TBT: Celine Dion se destaca com 'My Heart Will Go On'

Na história do cinema, é difícil pensar em trilhas sonoras de filmes e não lembrar de Titanic, que ficou bastante atrelado à figura de Céline Dion, a voz do tema que embalou o romance do casal Rose e Jack. Em 1997, a cantora ganhou quase tanto destaque quanto os protagonistas Kate Winslet e Leonardo DiCaprio. No ano seguinte, “My Heart Will Go On” liderou as paradas pop do Reino Unido e estava a caminho de se tornar o single mais vendido do ano.

O que poucos sabem é que houve uma série de fatores, incluindo a antipatia inicial de Dion pela música, que quase impediu essa grande balada romântica de se tornar uma relíquia da cultura pop dos anos 90 e que, agora, transcende gerações.

Tudo começou com o pedido da música pelo James Cameron, diretor do filme. Ele não queria uma canção com letra, apenas instrumental, para acompanhar o longa. Então, o diretor convidou James Horner para compor a trilha do seu filme “arriscado”, que saía de sua zona de conforto – anteriormente Cameron havia focado apenas em obras de ficção-científica como Aliens e Exterminador do Futuro.

Horner foi solicitado para escrever apenas uma partitura instrumental, e dito e feito: compôs toda a trilha sonora do filme, incluindo a faixa “The Portrait”, que pretendia acompanhar a cena de Jack desenhando Rose na noite do naufrágio. Mas, nessa música, sentiu que acrescentar uma voz aumentaria o seu potencial.

Apesar da recusa do cineasta, Horner se convenceu de que sua melodia precisava se transformar em canção e confiou a letra a Will Jennings. Então, sem que Cameron soubesse, os dois convidaram Céline Dion para cantar a música e depois, de gravada, eles a apresentaram para o diretor, dizendo: "Eu sei que você não quer uma música no filme, mas acho que isso seria uma coisa apropriada a se fazer porque destila tudo sobre o filme”.

Há diferentes teorias sobre porque Cameron incluiu a música pop no final de seu drama de época, embora ele fosse veementemente contra a ideia. Falando à Billboard em 2017, o ex-chefe da Sony Music, Tommy Mottola, sugeriu que o diretor foi pressionado pelo estúdio de cinema a fornecer uma “ferramenta de marketing poderosa adicional”, já que alguns temiam que o filme seria um fracasso. Naquele momento, o longa estava $ 100 milhões acima do orçamento e seis meses atrasado.

Porém, o produtor executivo do Titanic, Jon Landau, refutou essa afirmação, insistindo que Cameron estava sempre disposto a considerar uma música, mas ele simplesmente não achava que alguém se encaixaria em seu “drama histórico muito dramático”.

Em 1997, Céline Dion já havia marcado alguns grandes sucessos com trilha sonora - incluindo "Beauty and the Beast", a faixa-título do filme da Disney, de 1991, e "Because You Loved Me", do romance Íntimo & Pessoal. Jennings sempre teve certeza de que a cantora seria a melhor escolha para cantar “My Heart Will Go On”. Mas, quando Horner tocou a música pela primeira vez no piano em sua suíte de hotel em Las Vegas, ela não ficou impressionada.

Enquanto Horner tocava, ela sussurrou “Eu não quero fazer essa música” para seu marido e empresário, René Angélil. Segundo a artista, o instrumentista não era um grande artista, então ele não conseguiu convencê-la de que a música seria boa. Além disso, com as recentes gravações para filmes, Celine não queria gravar outro tema.

Talvez sentindo o potencial da faixa, Angélil interrompeu a apresentação de Horner e convenceu Dion a gravar uma demo. A superestrela canadense não gostou e, até chegar à cidade de Nova York para fazer os vocais algumas semanas depois, ela não estava totalmente convencida.

Então, Horner decidiu contar para Dion um rápido resumo da trama do Titanic e a cantora diminuiu as luzes do estúdio, entrou na cabine de voz e cantou. Movida pela história e por um bom café, que acelerou seu vibrato, Céline acertou a música em uma única tomada.

“Todo mundo começou a chorar, e eu também fui pego pela emoção, pela história do filme e tudo mais”, disse Dion em entrevista à TV. O co-produtor da sessão, Simon Franglen, fez uma mixagem rapidamente para mostrar ao diretor. Horner carregou uma fita cassete por semanas, esperando o momento certo para pegar Cameron de bom humor. Finalmente, o diretor aceitou a música e, quando exibiu o filme completo com "My Heart Will Go On" para Dion e Angélil, a cantora chorou muito, novamente emocionada com a trama.

O sucesso da canção dominou as temporadas de premiações de 1998 e 1999, ganhando o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Canção Original, além de dois Grammys: Gravação do Ano e Melhor Performance Vocal Pop Feminina. Até hoje, a relevância da canção é explicitada com a quantidade de produções caseiras que a inserem como trilha sonora. Ela é e sempre será, uma das maiores trilhas de todos os tempos.

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