Como Carole King moldou a música popular americana nos bastidores e no palco

Descrita por James Taylor como o perfeito exemplo de uma escritora e artista, Carole King se tornou uma das figuras mais icônicas na história da música popular pelas suas excepcionais composições e vocais, que reverberam sua influência no gênero até hoje. A lendária musicista também traz uma história inspiradora para as mulheres, já que todo seu sucesso se deu em uma época quando os homens dominavam a indústria. Ela conseguiu perseverar independente de todas as experiências relatadas por ela de assédio sexual e discriminação na indústria, preparando o caminho para as futuras gerações de mulheres do ramo. Nesta sexta-feira (9) é dia de celebrar seus 82 anos e todo seu legado!

Além de crescer em Nova Iorque, uma cidade repleta de diferentes culturas, sua mãe, Mrs. Klein, sempre fez questão de que Carole fosse imersa em boa música e teatro. A garota já mostrava entusiasmo para a música e uma noção incomum de tom para uma criança. Aos 4 anos, começou a estudar piano, teoria musical e harmonia com sua mãe, e logo começou a escrever suas próprias músicas. Ao completar apenas 15 anos, ela fez uma audição para a ABC Paramount Records e foi contratada pelo produtor Don Costa, conhecido pelo seu trabalho com Frank Sinatra.

Apesar de já ter produzido alguns singles, Carole não teve sucesso imediato. Então, ela continuou a escrever e aprender sobre a indústria musical. Mas tudo mudou aos seus 16 anos, quando entrou no Queens College. Na época, ela conheceu o então aspirante a letrista Gerry Goffin, com quem casou-se, e teve sua primeira filha, Louise. O casal abandonou a faculdade e começou a trabalhar em empregos comuns durante o dia para poderem escrever suas músicas à noite.

Seu primeiro sucesso de venda que alcançou número 1 no top Billboard 100 foi “Will You Love Me Tomorrow”, gravado em 1960 por The Shirelles. O single representou mais que números, ele também foi o primeiro de um grupo composto apenas por mulheres negras que alcançou este marco. E isso levou os ainda adolescentes Gerry e Carole a abandonarem seus empregos e se tornarem compositores em tempo integral.

Foi então que eles se tornaram parte do subgênero do Pop chamado Brill Building - nomeado em homenagem ao prédio de Nova Iorque onde moravam vários escritores durante o início dos anos 60. E daí em diante, King e Goffin colecionam mais de 100 hits escritos por eles, incluindo “Take Good Care of My Baby” (1961) de Bobby Vee, “The Loco-Motion” (1962) de Little Eva e “Pleasant Valley Sunday” (1967) de The Monkees.

Nessa época, Carole mal sabia como seu sucesso ainda ia crescer. Nos anos 70, após seu divórcio com Gerry, ela se mudou para Los Angeles onde conheceu seu próximo parceiro, James Taylor. A relação foi indispensável para a virada de chave na vida dela, já que foi ele quem a encorajou a compor e performar suas próprias músicas. Ao se afastar do Brill Building Pop Sound, estilo muito produzido na época, Carole alcançou um patamar inesperado com o seu segundo álbum Tapestry. O produziu com uma combinação mais simples de instrumentos e com letras pessoais tratando de temas de romance, desgosto e independência feminina.

O disco foi um grande sucesso, tanto para a crítica como para as vendas. O álbum passou 302 semanas (mais de 6 anos) dentro do US Billboard 200, sendo 15 delas no primeiro lugar das paradas. Carole deteve o recorde da mulher com um álbum com maior tempo nos charts por 40 anos até 2017. Além disso, seu álbum foi eleito pela Rolling Stone em 2020 o 25º dos 500 melhores álbuns da história. A cantora, incluída no Hall da Fama dos Compositores, teve Tapestry certificado 14 vezes como disco de platina. Vendeu aproximadamente 30 milhões de cópias no mundo todo e rendeu a Carole seus primeiros Grammys, incluindo Álbum do ano, Canção do Ano e Gravação do Ano.

King continuou gravando durante as décadas de 1980 e 1990 e contribuiu com músicas para as trilhas sonoras de Gilmore Girls, Ursinhos Carinhosos - O Filme, O Romance de Murphy, Liga de Mulheres e Mensagem para Você. No início do século 21, ela continuou a escrever, fornecendo canções para artistas mais novos e mais consagrados, incluindo Steven Tyler e Celine Dion. Sem contar com a publicação da sua biografia best-seller do The New York Times: “A Natural Woman” em 2012. Lá ela fala sobre seus relacionamentos abusivos, a fim de conscientizar e ajudar mulheres que estejam passando pela mesma situação a se libertarem.

Após passar muitos anos depois da repercussão de Tapestry morando na região rural de Idaho, Carole começou seu ativismo ambiental no final dos anos 80 e trabalha com a Aliança para as Montanhas Rochosas Selvagens desde 1990. Lá, realizou benefícios em apoio à Lei de Proteção ao Ecossistema das Montanhas Rochosas do Norte, que designaria milhões de acres de terra que se estendem por cinco estados no noroeste americano como área selvagem elegível para proteção federal.