Viúva de Navalny retoma convocação para grande protesto no dia das eleições russas
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Por Mark Trevelyan
LONDRES (Reuters) - A viúva do líder da oposição russa Alexei Navalny disse nesta quarta-feira que a escala de apoio público a ele desde sua morte era prova de que sua causa continua viva e convocou um protesto maciço no dia da eleição contra o presidente Vladimir Putin.
Em um vídeo publicado no YouTube, Yulia Navalnaya afirmou que tinha esperança nas enormes multidões que compareceram na semana passada para o funeral de seu marido, que morreu em uma colônia penal no Ártico em 16 de fevereiro. Desde seu enterro, os apoiadores submergiram seu túmulo em um mar de flores.
'Olhando para vocês, estou convencida de que tudo não é em vão, e esse pensamento me dá força', disse ela.
'Agora todos vocês sabem que somos muitos, todos aqueles que amam e apoiam Alexei, que compartilham suas ideias e, enquanto tivermos uns aos outros, isso não vai acabar.'
Navalny, em uma de suas últimas mensagens públicas, conclamou as pessoas a protestarem contra Putin votando em massa ao meio-dia, horário local, na eleição presidencial de 17 de março, formando grandes multidões e lotando as seções eleitorais.
Navalnaya retomou o apelo de seu marido.
'Essa é uma ação muito simples e segura, não pode ser proibida e ajudará milhões de pessoas a verem pessoas com a mesma opinião e a perceberem que não estão sozinhas', disse ela. 'Estamos cercados por pessoas que também são contra a guerra, contra a corrupção e contra a ilegalidade.'
Os riscos são altos tanto para a oposição quanto para o Kremlin.
Se a ação 'Meio-dia contra Putin' fracassar, será um golpe para as esperanças de Navalnaya de assumir o manto de seu marido, mesmo estando fora da Rússia, e mostrar que a oposição ao Kremlin ainda está viva.
Mas se as pessoas atenderem ao chamado, isso poderá se transformar em um grande protesto contínuo nos 11 fusos horários da Rússia e representar um dilema para as autoridades, já que a polícia não teria nenhuma base legal óbvia para dispersar as pessoas que estão na fila para votar.
Putin, no poder desde o último dia de 1999 como presidente ou primeiro-ministro, tem a garantia de ganhar mais seis anos no poder. Dois possíveis concorrentes que se manifestaram contra a guerra na Ucrânia foram desqualificados da eleição por motivos técnicos e nenhum dos três candidatos restantes é crítico de Putin. O Kremlin afirma que ele vencerá porque conta com apoio genuíno em todo o país, com índices de pesquisas de opinião em torno de 80%.
Escrito por Reuters
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