O que Esses 5 Clássicos Realmente Querem Dizer?
Descubra os significados ocultos por trás de algumas das músicas mais icônicas da história e como suas letras são muitas vezes interpretadas de forma equivocada pelo público
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A partir do momento em que uma canção sai do autor/intérprete e é lançada no mundo, ela ganha centenas, milhares ou milhões de significados diferentes. É impossível ouvir algo sem transpor sua própria bagagem naquilo – por menor que ela seja – , e é nisso que reside um dos fatores mais belos da música: a sua subjetividade e possibilidade de identificação múltipla.
Nessa conjectura, algumas canções extremamente famosas podem ser pensadas de determinada forma pelos seus criadores e serem completamente desfiguradas pelos ouvintes. A seguir, confira 5 músicas emblemáticas que têm sido interpretadas de maneira errônea por grande parte do público:
1. Losing My Religion – R.E.M.
O título já entrega qual foi a confusão: muitos creem que a canção se trata de desconfiança com a religião. Na verdade, ela fala sobre amor.
O vocalista Michael Stipe revelou em entrevista ao The New York Times que a música aborda o romantismo, e o título é uma expressão típica do sul dos Estados Unidos, indicando que a paciência pode estar no limite.
Durante o podcast Broken Record, Stipe não abordou diretamente o aspecto religioso da canção, mas esclareceu que, apesar de muitos acreditarem se tratar de uma composição autobiográfica, isso não é verdade.
Embora vários já tivessem identificado a natureza romântica da música, a confusão, segundo o cantor, surge do trecho “that’s me in the corner / that’s me in the spotlight” ("sou eu no canto / sou eu sob os holofotes"). Na versão original, a palavra "spotlight" seria substituída por "kitchen" ("cozinha"), o que descartaria qualquer alusão à fama ou à sua trajetória como artista.
“A ideia era retratar um introvertido tímido que não se enturma em uma festa ou em um baile e não vai até a pessoa pela qual ele é perdidamente apaixonado e diz: ‘Tenho uma quedinha por você. Como você se sente sobre mim?’. É sobre um relacionamento que acontece só na cabeça da pessoa e ele não sabe se falou demais ou se não falou o suficiente”, explica Stipe.
“Então ele está em um canto da pista de dança, vendo todo mundo dançar, vendo o amor da vida dele dançando com todo mundo porque essa pessoa é a mais animada de todas. Ou então ele está na cozinha, atrás da geladeira”, concluiu.
Ademais, Spite reconhece que o videoclipe da canção contribui para essa interpretação errônea. “É provavelmente o vídeo mais esquisito de todos os tempos e isso é bem legal”, disse o músico.
2. Hotel California - The Eagles
Hotel California é tão popular quanto enigmática: seu álbum homônimo é um dos 15 mais vendidos da história. Segundo os próprios integrantes dos Eagles, ao analisar a letra de forma objetiva, fica claro que ela é uma crítica aos excessos, tentações e ao alto preço do estilo de vida de uma banda no auge do sucesso. Eles mencionam o trecho "I heard the Mission bell" ("Eu ouvi o sino da Missão") como exemplo, explicando que esse hospital foi originalmente construído para ser um mosteiro, com uma torre onde o sino tocaria para cerimônias religiosas.
A polêmica em torno da capa interna do álbum é curiosa. A imagem mostra várias pessoas, mas o foco acabou sendo no segundo andar do prédio, onde alguns acreditam ver figuras ocultas, como almas torturadas e vítimas de uma seita satânica. A banda ri dessas teorias, afirmando que são apenas figurantes contratados para a sessão de fotos.
No documentário History of The Eagles (2013), Don Henley, baterista e vocalista, descarta as alegações de envolvimento com o satanismo ou mensagens subliminares, explicando que a música apenas retrata a jornada hedonista de uma típica banda de rock nos anos 70. O termo "hedonismo", citado por Henley, refere-se a uma vida focada no prazer e nos excessos materiais. Ele afirma que a letra critica a indústria musical do sul da Califórnia, abordando o lado obscuro do sonho americano e o excesso na sociedade americana.
