Alckmin exalta Lula em filiação ao PSB e diz esperar vitória do petista em outubro
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Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Ao assinar a ficha de filiação no PSB, nesta quarta-feira, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, assumiu o papel de candidato a vice na chapa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo sem ter em nenhum momento admitido o acordo, e exaltou o futuro companheiro de chapa em várias oportunidades.
'Quero cumprimentar o PSB pela decisão de apoiar o presidente Lula para presidente da República', disse Alckmin, arrancando aplausos dos presentes na sede da Fundação João Mangabeira, em Brasília, onde ocorreu a cerimônia. 'Ele é hoje aquele que melhor reflete, interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro. Aliás, ele representa a própria democracia, porque ele é fruto da democracia.'
Recém-desfiliado do PSDB, partido que ajudou a fundar e por onde atuou por 33 anos, Alckmin foi adversário de Lula na eleição presidencial de 2006, sendo derrotado pelo petista no segundo turno, e teve o PT na oposição nos quatro mandatos em que governou São Paulo.
Apesar de historicamente atuar em lado oposto a Lula e ao PT, Alckmin disse que, mesmo com divergências, os dois nunca colocaram em questão a democracia.
'Eu disputei com o presidente Lula a eleição de 2006, fomos para o segundo turno, mas nunca colocamos em risco a questão democrática. Nunca! O debate era de outro nível, nunca se questionou a democracia', disse.
'Não tenho dúvida que o presidente Lula, se Deus quiser eleito, vai reinserir o Brasil no cenário mundial, vai alargar o horizonte do desenvolvimento econômico e vai diminuir essa triste diferença social que nós temos no país', acrescentou.
Depois da cerimônia, que reuniu nomes graúdos do PT e do PSB em Brasília, o governador, em entrevista coletiva, voltou a falar como futuro vice. Ao ser perguntado como iria colaborar na campanha e em um possível mandato, disse que sabe dos limites da competência e da responsabilidade da tarefa de vice-presidente, mas que sua disposição é ajudar.
'As tarefas não são fáceis. Lula tem pé no chão. Ele tem colocado que é necessário uma aliança para vencer a eleição e também para governar', disse.
Com dificuldades de ter espaço no PSDB, diante do controle do governador de São Paulo, João Doria, sobre o diretório estadual, Alckmin deixou o partido em dezembro, depois de tentar ajudar a derrotar Doria nas prévias. Sua saída, no entanto, já estava acertada há algum tempo, e suas conversas para ocupar o lugar de vice de Lula já haviam começado.
Ao se filiar ao PSB, Alckmin trouxe com ele hoje o ex-deputado federal Floriano Pesaro e o ex-presidente do PSDB em São Paulo Pedro Tobias. Também se filiaram dois ex-tucanos, o vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão, e o senador Dário Berger (SC), que planejam ser candidatos aos governos estaduais.
O movimento de tucanos em São Paulo atrás de Alckmin foi pequeno, mas o ex-governador diz ver um crescente apoio a seu movimento entre seus apoiadores.
'Política é convencimento. Naturalmente muitos vêem com entusiasmo, outros vamos conquistando. É uma tarefa', disse. 'Eu fiquei esse tempo todo sem falar aguardando o momento adequado. Agora vamos começar a viajar e explicar, convencer, de maneira respeitosa, mas mostrando a realidade que estamos vivendo e o risco que a política brasileira está correndo.'
Mais de uma vez, o ex-governador frisou, em suas falas, que o Brasil vive 'um momento excepcional', e se disse convencido que Lula é o melhor candidato.
'Temos que ter os olhos abertos para enxergar que ele (Lula) é hoje o que melhor interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro. Ele é o que melhor representa a democracia', defendeu. 'Não tenho dúvida que o presidente Lula, se Deus quiser, será eleito e vai reinserir o Brasil no cenário mundial vai alargar o horizonte do desenvolvimento econômico e diminuir essa imensa diferença social.'
O ex-tucano deve ser anunciado em breve candidato a vice. O movimento, uma demonstração de Lula da necessidade de se aproximar do centro para vencer a eleição, enfrenta alguma resistência de alas mais à esquerda do PT, mas está consolidado dentro do partido porque é uma decisão do ex-presidente.
Quando será o anúncio oficial, no entanto, ainda não está decidido. 'Chapa é mais para frente', disse Alckmin, frisando que ainda não tem uma data para a conversa definitiva com Lula.
Petistas ouvidos pela Reuters afirmam que a data do lançamento da pré-candidatura de Lula não está fechada, mas deve ser em algum dia entre o dia 30 de abril e 3 de maio, em São Paulo. De acordo com o deputado José Guimarães, a intenção é apresentar já a chapa completa, Lula-Alckmin.
Já a presidente do partido, Gleisi Hoffman, explica que a decisão sobre a data deverá ser tomada apenas na próxima semana.
Escrito por Reuters
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