Últimas tropas francesas deixam Níger com fim de cooperação militar
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NIAMEI (Reuters) - As últimas tropas francesas enviadas ao Níger para ajudar a combater uma insurgência islâmica que já dura uma década no Sahel deixaram o país nesta sexta-feira, selando uma retirada que representa a contínua diminuição da influência da França na África Ocidental.
Os oficiais do Exército que tomaram o poder no Níger em julho fizeram da saída militar da França uma de suas principais exigências, ecoando as juntas militares nos vizinhos Burkina Faso e Mali, que romperam laços de segurança de longa data com as forças francesas após golpes entre 2020 e 2022.
Depois de inicialmente recuar, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse em setembro que 1.500 soldados sairiam do Níger até o final do ano.
A decisão foi tomada após a retirada total do Mali, concluída em agosto de 2022, e o fim da cooperação militar com Burkina Faso em fevereiro, ainda que esses países enfrentassem ataques cada vez piores de insurgentes islâmicos.
Até o golpe, o Níger continuava sendo um parceiro de segurança fundamental da França e dos Estados Unidos, que o usavam como base para ajudar na luta regional contra grupos ligados à Al Qaeda e ao Estado Islâmico, que têm matado milhares de pessoas e deslocado milhões em todo o Sahel e outras regiões.
Um documento que marca o fim oficial do envolvimento militar da França com o Níger foi assinado por ambas as partes na capital Niamei nesta sexta-feira, de acordo com um repórter da Reuters.
Um último grupo de soldados franceses, vestindo fardas e mochilas, embarcou em um avião militar que decolou logo em seguida.
As relações entre o Níger e seu ex-colonizador, a França, pioraram logo após o golpe de julho, quando vários protestos eclodiram em torno da base militar francesa no país. A embaixada francesa também foi atacada.
Seguindo a estratégia das juntas militares de Mali e Burkina Faso, os líderes militares autonomeados do Níger também ordenaram que a polícia expulsasse o embaixador da França.
Fontes diplomáticas disseram nesta semana que a França havia decidido fechar sua embaixada em Niamei por não poder realizar tarefas diplomáticas devido às restrições impostas pela junta militar.
(Reportagem de Boureima Balima)
Escrito por Reuters