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Mercosul e UE fecham acordo de livre comércio, mas ainda há obstáculos à frente

Placeholder - loading - Ursula von der Leyen com Javier Milei, Luis Lacalle Pou, Lula e Santiago Peña  6/12/2024   REUTERS/Martin Varela Umpierrez
Ursula von der Leyen com Javier Milei, Luis Lacalle Pou, Lula e Santiago Peña 6/12/2024 REUTERS/Martin Varela Umpierrez

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Por Lucinda Elliott, Lisandra Paraguassu e Philip Blenkinsop

MONTEVIDÉU/BRUXELAS, 6 Dez (Reuters) - A União Europeia e o Mercosul conseguiram concretizar nesta sexta-feira um acordo de livre comércio há muito tempo esperado, que agora, no entanto, enfrentará uma batalha tortuosa para aprovação na Europa, onde há forte divisão entre países.

Em um pronunciamento à imprensa em Montevidéu, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e os presidentes dos quatro membros do Mercosul -- Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai -- anunciaram o acordo após 25 anos de negociações, citando a necessidade de livre comércio em face do crescente protecionismo global.

'Esse acordo não é apenas uma oportunidade econômica, é uma necessidade política', disse Von der Leyen. 'Sei que ventos fortes estão vindo na direção oposta, em direção ao isolamento e à fragmentação, mas este acordo é a nossa resposta imediata.'

As autoridades europeias e os defensores do acordo dizem que ele oferece uma maneira de reduzir a dependência do comércio com a China, além de proteger as nações da UE do impacto das prováveis tarifas comerciais ameaçadas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

No entanto, o acordo comercial é apenas o início do que pode ser um longo processo para transformá-lo em realidade. O texto precisa ser legalizado, traduzido e depois aprovado pelos países membros, e pode até ser bloqueado, sendo a França o oponente mais feroz.

Uma breve declaração à imprensa em Montevidéu ressaltou alguns dos desafios. Apenas Von der Leyen e o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, falaram, sem que nenhuma pergunta fosse feita depois. Os presidentes do Brasil, Argentina e Paraguai permaneceram em silêncio.

'Apenas dois dos cinco falaram e nenhuma pergunta foi feita. Isso, por si só, diz muito', disse uma fonte da UE intimamente envolvida nas negociações.

'Saiu, mas saiu, mas por um triz... Pelo menos temos o acordo de associação, o resto continuará acontecendo nos próximos dias', acrescentou.

Com os negociadores correndo contra o tempo e a resistência contra o acordo em casa, Von der Leyen só confirmou de última hora a viagem para a cúpula do Mercosul no Uruguai.

O acordo incluiu emendas sobre contratos de compras públicas, comércio de automóveis e exportações de minerais essenciais em relação a uma versão acordada em 2019. Também foi incluído um anexo sobre medidas ambientais para acalmar os temores sul-americanos sobre o protecionismo da UE.

'Após mais de duas décadas, concluímos as negociações do acordo entre o Mercosul e a União Europeia', escreveu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na rede social X.

O presidente paraguaio, Santiago Peña, reconheceu que o acordo foi um passo importante, mas advertiu que ainda há muito trabalho a ser feito. 'Temos que ser muito realistas, temos um longo caminho a percorrer', disse ele aos líderes do Mercosul durante o encontro em Montevidéu.

OPOSIÇÃO DE AGRICULTORES DA UE

A França, o crítico mais veemente do acordo na UE, classificou-o como 'inaceitável'. Ressaltando os obstáculos que o acordo enfrentará agora, a ministra do Comércio francesa, Sophie Primas, prometeu resistir aos próximos estágios, citando preocupações ambientais e agrícolas.

Os agricultores europeus têm protestado repetidamente contra um acordo entre a UE e o Mercosul que, segundo eles, levaria a importações baratas de commodities sul-americanas, principalmente carne bovina, que, segundo eles, não atendem aos padrões ambientais e de segurança alimentar da UE.

O lobby agrícola europeu Copa-Coge reiterou sua oposição ao acordo na sexta-feira e convocou protestos em Bruxelas.

A Itália disse na quinta-feira que não havia condições para assinar um acordo. A Polônia disse na semana passada que se opunha ao acordo de livre comércio em sua forma atual.

Os grupos verdes europeus também se opõem amplamente ao acordo. O Friends of the Earth chama o acordo de 'destruidor do clima'.

Por outro lado, um grupo de membros da UE, incluindo a Alemanha e a Espanha, afirma que o acordo é vital para o bloco, que busca diversificar seu comércio após o quase fechamento do mercado russo e o desconforto com a dependência da China.

Eles veem o Mercosul como um mercado para carros, máquinas e produtos químicos da UE e uma fonte potencialmente confiável de minerais essenciais, como o lítio para baterias, necessário para a transição verde da Europa.

Eles também apontam para os benefícios agrícolas, já que o acordo oferece maior acesso e tarifas mais baixas para queijos, presunto e vinho da UE.

O acordo comercial exige a aprovação de 15 dos 27 membros da UE, representando 65% da população do bloco, além de uma maioria simples no Parlamento Europeu.

Os negociadores sul-americanos continuam otimistas de que a UE acabará dando sua aprovação e que a França não conseguirá reunir uma minoria de bloqueio.

Escrito por Reuters

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