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Aliados da Otan descartam envio de tropas para Ucrânia e Rússia repreende Macron

Placeholder - loading - Militares ucranianos lançaram obuseiros autopropelidos em direção às tropas russas na linha de frente perto da cidade de Chasiv Yar 22/02/2024 REUTERS/Inna Varenytsia
Militares ucranianos lançaram obuseiros autopropelidos em direção às tropas russas na linha de frente perto da cidade de Chasiv Yar 22/02/2024 REUTERS/Inna Varenytsia

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Por Andreas Rinke e Guy Faulconbridge

BERLIM/MOSCOU (Reuters) - Os Estados Unidos e os principais aliados europeus afirmaram nesta terça-feira que não têm planos de enviar tropas terrestres para a Ucrânia, depois que a França insinuou essa possibilidade, e o Kremlin advertiu que qualquer medida desse tipo levaria inevitavelmente a um conflito entre a Rússia e a Otan.

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse na segunda-feira que os aliados ocidentais não devem excluir nenhuma opção na tentativa de evitar uma vitória russa na Ucrânia, embora tenha enfatizado que não havia consenso nesse estágio.

Seus comentários, feitos em uma reunião de líderes europeus convocada às pressas em Paris sobre formas de aumentar o apoio a Kiev, ocorrem em meio as ganhos no campo de batalha das forças do presidente russo, Vladimir Putin, no leste da Ucrânia e à crescente escassez de munição e de tropas do lado ucraniano.

No entanto, Alemanha, Reino Unido, Espanha, Polônia e República Tcheca se distanciaram de qualquer sugestão de que poderiam enviar tropas terrestres para a guerra na Ucrânia, agora em seu terceiro ano.

'Não haverá tropas, nem soldados em solo ucraniano enviados por países europeus ou Estados da Otan', disse o chanceler alemão, Olaf Scholz, nesta terça-feira.

O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, foi igualmente inflexível.

'O uso de tropas no solo não é uma opção para a Alemanha', disse Pistorius aos repórteres durante uma visita a Viena.

Mais tarde, a Casa Branca reiterou que também não pretende enviar tropas, tendo, em vez disso, exortado os parlamentares norte-americanos a aprovarem um projeto de lei de ajuda à segurança, que se encontrava bloqueado, para garantir que as tropas ucranianas recebessem as armas e munições necessárias para continuarem a lutar.

Buscando esclarecer os comentários de Macron, o ministro das Relações Exteriores da França, Stéphane Séjourné, disse nesta terça-feira que o presidente tinha em mente o envio de tropas para tarefas específicas, como ajudar na remoção de minas, produção de armas no local e defesa cibernética.

'Isso poderia exigir uma presença (militar) no território ucraniano, sem cruzar o limiar do combate', disse Séjourné aos parlamentares franceses.

O ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, saudou o esforço de Macron para que os aliados se concentrem mais em como ajudar Kiev. 'Tempos como este exigem liderança política, ambição e coragem para pensar fora da caixa', disse ele em um post no X.

Scholz disse que os líderes europeus agora parecem dispostos, após as conversas de segunda-feira, a adquirir armas de países fora da Europa como uma forma de acelerar a ajuda militar à Ucrânia.

A Alemanha se tornou o segundo maior fornecedor de ajuda militar a Kiev desde que a Rússia lançou sua invasão total da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, mas é extremamente cautelosa com medidas que levariam a aliança da Otan a um conflito direto com a Rússia.

REPREENSÃO DA RÚSSIA

Em Moscou, o Kremlin emitiu uma advertência imediata sobre o que estava em jogo.

'O próprio fato de discutir a possibilidade de enviar certos contingentes dos países da Otan para a Ucrânia é um novo elemento muito importante', disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos repórteres quando perguntado sobre as falas de Macron.

Questionado pelos repórteres sobre quais seriam os riscos de um conflito direto entre a Rússia e a Otan se os membros da Otan enviassem seus soldados para lutar na Ucrânia, Peskov afirmou:

'Nesse caso, precisaríamos falar não sobre a probabilidade, mas sobre a inevitabilidade (de um conflito direto).'

A Rússia e os Estados Unidos -- a grande potência por trás da Otan -- têm os maiores arsenais de armas nucleares do mundo. O presidente norte-americano, Joe Biden, tem advertido que um conflito entre a Rússia e a Otan poderia desencadear a Terceira Guerra Mundial.

A possibilidade de tropas alemãs, especificamente, serem enviadas para o território ex-soviético é extremamente sensível para a Rússia, cuja resistência feroz à invasão de Hitler durante a Segunda Guerra Mundial é parte integrante da identidade nacional. Putin chegou a classificar as ações da Rússia na Ucrânia como uma luta contra os 'nazistas', uma postura que Kiev e o Ocidente consideram cínica e absurda.

Uma autoridade ucraniana elogiou a decisão de Macron de levantar a possibilidade de enviar tropas ocidentais para o seu país.

'Isto demonstra, em primeiro lugar, uma consciência absoluta dos riscos que uma Rússia militarista e agressiva representa para a Europa', afirmou o conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak, num comentário escrito sobre a declaração de Macron.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, intensificou seu lobby junto aos governos europeus para obter mais projéteis de artilharia e armas de maior alcance. No entanto, as disputas políticas em Washington bloquearam a ajuda dos EUA, no valor de 61 bilhões de dólares, que é extremamente necessária.

A República Tcheca anunciou este mês planos, apoiados por Canadá, Dinamarca e outros, para financiar a compra rápida de centenas de milhares de cartuchos de munição de outros países para enviar à Ucrânia.

(Reportagem de repórteres da Reuters em Moscou, Berlim, Paris, Londres, Madri e Praga)

Escrito por Reuters

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