Ucranianos dizem que foram pressionados a registrar bebês como russos durante ocupação
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Por Rod Nickel e Leonardo Benassatto
KHERSON, Ucrânia (Reuters) - No momento em que sua neta nasceu, Olha Lukina, de 65 anos, correu para um cartório. Era um dos últimos a fornecer cidadania ucraniana para recém-nascidos na cidade de Kherson, no sul, que estava sob ocupação russa.
A bebê Kateryna tornou-se a mais nova cidadã da Ucrânia naquele dia de maio, nascida em um dos tempos mais sombrios do país.
Mais tarde durante a ocupação, a Rússia exigiu que todos os recém-nascidos recebessem a cidadania russa, disse Leonid Remyga, médico-chefe do Hospital Clínico da Cidade de Kherson, o único hospital em funcionamento da cidade.
A Rússia ocupou Kherson por oito meses no ano passado, até que soldados ucranianos a recapturaram em novembro. Muitos moradores inicialmente retornaram, mas Kherson mais parece uma cidade fantasma agora devido ao bombardeio das tropas russas.
No início da ocupação, os pais ucranianos enfrentaram pressão para aceitar a cidadania russa para seus recém-nascidos. De acordo com Remyga e os pais de Kateryna --Natalia Lukina e Oleksii Markelov-- isso incluía negar-lhes a distribuição gratuita de fraldas e comida para bebês.
É um exemplo de como os residentes de vilas e cidades capturadas por forças russas no leste e sul da Ucrânia tiveram que lidar com mudanças repentinas e às vezes perigosas nas regras e exigências feitas pelos ocupantes.
'Quando pedimos fraldas, os russos nos disseram: 'Se você vier sem certidões de nascimento russas, não lhe daremos fraldas'', afirmou Natalia Lukina, de 42 anos.
A maioria dos pais de crianças pequenas, com pouca renda durante a guerra, aceitava fraldas gratuitas dos russos, disse o parceiro de Lukina, Oleksii Markelov. 'Não havia um centavo de dinheiro.'
A Reuters não pôde confirmar os relatos de forma independente.
O serviço de inteligência da Rússia, que ajuda a impor regras em territórios ocupados na Ucrânia, não respondeu a um pedido de comentário sobre o relato dos moradores.
Lukina se recusou a mudar a certidão de nascimento de sua filha, que nasceu dois meses depois que a Rússia capturou Kherson.
A Reuters viu a documentação ucraniana de Kateryna, carimbada pelo Ministério da Justiça da Ucrânia. O ministério não respondeu a um pedido de comentário sobre a situação em Kherson durante a ocupação russa.
Escrito por Reuters
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