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BC não vê risco relevante para estabilidade financeira, mas destaca efeito de juros altos e cenário externo arisco

Placeholder - loading - Sede do Banco Central em Brasília 14/02/2023. REUTERS/Adriano Machado
Sede do Banco Central em Brasília 14/02/2023. REUTERS/Adriano Machado

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SÃO PAULO (Reuters) - O Banco Central não vê riscos relevantes para a estabilidade financeira, num cenário de capitalização, liquidez e provisões adequadas, mas destacou em um relatório semestral os efeitos dos juros altos sobre o crédito, bem como um 'grau de incerteza elevado' no ambiente internacional.

Em seu Relatório de Estabilidade Financeira, publicado nesta quinta-feira, o BC disse considerar que 'não há risco relevante para a estabilidade financeira', com testes de estresse de capital e de liquidez demonstrando 'robustez' do sistema bancário.

'A expectativa é positiva para os próximos trimestres em razão da qualidade das novas concessões, da redução das estimativas de perdas com crédito e da gradual flexibilização monetária', avaliou a autarquia no documento, enfatizando que o sistema bancário permanece com liquidez confortável, enquanto a base de capital segue sólida e a estrutura de capital está mais homogênea entre os segmentos de credores.

Segundo o BC, o mercado financeiro também percebe um sistema financeiro resiliente, já que 'agentes do mercado financeiro reduziram suas percepções de risco, principalmente em relação aos riscos fiscais e ao cenário internacional'.

No entanto, permanece um 'elevado grau de incerteza sobre as perspectivas de crescimento da economia global', alertou a autoridade monetária, chamando a atenção também para o risco de que os bancos centrais das principais economias elevem ainda mais os juros ou mantenham suas taxas em patamares mais altos por mais tempo.

Além disso, no cenário doméstico, 'o financiamento à economia real permaneceu desacelerando, em linha com o ciclo de política monetária e com a percepção de risco de crédito', disse o BC.

'O contexto de elevado endividamento continua se manifestando na materialização de risco de crédito. A inadimplência e a carteira considerada de maior risco permanecem aumentando no crédito para micro e pequenas empresas, e, em menor grau, no crédito às famílias', acrescentou a autarquia no documento.

Nesse cenário, as instituições financeiras reduziram o apetite por risco, avaliou o BC, destacando que os critérios de concessão de crédito às famílias se tornaram mais restritivos em função de perdas recentes.

Por outro lado, as provisões aumentaram e permanecem acima das perdas esperadas, o que, segundo o BC, 'manteve o grau de provisionamento confortável para suportar as perdas esperadas com crédito'.

O Banco Central manteve a taxa Selic no nível elevado de 13,75% por cerca de um ano --aperto monetário que ainda está exercendo efeitos defasados sobre a economia. Em agosto passado, a autarquia iniciou um ciclo de cortes de juros que deixa a Selic em 12,25% atualmente, nível que ainda é restritivo à atividade do país e ao crédito.

(Por Luana Maria Benedito)

Escrito por Reuters

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