Viva à ciência: 3 notícias boas sobre o tratamento do câncer
A revolução tecnológica tem tido um efeito incrível na saúde
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Falamos todos os dias sobre o avanço das tecnologias e como isso pode ser prejudicial em tantos âmbitos de nossas vidas. Mas muitas vezes nos esquecemos da tamanha aliada que a tecnologia pode ser, principalmente na saúde.
Com tantas novidades tecnológicas e farmacêuticas, é possível notar descobertas muito positivas para o tratamento do câncer. Mas o que chama mais atenção são os medicamentos já conhecidos que receberam destaque no principal congresso científico sobre câncer.
As principais novidades reforçam que um dos maiores desafios dos especialistas é a organização do que eles chamam de "trajetória terapêutica", ou qual o momento certo de usar cada um dos recursos disponíveis, sejam eles cirurgias ou medicações.
As pesquisas apresentadas no congresso propõem abordagens diferentes para lidar com o câncer de esôfago e o melanoma, além de apresentarem soluções para algumas demandas não atendidas de quem tem câncer de pulmão. Também deram bastante atenção para os cuidados paliativos e até para o câncer de pênis, um assunto que ainda é circulado por tabu.
Câncer de esôfago
O câncer de esôfago é um dos mais comuns, são aproximadamente 10.990 casos e 8.430 mortes por câncer de esôfago todos os anos no Brasil.
Nesse tipo de câncer, a ordem das terapias foi muito abordada, por fazer maior diferença na melhora do paciente.
Existem dois pólos diferentes de pensamento em relação a isso. Alguns profissionais acreditam que a melhor forma de tratamento prioriza as sessões de químio e radioterapia antes de submeter o paciente a uma cirurgia para remover o tumor. Do outro lado estão especialistas que pensam que a melhor alternativa é fazer as sessões de quimioterapia antes e depois da remoção do tumor.
Essa era uma questão não resolvida, então a escolha dependia do profissional. Mas a dúvida foi sanada.
Um grupo de pesquisadores alemães compararam as duas abordagens e descobriram que a segunda forma de tratamento, chamada de perioperatório, apresenta uma grande vantagem. Os pacientes submetidos a essa forma obtiveram uma sobrevida de em média 66 meses, enquanto os tratados da primeira maneira tiveram apenas 37 meses. Essa diferença é de quase 2 anos.
A partir desse estudo, a abordagem perioperatória passa a ser a principal escolha dos médicos quando a doença já cresceu, mas ainda não se espalhou para outras partes do corpo.
Melanoma
O melanoma é um tipo de câncer de pele menos comum, mas que tem uma taxa de mortalidade bem alta. São aproximadamente 8.980 casos e 1.832 mortes por melanoma todos os anos no Brasil. Em relação a ele, também foi concluído que a ordem do tratamento tem um papel importante.
A dúvida nesse caso era se o tratamento medicamentoso em casos que ainda permitem cirurgia deve ser feito antes ou depois da remoção dos gânglios.
Para resolver a questão, pesquisadores de instituições holandesas dividiram 423 pacientes em dois grupos. O primeiro grupo recebeu dois ciclos de dois remédios imunoterápicos e depois fez a cirurgia. Depois disso, os pacientes que responderam bem ao processo não precisaram passar por outras intervenções.
No entanto, os que não apresentaram tanta melhora foram submetidos a outros ciclos de medicação, o que dependeria do perfil genético do paciente.
O segundo grupo observado realizou o tratamento padrão, que consiste em passar pela cirurgia primeiro e então receber 12 ciclos mensais de medicação.
Depois de 12 meses de acompanhamento, os especialistas notaram que a taxa de sobrevida foi superior no primeiro grupo de pacientes, com 83,7%, enquanto o segundo apresentou 57,2% de sobrevida.
Ou seja, a resposta para a grande pergunta foi encontrada. Os resultados reforçaram que realizar as sessões de imunoterapia antes da cirurgia é mais positivo.
Câncer de pulmão
O câncer de pulmão é um dos mais recorrentes no Brasil. Estima-se que haja 32.560 casos e 28.868 mortes por câncer de pulmão todos os anos no país. Esse também é uma forma complicada da doença.
Pessoas diagnosticadas com o tipo mais comum do câncer de pulmão, em grau 3, não podem mais passar por uma cirurgia curativa. Nesses casos, o tratamento consiste em sessões de quimio e radioterapia.
Por conta da falta de opções de tratamentos, estudos para melhorar a condição dos pacientes são feitos com uma certa frequência. Em 2017, foi descoberto que acrescentar imunoterápicos ao processo aumenta significativamente o tempo de sobrevida do paciente. A partir disso, a combinação de quimio, radio e imunoterapia se tornou o esquema padrão.
A imunoterapia é um tipo de tratamento mais recente, que não ataca diretamente o tumor, mas que estimula o sistema imunológico do paciente a identificar as células doentes e destruí-las.
No entanto, de acordo com profissionais, ainda há um grupo menor de pacientes que não se beneficia da imunoterapia, porque eles apresentam resultados muito parecidos a quem tomou placebo.
Portanto, foi apresentado um estudo no congresso para procurar saídas. Os pesquisadores avaliaram se um remédio da farmacêutica AstraZeneca poderia aumentar o tempo de vida desses pacientes.
Os resultados foram bastante positivos. No grupo que recebeu a medicação, o tempo de sobrevida da doença foi de 39,1 meses, enquanto para os que tomaram placebo, essa taxa ficou em 5,6 meses.
Claro que são excelentes números, mas nem todas as dúvidas foram respondidas. Com essa nova possibilidade, ainda é preciso saber se é melhor usar a medicação imediatamente depois do tratamento inicial ou apenas quando a doença progredir.
Outro estudo apresentado no congresso foi feito por um grupo de especialistas americanos que avaliou a eficácia de teleconsultas de cuidados paliativos para pacientes com câncer de pulmão avançado. O objetivo dos cientistas era saber se os efeitos da consulta à distância seriam piores, iguais ou melhores.
E o resultado foi surpreendente. Os profissionais concluíram que essas consultas não são piores do que as avaliações presenciais e, em alguns casos, podem até ser melhores. Esse tipo de programa pode inclusive ser uma ótima saída para quem não tem fácil acesso à clínicas e hospitais.
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