Vítimas de protestos no Peru enfrentaram preconceito racial das forças de segurança, diz Anistia
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Por Marco Aquino
LIMA (Reuters) - A Anistia Internacional disse nesta quinta-feira que a maioria dos mortos em protestos recentes no Peru veio de grupos indígenas, o que, segundo o grupo de direitos humanos, sugere um 'viés racial' por parte da polícia e dos militares.
A secretária-geral da Anistia Internacional, Agnès Callamard, disse que, apesar dos esforços do governo para retratar as vítimas 'como terroristas ou criminosos', a maioria dos mortos eram manifestantes e transeuntes.
'Quase todos eles vieram de origens pobres, indígenas e camponesas, sugerindo um viés racial e socioeconômico no uso de força letal', disse Callamard em coletiva de imprensa em Lima após a publicação de um relatório da organização nesta quinta-feira sobre a atuação das forças de segurança durante os protestos.
O Peru enfrentou ondas de protestos entre dezembro e fevereiro após a destituição e prisão do ex-presidente Pedro Castillo, que tentou ilegalmente fechar o Congresso e governar por decreto. Cerca de 49 civis morreram em confrontos com policiais e militares, segundo dados da Ouvidoria do país.
Os manifestantes exigiam a renúncia da sucessora de Castillo, a presidente Dina Boluarte, bem como o fechamento do Congresso, eleições antecipadas e uma nova constituição. Os líderes dos protestos anunciaram planos para retomar os protestos contra o governo em junho.
Boluarte nega abusos pelas forças de segurança. Ela está sendo investigada pelo gabinete do procurador-geral por 'genocídio, homicídio e lesões graves' e está agendada para testemunhar na investigação preliminar do procurador-geral peruano em 31 de maio.
A assessoria de imprensa da presidente se recusou a comentar o relatório da Anistia.
A Anistia destacou que houve uma morte em Lima, onde ocorreram os maiores protestos e 20% se identificam como indígenas; enquanto em Ayacucho, onde 82% são indígenas, 10 pessoas foram mortas.
As famílias dos mortos vêm exigindo justiça das autoridades há meses.
Escrito por Reuters
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