Em meio a confrontos, Macron atrasa reforma eleitoral na Nova Caledônia
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Por Tassilo Hummel e Kirsty Needham
NOUMEA/SYDNEY (Reuters) - O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta quinta-feira, após um dia de negociações na Nova Caledônia, que vai atrasar uma reforma eleitoral que causou confrontos na ilha do Oceano Pacífico controlada pelos franceses, e que tentará buscar um novo acordo político. Na capital, Noumea, depois de se encontrar com líderes partidários locais, Macron afirmou que seu objetivo final é transformar a medida em lei, mas apenas se a paz voltar e um pacto mais amplo for alcançado sobre o futuro da ilha. 'Estou comprometido em assegurar que essa reforma não seja implementada por via da força', afirmou Macron em frente ao prédio do Alto Comissariado Francês. Pelo menos seis pessoas morreram em mais de uma semana de confrontos contra os planos que iriam permitir o voto de milhares de franceses residentes que vivem na Nova Caledônia há 10 anos. Paris argumenta que a medida é necessária para melhorar a democracia. Quase um quarto dos 271 mil habitantes se identifica como europeu, a maioria franceses. Líderes dos indígenas Kanaks querem a rescisão da reforma, por temores de que ela dilua o poder do seu voto e torne mais difícil que futuros referendos sobre a independência possam ser aprovados. Macron afirmou que o Estado de Emergência será retirado se os bloqueios nas estradas forem removidos. Ele disse que a reforma eleitoral tem 'legitimidade democrática', após ser aprovada pelos parlamentares em Paris.
Ele afirmou não haver dúvidas sobre a legitimidade de um referendo de 2021, que mostrou que a grande maioria da população é contrária à independência. Partidos pró-independência boicotaram o plebiscito, e muitos indígenas Kanaks se recusaram a participar, citando a pandemia de Covid-19 e outras motivações. A Nova Caledônia ocupa a terceira posição mundial na mineração de níquel, mas o setor está em crise, e um a cada cinco moradores vive abaixo da linha da pobreza, em um território com grandes desigualdades econômicas.
(Reportagem de Kirsty Needham e Renju Jose em Sydney, Camille Raynaud, Dominique Vidalon, Bertrand Boucey, Michaela Cabrera, Juliette Jabkhiro, Michel Rose em Paris)
Escrito por Reuters
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