Mísseis israelenses atingem hospital em Gaza e pacientes são retirados
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Por Nidal al-Mughrabi
CAIRO (Reuters) - Dois mísseis israelenses atingiram um grande hospital de Gaza neste domingo, destruindo o departamento de emergência e danificando outras estruturas, disseram médicos, em um ataque que, segundo Israel, teve como alvo combatentes do Hamas que utilizavam as instalações.
Autoridades de saúde do Hospital Batista Árabe Al-Ahli retiraram os pacientes após um telefonema pouco antes do ataque de alguém que se identificou como segurança israelense.
Não houve vítimas no ataque. O exército israelense afirmou em comunicado que tomou medidas para reduzir os danos a civis antes de atacar o complexo, que estava sendo usado por militantes do Hamas para planejar ataques. O Hamas classificou a acusação como 'mentira' e pediu uma investigação internacional.
O hospital - uma instituição da Igreja Anglicana - suspendeu sua operação, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.
'Centenas de pacientes e feridos tiveram que ser retirados no meio da noite, e muitos deles agora estão nas ruas sem assistência médica, o que coloca suas vidas em risco', disse o porta-voz do ministério, Khalil Al-Deqran.
Os ataques deste domingo ocorreram enquanto os líderes do Hamas iniciavam uma nova rodada de negociações no Cairo, numa tentativa de salvar um acordo de cessar-fogo com Israel, com Egito, Catar e Estados Unidos.
Imagens nas redes sociais, que a Reuters não pôde verificar imediatamente, mostraram dezenas de pessoas saindo do hospital, algumas delas auxiliando pacientes em seus leitos.
Imagens da Reuters mostraram destruição significativa dentro e fora da igreja do complexo do hospital, além de pacientes que não conseguiram sair.
AVISO
'A cena era assustadora. De ontem à noite até agora, não dormi um minuto sequer de medo. A noite toda, vidros se estilhaçaram sobre nós lá dentro', disse um dos feridos, Mohammed Abu Nasser.
A Igreja Batista em Jerusalém disse que o alerta para esvaziar o hospital veio 20 minutos antes do ataque que destruiu o Laboratório Genético de dois andares e danificou os prédios da Farmácia e do Departamento de Emergência e outras estruturas ao redor.
'Apelamos a todos os governos e pessoas de boa vontade para que intervenham para impedir todos os tipos de ataques a instituições médicas e humanitárias', disse a igreja em um comunicado.
O Ministério das Relações Exteriores palestino e o Hamas condenaram o ataque, dizendo que Israel estava destruindo o sistema de saúde de Gaza.
Israel afirma que o Hamas explora sistematicamente estruturas civis, incluindo hospitais, o que o grupo militante nega. As forças israelenses realizaram inúmeros ataques a instalações médicas em Gaza.
Em outubro de 2023, uma explosão mortal em um estacionamento do complexo do hospital Al-Ahli foi atribuída pelo Hamas a um ataque aéreo israelense. Israel afirmou que um lançamento fracassado de foguete pelo grupo Jihad Islâmica Palestina causou a explosão.
O grupo militante negou qualquer responsabilidade. Uma investigação da Human Rights Watch concluiu que a explosão foi provavelmente causada por um lançamento fracassado de foguete palestino.
OUTROS ATAQUES
Ataques separados no enclave neste domingo mataram pelo menos 30 palestinos, incluindo o chefe de uma delegacia de polícia em Khan Younis, na parte sul do enclave controlado pelo Hamas, segundo o Hamas e autoridades de saúde. Seis irmãos morreram quando um ataque israelense atingiu o carro em que estavam em Deir Al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, disseram médicos.
A guerra em Gaza foi desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 ao sul de Israel, no qual 1.200 pessoas foram mortas e 251 feitas reféns, de acordo com contagens israelenses.
Desde então, mais de 50.900 palestinos foram mortos na ofensiva israelense, segundo autoridades de saúde locais. Grande parte de Gaza está em ruínas e a maior parte de sua população foi deslocada.
(Reportagem de Nidal al-Mughrabi; reportagem adicional de Maayan Lubell em Jerusalém)
Escrito por Reuters