Por outro lado, o guitarrista da banda, Glenn Frey, sugeriu que há sim um aspecto sombrio na canção, mas que esse lado não precisa ser completamente explicado. Ele conclui que a letra reflete o universo de excessos da cena do rock na Califórnia.
3. Bohemian Rhapsody – Queen
Algumas hipóteses famosas sobre o significado por trás de Bohemian Rhapsody envolvem ser uma confissão velada de Freddie sobre a sua sexualidade, a sua luta contra a AIDS, uma história fictícia envolvendo crime e punição, entre outros.
Apesar de seu sucesso, o verdadeiro significado da canção permanece um mistério. Freddie Mercury sempre evitou revelar o que a música realmente simboliza, mantendo o silêncio sobre o assunto. Brian May, guitarrista da banda, também nunca soube ao certo sobre o que a letra tratava.
Certa vez, Mercury comentou com May que "Bohemian Rhapsody" abordava relacionamentos e que o significado da letra deveria ser pessoal, permitindo que cada ouvinte interpretasse de acordo com suas próprias experiências. May acrescentou que a letra é bastante clara, apesar de conter alguns elementos aparentemente sem sentido.
Ao jornal The New York Times, May disse que “Tenho uma ideia perfeitamente clara do que se passava na mente de Freddie.”
Já em “The Greatest Songs Ever! De Johnny Black!”, o guitarrista escreveu que “Freddie era uma pessoa muito complexa: irreverente e engraçado na superfície, mas escondia inseguranças e problemas em conciliar a vida com a infância,” escreveu em The Greatest Songs Ever! De Johnny Black!.
Mesmo com algumas pistas, a banda mantinha um acordo implícito de não discutir o real significado da música, respeitando a decisão de Mercury de não comentar sobre o assunto. Fãs ao redor do mundo criaram suas próprias teorias, incluindo a ideia de que a canção poderia retratar a confissão de um assassino ou até mesmo ser uma referência a experiências pessoais de Mercury, como seu primeiro relacionamento com um homem.
4. Fortunate Son - Creedence Clearwater Revival
A canção é um dos maiores clássicos do Creedence Clearwater Revival. Apesar de ser originalmente feita como um emblema anti-guerra e anti-establishment, políticos que sustentam esse próprio sistema e movimentos patriotas passaram a incorporá-la como um hino próprio, de maneira equivocada.
Nos anos 1960, várias tensões sociais surgiram em torno de temas como direitos das mulheres, sexualidade, contestação da autoridade tradicional, uso de drogas psicoativas e diferentes visões sobre o "Sonho Americano".
Foi nesse contexto tumultuado que "Fortunate Son" foi lançada, em 1969. A música faz parte do álbum Willy and the Poor Boys do Creedence Clearwater Revival, composto por John Fogerty, seu irmão Tom Fogerty, o baixista Stu Cook e o baterista Doug Clifford. A introdução da bateria cria um clima de expectativa, e o riff principal traz um forte Hard Blues Rock, com vocais enérgicos de John Fogerty. A letra critica o nacionalismo cego, ressaltando a injustiça de que apenas os menos favorecidos são enviados para guerras que não provocaram.
5. Every Breath You Take - The Police
Em 1991, Sting compôs "Every Breath You Take" após acordar com uma melodia na cabeça, em meio a um momento pessoal conturbado devido ao divórcio de sua primeira esposa. Embora muitos interpretem a canção como romântica, Sting revelou que ela trata de obsessão, ciúmes e vigilância, descrevendo-a como "maligna". O cantor explicou que a música tem um caráter ambíguo, com uma melodia agradável, mas uma letra sinistra. Apesar de sua simplicidade, a canção se tornou um enorme sucesso, vencendo o Grammy de 1983, e Sting acredita que o significado da música depende da interpretação de quem a ouve, sendo muitas vezes associada a casamentos e momentos românticos.
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