Vaticano expressa “vergonha e tristeza” por relatório dos EUA sobre abusos sexuais
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Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O Vaticano, em sua primeira resposta a um relatório condenatório de um grande júri nos Estados Unidos sobre abusos sexuais de crianças cometidos por padres na Pensilvânia, expressou nesta quinta-feira “vergonha e tristeza”.
O grande júri divulgou na terça-feira as descobertas da maior investigação até hoje em torno de abusos sexuais na Igreja Católica dos EUA, entendendo que 301 padres no Estado abusaram sexualmente de menores de idade durante os últimos 70 anos.
Em comunicado, o porta-voz do Vaticano, Greg Burke, também disse que a Igreja Católica “precisa aprender duras lições a partir de seu passado” e que o Vaticano prometeu responsabilizar abusadores e facilitadores.
O comunicado destacou a “necessidade de obedecer” a lei civil, incluindo notificações obrigatórias de abusos contra menores e informou que o papa Francisco entende como “estes crimes podem abalar a fé e o espírito de fiéis” e que deseja “eliminar este horror trágico”.
Mais cedo nesta quinta-feira, bispos da Igreja Católica Romana dos EUA pediram uma investigação liderada pelo Vaticano e apoiada por investigadores leigos sobre acusações de abusos sexuais cometidos pelo ex-cardeal Theodore McCarrick, de Washington, e que renunciou no mês passado.
“Independentemente dos detalhes que podem surgir a respeito do arcebispo McCarrick ou dos muitos abusos na Pensilvânia (ou em qualquer outro lugar), nós já sabemos que uma causa inicial é o fracasso da liderança episcopal”, disse o cardeal Daniel DiNardo, presidente da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos, em comunicado.
O grupo informou que irá criar uma nova maneira para que vítimas de abusos sexuais cometidos clérigos relatem acusações e para que estas acusações sejam investigadas sem interferências de bispos que supervisionam padres acusados de abusos sexuais.
O relato do grande júri na Pensilvânia de terça-feira é a turbulência mais recente em um escândalo que irrompeu ao cenário global em 2002, quando o Boston Globe relatou que durante décadas padres haviam abusado sexualmente de menores enquanto líderes da Igreja acobertavam os crimes.
Relatos similares desde então surgiram na Europa, na Austrália e no Chile, gerando processos judiciais, levando dioceses à falência e enfraquecendo a autoridade moral da liderança da Igreja Católica, que possui cerca de 1,2 bilhão de membros ao redor do mundo.
Um proeminente grupo católico, que foi formado para impulsionar as vozes de paroquianos após o escândalo de abusos surgir, expressou preocupação sobre como o processo de relatos de novos abusos irá funcionar.
“Eu levo tudo de forma cética, mas esta é a afirmação mais forte que posso lembrar envolvendo leigos e aplicação da lei”, disse Nick Ingala, porta-voz do grupo Voice of the Faithful, em entrevista por telefone.
Ele disse que será essencial que qualquer novo processo de revisão seja independente de influência do clero, mas acrescentou: “Eu não sei como eles irão resolver isto”.
McCarrick se tornou no mês passado o primeiro cardeal a perder seu chapéu vermelho e título. Outros cardeais que foram disciplinados em escândalos de abusos sexuais mantiveram o honorífico “Vossa Eminência”.
O Vaticano ainda não comentou publicamente sobre o relato do grande júri da Pensilvânia. A prática de rotina do Vaticano é deixar tal comentário para organizações nacionais de bispos.
Escrito por Thomson Reuters
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