportação -- uma das promessas de campanha do presidente eleito Donald Trump -- seguiu dando força ao dólar ante praticamente todas as demais divisas ao redor do mundo, incluindo o real.

Como o pacote fiscal do governo Lula, prometido originalmente para depois das eleições municipais, ainda não saiu, a curva de juros e o mercado de câmbio seguiram incorporando prêmios de risco nesta segunda-feira.

“Cenário fica cada vez mais complicado para o Banco Central brasileiro, com o câmbio se desvalorizando. O câmbio... na sexta já voltou para a trajetória de alta, com o dólar futuro já na casa de 5,80 (reais). E o efeito inflacionário disso é direto”, avaliou pela manhã o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, em comentário enviado a clientes.

“Um pacote de corte de gastos ajudaria isso, ajudaria a tirar prêmio da ponta longa e prêmio da taxa de câmbio. Por ora, não saiu ainda”, acrescentou.

Pela manhã o BC divulgou que a dívida bruta do Brasil como proporção do PIB chegou a 78,3% em setembro, de 78,5% no mês anterior. Profissionais ouvidos pela Reuters projetavam 78,8%. No mês, o setor público consolidado registrou um déficit primário de 7,340 bilhões de reais, abaixo dos 8,0 bilhões negativos projetados.

A surpresa positiva com os dados do BC, no entanto, não foi suficiente para a curva fechar no Brasil. Na terça-feira, além do retorno do mercado norte-americano de títulos, investidores estarão atentos à divulgação da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que na semana passada elevou a taxa básica Selic em 50 pontos-base, para 11,25% ao ano.

Escrito por Reuters

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