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Billy Joel: A Diferença entre um Hit e uma Obra-Prima Atemporal

O Piano Man, que hoje completa 75 anos, possuía uma forma diferenciada e louvável de composição musical

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Que Billy Joel é um verdadeiro ícone da música mundial, é fato consumado. Mas pouco se fala sobre a maneira que ele compõe. Ela explica porque, para aqueles que conhecem bem sua obra, as músicas favoritas podem ser muito variadas. Isso é algo que o diferencia de outros artistas, já que normalmente as músicas preferidas do público em geral são os grandes sucessos.

Na indústria musical, muitos compositores falam sobre seu processo criativo como se as músicas surgissem facilmente, como se caíssem do céu. Paul McCartney, por exemplo, disse que músicas como "Let it be" e "Yesterday" vieram a ele em um sonho. Já Freddie Mercury escreveu "Crazy Little Thing Called Love" em apenas dez minutos.

Em geral, esse não era o caso para Billy Joel. Para ele, escrever canções era um trabalho árduo. Certa vez, o artista descreveu o ato como a sensação de “arrancar dentes” e, por ser tão difícil, ele procrastinava muito.

"Eu costumo adiar a parte da composição o máximo que posso", disse Joel, em 1991, no Melbourne Music Festival.

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Os processos de Billy Joel requerem disciplina, foco e muito tempo, mas isso não significa que os resultados de seu trabalho fossem demasiadamente complicados. Na verdade, ele sempre encontrou formas de deixá-los simples. Apesar de possuir uma qualidade altíssima, as suas melodias são inesquecíveis e as letras contam uma história tão clara que pintam uma imagem na mente de quem as escuta.

Essa mistura de disciplina e simplicidade tem uma origem: as influências que recebeu na infância e juventude. Quando ele era mais novo, Billy fez aulas de piano clássico, e nesse momento nasceu o amor pela música clássica que duraria por toda a sua vida.

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Billy Joel tocando piano para a sua filha, em 1988

O showman até chegou a usar a melodia de uma sonata de Beethoven em sua música “This Night”. Ademais, ao fim de sua carreira, ele lançou um álbum de suas próprias composições clássicas – Fantasies & Delusions (Opus 1-10 Music for Solo Piano). No entanto, quando se escuta a música dele, esse background clássico não é tão evidente.

Seu som é enraizado em diversos gêneros – rock and roll, blues e jazz, principalmente, e ele explorava todos esses estilos de forma intensa em seus álbuns. No disco que o consagrou como um artista renomado, “The Stranger” (1977), há uma fusão inovadora de gêneros musicais, combinando elementos de rock, pop, soul, jazz e até mesmo música clássica. Essa mistura eclética cria uma sonoridade única e original que o torna um álbum difícil de categorizar. A versatilidade musical de Billy Joel se manifesta em canções como "Movin' Out (Anthony's Song)", com seu piano clássico e vocal poderoso, e "Scenes from an Italian Restaurant", com seu ritmo contagiante e instrumentação vibrante.


Não importa o que seja acrescentado durante a produção, os elementos básicos de melodia, harmonia e ritmo estão presentes em todas as suas músicas. Portanto, todos esses aspectos explicam muito bem como Billy Joel escreve música, mas não explica porque as suas melhores canções são as obscuras – as faixas “comuns” de álbum.

É aqui que se vê uma diferença entre Billy Joel e outros compositores. Há uma ideia comum de que um artista tem uma ou duas músicas de sucesso e o restante das faixas do álbum é apenas um mero preenchimento, principalmente na forma como a indústria musical concebe seus lançamentos atualmente.

Billy Joel, definitivamente, não se enquadra nessa categoria. Basta ouvir qualquer um de seus discos para perceber como estão repletos de ótimas músicas. Talvez nem todas sejam adequadas como sucessos, mas não era esse o objetivo dele, como se pode ver de forma clara em seus primeiros discos. Seus quatro primeiros álbuns contém ótimas músicas, como “She's Got a Way”, “New York State of Mind”, “Summer”, “Highland Falls", entre muitas outras.

Apesar de serem músicas muito bem feitas, não são sucessos que tocam no rádio com frequência. Portanto, diferentemente de outros artistas que produziram um hit ou dois, Billy compôs inúmeras músicas ímpares, e teve dificuldade de se destacar com um grande sucesso.

Em 1977, depois de já ter feito sucesso com a música “Piano Man”, ele lançou seu quinto e melhor álbum, The Stranger. A faixa “Just the Way You Are” se saiu muito bem nas rádios e ganhou o Grammy por Gravação do Ano.


O que torna um disco de Billy Joel único é o fato de ele nunca ter tido uma lista claramente definida de singles de sucesso. Em vez disso, todas as músicas eram criadas com o mesmo processo de disciplina.

“It’s Still Rock and Roll To Me”, do álbum Glass Houses (1980), tornou-se seu primeiro single número um (nos Estados Unidos) e ele conseguiu o mesmo feito com "We Didn't Start the Fire" e "Tell Her About It". Apenas três singles número um de um dos maiores compositores estadunidenses. No Reino Unido, ele teve apenas um hit número um: Uptown Girl.

Para muitos compositores, há um objetivo de criar hits, e a inspiração instantânea pode funcionar em alguns casos, porém o que acontece quando ela não surge? O resultado pode ser um ou outro sucesso ocasional, mas um catálogo musical sem a mesma força e consistência.

Billy Joel, por outro lado, trilhou um caminho diferente.

Analisando a grande maioria de suas músicas, pode-se perceber que, mesmo não sendo as favoritas de todos, é difícil imaginar que elas poderiam ser melhores. A perfeição da melodia, a riqueza dos arranjos, a poesia das letras - tudo isso é fruto do trabalho árduo e da paixão de Joel pela música.

Ao contrário de esperar por uma inspiração fugaz, Billy Joel escolheu controlar seu destino musical. Ele moldou cada ideia, cada melodia, até transformá-la em sua melhor forma possível. Essa dedicação resultou em um legado musical sólido e duradouro, que demonstra todo o seu talento e maestria.

Por isso, ele tem um catálogo de músicas que realmente o consagra como um dos maiores compositores do século XX. Ao observar a setlist de Billy Joel, a grande maioria das canções são clássicos absolutos e adorados por todos na plateia. E são essas músicas, mais do que alguns sucessos, que realmente resistirão ao teste do tempo, tornando o showman capaz de continuar encantando e emocionando gerações de fãs.


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