Milhares de moradores do Rio enfrentam falta de água em meio à onda de calor extremo
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Por Rodrigo Viga Gaier e Aline Massuca
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Em meio a uma onda de calor extremo na cidade do Rio de Janeiro, um problema em uma adutora de uma concessionária deixou sem água moradores de 36 bairros onde vivem quase um milhão de pessoas.
As torneiras começaram a secar nos bairros da zona norte no domingo, e a concessionária Águas do Rio disse que o fornecimento tem prazo de 72 horas para ser retomada, de forma gradativa, após reparo realizado na segunda-feira.
“Ficar sem água nesse calor é como estar num deserto“, disse uma moradora Méier, um dos bairros impactados pela interrupção no fornecimento, que não quis se identificar.
Estimativas do IBGE com base no Censo de 2022 apontam que nos bairros afetados vivem quase 1 milhão de pessoas (976,6 mil moradores), o equivalente a cerca de 16% da população carioca.
Questionada, a Águas do Rio não informou quantos clientes foram impactados pela interrupção de fornecimento.
Muitos moradores tiveram de recorrer a carros-pipa e a amigos e parentes que moram em outros pontos da capital que não foram afetados pelo desabastecimento.
'Acabou a água, já estamos há cinco dias sem água aqui, tendo que pegar água na casa da vizinha. Situação bem complicada, porque falta água falta tudo. Não tem como lavar roupa, não tem como fazer comida', disse Daiana, moradora do Jacarezinho, que não forneceu o sobrenome.
Na segunda-feira, a temperatura na cidade bateu recorde ao atingir 44 graus Celsius, segundo o sistema Alerta Rio. Especialistas disseram que para meses de fevereiro o de 2025 já é considerado o mais quente desde o início das medições, em 2003.
Somente na segunda-feira foram registrados 312 focos de incêndio no Estado do Rio, alta de mais de 370% ante 2024.
“Nos preparamos para as chuvas de verão, mas o que estamos enfrentando é um calor intenso. Vivemos uma situação atípica de incêndios florestais“, disse o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Tarciso Salles.
Dados da Secretaria Estadual de Saúde mostram que houve nos últimos dias um aumento de 15% nos atendimentos a pessoas na rede pública por conta do forte calor.
“A situação é de alerta para as pessoas e de alta atenção com hidratação e tratamentos“, disse à Reuters a secretaria estadual de Saúde, Cláudia Mello.
Na rede de ensino do Estado, o diretores dos colégios receberam autorização para reduzir à metade a carga horários em dias de forte calor, uma vez que mais de 100 escolas do Estado não tem climatização.
Escrito por Reuters