Trump chamará situação na fronteira de “crise” em discurso televisionado
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Por Jeff Mason
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, argumentará nesta terça-feira que um muro é necessário para solucionar uma “crise” na fronteira entre o país e o México, tentando cumprir uma importante promessa de campanha, em uma disputa que já provocou 18 dias de paralisação parcial do governo norte-americano.
A declaração televisionada de Trump no horário nobre, marcada para as 21h (horário local), será a mais recente tentativa do presidente republicano para convencer democratas, além de funcionários públicos que estão sem receber salário, a apoiar a proposta de uma barreira de aço na fronteira sul.
Trump tem há muito afirmado que o muro é necessário para conter o fluxo ilegal de imigração e drogas e, nas últimas semanas, tem feito da questão uma prioridade. Os democratas, que agora controlam a Câmara dos Deputados, têm constantemente se oposto a proposta, descrevendo a barreira como uma maneira cara, ineficiente e imoral de tentar resolver o problema migratório.
A disputa sobre os recursos para o muro --com Trump exigindo 5,7 bilhões de dólares para a construção-- fez com que os parlamentares não conseguissem chegar a um acordo sobre o financiamento de outras partes do governo federal no mês passado.
A declaração de Trump direto da Casa Branca também terá como objetivo preservar o apoio de parlamentares republicanos, que estão preocupados com potencial revolta do público, à medida que os efeitos da paralisação se intensificam. O vice-presidente norte-americano, Mike Pence, deve se reunir com parlamentares republicanos ainda nesta terça-feira, antes do discurso de Trump.
Em entrevistas televisionadas na manhã desta terça-feira, Pence afirmou que Trump dirá ao povo norte-americano que há “uma crise humanitária e de segurança” na fronteira.
A classificação da situação como uma crise por parte do governo, acontece no momento em que Trump considera declarar uma emergência nacional, o que permitiria que ele passasse por cima do Congresso para aprovar o orçamento federal, podendo construir o muro sem a aprovação dos parlamentares. Os democratas não têm dado nenhum sinal de que cederão à exigência de financiamento para o muro.
A Casa Branca não disse porque a situação constitui uma emergência nacional. Pence não disse se Trump já havia tomado uma decisão, ou se a Casa Branca já havia concluído a análise legal de tal declaração, que provavelmente desencadearia imediato recurso legal.
“Nós acreditamos que podemos resolver isso pelo processo legislativo”, disse Pence ao canal CBS, pedindo que os democratas negociem.
Todas as principais redes de televisão dos Estados Unidos concordaram em transmitir o discurso de Trump, fazendo com que os democratas pedissem tempo equivalente no ar. A CNN, CBS, NBC e Fox concordaram em dar tempo de resposta para os democratas, enquanto outras redes não responderam a pedidos por comentário.
Os democratas têm dito que apoiam medidas para aumentar a segurança na fronteira, como o envio de mais agentes e tecnologia, mas têm rejeitado as alegações do governo sobre os riscos de segurança e afirmado que Trump usará seu discurso para apresentar uma narrativa falsa.
“Alguém está informando ele drasticamente mal”, disse o senador democrata Joe Manchin à CNN.
Trump continuará defendendo sua proposta com uma visita à fronteira na quinta-feira.
(Reportagem adicional de Susan Heavey, em Washington, e Kenneth Li, em Nova York)
Escrito por Thomson Reuters
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