Influencer do Instagram pode estar disseminando informações erradas sobre o suco de aipo
No Instagram, um usuário autointitulado médico médium tem espalhado informações imprecisas sobre a bebida.
Publicada em
Se você passa muito tempo no Instagram, pode se deparar com posts de pessoas bebendo uma bebida verde – que é o suco de aipo. Ela tem se popularizado muito na internet por, supostamente, curar doenças crônicas. Mas os benefícios do suco em reação a esta questão não são comprovados cientificamente e nem mesmo reafirmados por médicos.
Embora possa não ser do gosto de todos, é certamente uma bebida do momento. As estatísticas do Google Trends mostram relativamente pouco interesse no suco de aipo nos últimos anos, até que uma onda crescente de interesse culminou em um aumento nas pesquisas no início deste ano.
No estado bruto, o suco de aipo tem poucas calorias e contém uma boa quantidade de vitamina K, juntamente com traços de outras vitaminas e minerais essenciais. A bebida traz de fato muitos benefícios para a saúde, mas, cientificamente, nada sobre curar doenças foi comprovado. Os médicos temem que esse conselho possa impedir as pessoas de obter ajuda de profissionais médicos qualificados.
Como a tendência começou?
Tudo isso começou com um influenciador no Instagram que se autodenomina um “médico médium”, chamado Anthony William. Ele, inclusive, cita várias celebridades adeptas ao hábito de beber o suco, como a estrela do tênis Novak Djokovic. Ele apareceu em programas de TV, incluindo Keeping Up with the Kardashians, e escreveu para o site de estilo de vida de Gwyneth Paltrow, Goop.
Suas páginas de mídia social incluem uma série de matérias com o tema, relacionando a bebida à cura da fibromialgia – seu site ainda afirma que o suco pode proporcionar alívio de doenças como câncer e diabetes.
O site e as contas de mídia social do Medical Medium são o núcleo de uma empresa que oferece livros que chegaram à lista de mais vendidos do New York Times. Mas os profissionais médicos estão longe de serem convencidos por suas alegações.
Austin Chiang, gastroenterologista da Filadélfia que faz vídeos em seu próprio canal no YouTube, disse à BBC News que as alegações feitas pelo Medical Medium não são respaldadas pela ciência e "podem ser prejudiciais para nossos pacientes".
Chiang diz que confiar apenas no aconselhamento médico on-line de influenciadores não qualificados pode ser extremamente perigoso. "Aqueles de nós que trabalhamos no setor de saúde viram pacientes passarem pelo pronto-socorro ou aparecerem em nossas clínicas tarde demais porque utilizaram algum tipo de remédio caseiro que não foi baseado em nenhuma ciência", diz ele .
Por isso, o médico Chiang criou uma organização sem fins lucrativos, a Association for Healthcare Social Media, a fim de incentivar médicos qualificados a se envolver com o público nas mídias sociais.
"É aí que muitos de nossos pacientes e nossas comunidades obtêm suas informações médicas atualmente", ele reconhece.
Chiang também diz que "deve haver uma maneira melhor" de examinar online as pessoas que estão publicando informações médicas."Algum tipo de processo de verificação pode ser útil", diz ele. "Muitas dessas plataformas de mídia social são verificadas apenas com base no fato de que esses indivíduos têm grandes presenças na mídia".
Os processos de verificação variam de plataforma para plataforma, mas a maioria dos grandes meios de comunicação social - incluindo Facebook, Instagram e YouTube - não verifica qualificações específicas ou a verdade ou confiabilidade de postagens ou vídeos.
Em resposta à reportagem da BBC News, o YouTube disse que a desinformação é um desafio difícil, e que “tomamos várias medidas para resolver isso, incluindo a exibição de mais conteúdo autoritário sobre questões médicas, a exibição de painéis de informações com fontes confiáveis e a remoção de anúncios de vídeos que promovam alegações de saúde prejudiciais". Já o Facebook, dono do Instagram, disse que está trabalhando com especialistas para lidar com informações falsas relacionadas à saúde.
SALA DE BATE PAPO