Unicef diz que 700 mil crianças no Sudão correm risco de pior forma de desnutrição
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GENEBRA (Reuters) - O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) disse nesta sexta-feira que 700.000 crianças no Sudão provavelmente sofrerão da pior forma de desnutrição neste ano, com dezenas de milhares em risco de morte.
Uma guerra de 10 meses no Sudão entre suas Forças Armadas e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF) tem devastado a infraestrutura, provocado alertas de fome e deslocado milhões de pessoas dentro e fora do país.
'As consequências dos últimos 300 dias significam que mais de 700.000 crianças provavelmente sofrerão com a forma mais mortal de desnutrição este ano', disse James Elder, porta-voz do Unicef, em uma coletiva de imprensa em Genebra.
'O Unicef não será capaz de tratar mais de 300.000 dessas crianças sem um melhor acesso e sem apoio adicional. Nesse caso, dezenas de milhares provavelmente morreriam.'
Elder definiu a forma mais perigosa de desnutrição como desnutrição aguda grave, que faz com que uma criança tenha 10 vezes mais chances de morrer de doenças como cólera e malária. Ele disse que a projeção é de que 3,5 milhões de crianças sofram de desnutrição aguda.
O Unicef fornece ao Sudão 'alimentos terapêuticos prontos para uso', um item alimentar que salva vidas e que trata a desnutrição grave em crianças com menos de cinco anos de idade.
O Unicef está solicitando 840 milhões de dólares para ajudar pouco mais de 7,5 milhões de crianças no Sudão neste ano, mas Elder lamentou a falta de fundos coletados em pedidos anteriores.
'Apesar da magnitude das necessidades, no ano passado, o financiamento que o Unicef buscava para quase três quartos das crianças no Sudão não foi disponibilizado', disse Elder.
Na quarta-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu aos países que não se esqueçam dos civis envolvidos na guerra no Sudão, solicitando 4,1 bilhões de dólares para atender às suas necessidades humanitárias e apoiar aqueles que fugiram para países vizinhos.
Metade da população do Sudão -- cerca de 25 milhões de pessoas -- precisa de assistência humanitária e proteção, enquanto mais de 1,5 milhão de pessoas fugiram para República Centro-Africana, Chade, Egito, Etiópia e Sudão do Sul, de acordo com a ONU.
(Por Gabrielle Tétrault-Farber)
Escrito por Reuters
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