Trump congela ativos do governo da Venezuela para pressionar Maduro
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Por Matt Spetalnick e Roberta Rampton
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, congelou todos os ativos do governo da Venezuela nos Estados Unidos na segunda-feira, intensificando uma campanha de pressão econômica e diplomática que visa derrubar o presidente Nicolás Maduro do poder.
O decreto assinado por Trump vai muito além das sanções impostas nos últimos meses à estatal petroleira PDVSA e ao setor financeiro do país, além das medidas contra dezenas de autoridades e entidades venezuelanas.
A ação de Trump, a mais dura contra Maduro até agora, não só proíbe empresas norte-americanas de negociarem com o governo da Venezuela, mas também parece abrir caminho para possíveis sanções contra empresas ou indivíduos estrangeiros que o auxiliem.
Companhias russas e chinesas estão entre aquelas que ainda têm negócios consideráveis com o país sul-americano membro da Opep.
'Todas as propriedades e interesses de propriedade do governo da Venezuela que estão nos Estados Unidos... estão bloqueados e não podem ser transferidos, pagos, exportados, retirados ou administrados de qualquer forma', de acordo com o decreto presidencial divulgado pela Casa Branca.
A abrangência do anúncio surpreendeu até alguns aliados do governo Trump. 'Isso é sério', disse Ana Quintana, analista sênior de política da Heritage Foundation, centro de estudos conservador situado em Washington.
Ana disse que parece que o decreto será um embargo abrangente aos negócios com a Venezuela, mas que aguarda maiores detalhes.
O Ministério da Informação venezuelano não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
Os EUA e a maioria das nações ocidentais pediram que Maduro renuncie e reconheceram o líder opositor Juan Guaidó como o presidente legítimo da nação.
Guaidó, acusado por Maduro de preparar uma tentativa de golpe direcionada pelos EUA, indicou um conselho para a Citgo Petroleum, o ativo estrangeiro mais importante da Venezuela, no início deste ano.
Na quinta-feira, Trump disse que estava cogitando uma quarentena ou bloqueio da Venezuela, mas na ocasião não detalhou quando ou como tal bloqueio seria imposto.
Ele está adotando medidas mais dramáticas porque várias rodadas de sanções não bastaram para os militares da Venezuela se voltarem contra Maduro nem para obter progressos significativos para depô-lo.
China e Rússia continuam comercializando petróleo com Caracas. A ação pode exacerbar as tensões com a China, já inflamadas por uma guerra comercial com Washington, disse Fernando Cutz, ex-conselheiro de Trump para a América Latina que hoje é associado sênior na consultoria Cohen Group.
(Por Makini Brice, Eric Beech, Matt Spetalnick, Roberta Rampton e Lesley Wroughton; Reportagem adicional de Angus Berwick, em Caracas)
Escrito por Reuters
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