O que muitos não sabem sobre o autismo
O autismo afeta cerca de 2% da população mundial. Mas transtorno ainda é um mistério para muitos. Rainer Döhle e Necip Bilal contam como é viver com essa síndrome comportamental.
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Necip Bilal se estressa com barulho muito alto.
Necip Bilal:”Todo dia, há muito barulho de bombeiros, da polícia. E, ainda por cima, tem as pessoas irritantes. Então, em algum momento, isso estressa.”
Rainer Döhle tem problemas de comunicação e socialização.
Rainer Döhle:”Para nós, é difícil perceber o que o outro quer da gente. Numa conversa, como autistas, também não percebemos de quem é a vez de falar, e não entendemos essas regras não escritas. Isso pode ser bem cansativo.”
Estima-se que 2% da população são diagnosticados como autistas. Mas muitos não sabem que são autistas. Reiner Döhle só descobriu em torno dos 30 anos de idade.
Rainer Döhle:”Provavelmente, não dá para perceber, à primeira vista, que tenho autismo. Se você me observar mais de perto, me conhecer melhor e conversar, então provavelmente perceberá algumas coisas. Tenho dificuldade de fazer contato visual, minhas expressões faciais não são tão pronunciadas, e tenho também dificuldades de reconhecer as expressões faciais de outras pessoas.”
Necip Bilal recebeu o diagnóstico de autismo na infância.
Necip Bilal:”Na escola, eu ficava irritado rapidamente, agora estou melhor. Não fico. Mais tão facilmente irritado, posso agora controlar o meu jeito, para não ter nenhum “curto-circuito”, nenhuma reação impulsiva.”
Alguns tem um jeito especial de lidar com o estresse. Rainer gosta de fazer listas de presidentes ou nomes de rua. Ele fotografou mais de 10 mil nomes de placas de rua em Berlim. Mas o autismo se expressa de formas de formas variadas.
Rainer Döhle:”Não somos todos gênios. Nem todo autista tem uma memória fotográfica, ou é altamente talentoso. Existem muitos que tem uma inteligência mediana, ou estão abaixo da média.”
Muitos autistas enfrentam preconceito.
Necip Bilal:”O que ainda me deprime hoje é que dizem, e pensam:”Autistas não conseguem fazer nada, são estúpidos.”
Rainer Döhle:”Na minha opinião, o autismo tem pontos fortes e fracos. Então, não vejo isso como uma desigualdade ou deficiência.”
O preconceito dificulta o acesso ao mercado de trabalho.
Necip Bilal:”O que eu mais desejo é que os departamentos responsáveis pelos desempregados tenham alguma consideração por pessoas autistas. E façam mais por elas. Porque sei, por experiencia própria, que muitos não são treinados para lidar com autistas. E aí é sempre este problema. Acima de tudo, a linguagem burocrática. Tenho muita dificuldade com isso.”
Há quatro anos, Necip conseguiu finalmente um emprego fixo. Reiner trabalha como tradutor. Ambos sonham com uma sociedade mais solidária no futuro.
Rainer Döhle:”Em relação a inclusão, a aceitação das diferenças. Que não exista uma norma à qual todos devam aderir. Simplesmente aceitar os outros como elas são.”
Necip Bilal:”Pessoalmente, eu gostaria de participar mais na sociedade, e não sofrer tanto preconceito. Não haver tanto preconceito em relação às pessoas que você pouco conhece.
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Escrito por DW
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