Investigação sobre bombas enviadas a críticos de Trump foca na Flórida; projeto teria saído da internet
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Por Mark Hosenball e Gabriella Borter
WASHINGTON/NOVA YORK (Reuters) - A investigação sobre 10 bombas enviadas a membros importantes do Partido Democrata e críticos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está focada em pistas no Estado da Flórida, informou uma fonte da área de segurança nesta quinta-feira, enquanto outra fonte disse que investigadores acreditam que o projeto dos dispositivos veio da internet.
Acredita-se que todos os pacotes suspeitos passaram pelo Sistema Postal dos Estados Unidos em algum momento, disse a fonte de segurança. Muitos dos pacotes tinham como endereço de devolução o endereço do escritório na Flórida da deputada Debbie Wasserman Schultz, que já liderou o Comitê Nacional Democrata, de acordo com o FBI.
As instruções para tais explosivos estão amplamente disponíveis em sites e em propaganda distribuída por grupos militantes islâmicos, incluindo a Al Qaeda e o Estado Islâmico, de acordo com a segunda a fonte e um ex-especialista em bombas do governo federal.
O ex-vice presidente Joe Biden e o ator Robert De Niro tornaram-se na quinta-feira os mais recentes alvos das bombas. Nenhuma delas explodiu.
As bombas exaltaram o que já era uma campanha controversa antes das eleições parlamentares do próximo 6 de novembro, na qual os republicanos de Trump tentarão manter as maiorias no Senado e na Câmara dos Deputados. O episódio também chamou atenção para a retórica dura que Trump emprega contra seus adversários.
Trump condenou as bombas mas depois culpou a imprensa, seu alvo mais frequente, por muito do tom raivoso.
Até agora ninguém reivindicou a responsabilidade pelos pacotes, e o FBI alertou que o público relate qualquer pista e continue alerta.
Alguns dos pacotes enviados para locais em Nova York tinham envelopes com um pó branco dentro deles, mas o diretor assistente do FBI William Sweeney disse em um pronunciamento em Nova York que as análises iniciais não indicavam uma ameaça biológica.
As bombas caseiras descobertas na quarta-feira eram similares às enviadas a Biden e De Niro, disse um oficial federal à Reuters. Autoridades descreveram os dispositivos como 'rústicos' enquanto especialistas de segurança disseram que o objetivo poderia ser o de criar pânico, em vez de matar.
ALVOS DOS DISPOSITIVOS
Uma das bombas foi enviada à sede da CNN em Nova York, que sempre foi alvo do escárnio de Trump pela cobertura que faz dele, e a rede disse nesta quinta-feira que o dispositivo estava sendo levado em um caminhão à prova de bombas para o laboratório do FBI em Quantico, na Virgínia, para análise.
Líderes democratas disseram que as bombas eram um sinal perigoso da atmosfera política antagônica criada pelo presidente.
Trump e outros republicanos já compararam democratas com uma 'turba ensandecida', ao citar os protestos na audiência de confirmação do juiz da Suprema Corte Brett Kavanaugh.
O FBI disse na quinta-feira que um dos pacotes enviados a Biden - que certa vez disse que teria brigado com Trump se eles estivessem no colégio - foi descoberto em uma unidade de correios em seu Estado natal de Delaware, e uma segunda em uma outra locação.
O dispositivo enviado a De Niro, que foi ovacionado quando gritou obscenidades a Trump na premiação dos Tony Awards em junho, foi mandado a uma de suas propriedades na cidade de Nova York.
Várias das pessoas que receberam bombas - incluindo o ex-presidente Barack Obama e a adversária de Trump nas últimas eleições, Hillary Clinton - são alvos frequentes dos críticos de direita.
Vários políticos, incluindo o líder da maioria no Senado Mitch McConnell e o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, descreveram os pacotes de bombas como atos de terrorismo.
'Alguém está tentando intimidar. Alguém está tentando calar as vozes deste país usando violência', disse De Blasio. 'Eu estou confiante que iremos encontrar o responsável ou os responsáveis'.
Alguns grandes veículos de imprensa em Nova York, incluindo o New York Times, aumentaram sua segurança na quinta-feira.
Escrito por Thomson Reuters
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