Dá para aprender idiomas enquanto dorme?
Um novo estudo aponta que é possível introduzir associações entre palavras estrangeiras e seu significado durante o sono
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Segundo publicação do jornal espanhol ''El País’’, um grupo de pesquisadores da Universidade de Berna neste mês mostrou que além de reforçar memórias adquiridas quando o ser humano está acordado, durante o sono é possível introduzir novos aprendizados.
O material, publicado na revista Current Biology, apontou para um resultado positivo, mas isso não significa que você vai começar a aprender novos idiomas apenas dormindo. De acordo com Marc Züst, pesquisador do local e um dos autores do estudo, ainda é cedo para saber se é possível acelerar o aprendizado de uma nova informação, introduzindo-a primeiro ao longo do sono.
Como funcionou o estudo...
Ao atingir o estado de sono profundo, as células do cérebro começam a coordenar seu funcionamento e em uma dança sincronizada alteram estados ativos com inativos a cada meio segundo.
Sabendo disso, os pesquisadores fizeram os voluntários escutarem duas palavras, a primeira de um idioma inventado e depois a sua tradução para o alemão. Quando ouviram tofer e chave ou guga e elefante, a associação ficava impregnada no cérebro. Depois, ao acordar eram capazes de relacionar tofer com algo pequeno, como una chave e guga com algo grande, como um elefante. Além disso, foi observado que o hipocampo, a região do cérebro fundamental para as memórias, era ativada ao recuperar as lembranças linguísticas assimiladas ao longo do sono. “Isso parece intervir na formação de memória independentemente do estado de consciência”, aponta Züst.
“É algo que ainda vamos estudar, mas, se essa aparência repentina de aprendizado inconsciente durante o sono for benéfica para o aprendizado consciente posterior, isso poderia ter alguma aplicação para pessoas com dificuldades de aprendizagem ou déficit de atenção ou para idosos’’, coloca o cientista.
Mas, Züst reconhece que há problemas no meio do caminho. ''O sono, a memória e o cérebro são sistemas com equilíbrios intrincados que necessitaram milhões de anos de otimização. Se 'empurrar' ao cérebro de alguém que está dormindo a aquisição de uma nova informação poderíamos estar atrapalhando a função que ele já está realizando”.
É claro que esse trabalho ainda é uma pesquisa básica e o método não deve ser interpretado como uma possibilidade de ser aprovado, por exemplo, em provas. Então, já sabe nem adianta deixar o gravador com o áudio das lições jogado embaixo do travesseiro. A dica do profissional, nesse caso, é apreender o conteúdo e depois ir dormir, deixando que o cérebro faça o seu trabalho.
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