Outubro Rosa: tudo o que se deve saber sobre o câncer de mama
A prevenção é essencial e, sobretudo, o apoio psicológico no caso do surgimento da doença.
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O mês está só começando, mas a Antena 1 já entrou no clima do Outubro Rosa. A campanha, que acontece todo décimo mês do ano, visa salientar a importância da prevenção do câncer de mama e volta o olhar de todos para a saúde.
Sobre questões mais técnicas da doença, a Dra. Naira Scartezzini Senna, que é ginecologista e obstetra, esclareceu algumas dúvidas. Confira:
O câncer de mama também pode afetar homens? As campanhas do Outubro Rosa também abordam essa questão?
“Sim, o câncer de mama pode também acontecer em homens apesar de sua incidência ser muito maior em mulheres. A intenção do Outubro Rosa é disseminar informação e conscientização sobre a doença, sem distinção de gênero”.
O câncer de mama é um câncer agressivo? Como funciona o tratamento, há chances de cura?
“O câncer de mama é um diagnóstico que costuma assustar, mas é importante lembrar que quando precocemente diagnosticado tem enormes chances de cura. A agressividade da doença depende do tamanho, localização e tipo de câncer e estes critérios também norteiam o tratamento. Algumas pacientes podem necessitar apenas de cirurgia, enquanto outras combinam a cirurgia com quimioterapia ou radioterapia”.
Tem como evitar ou se prevenir?
“Claro que sim! Uma visita anual na Ginecologista para o exame físico (palpação das mamas) e exame de imagem (USG, Mamografia e/ou Ressonância) podem evitar ou diagnosticar o câncer precocemente”.
Como funciona o diagnóstico? Em casa, o que as pessoas podem fazer para ficar de olho ao crescimento ou aparecimento da doença?
“A paciente deve estar sempre atenta a alterações da pele das mamas, modificações no volume ou simetria e também possíveis nódulos. Como a palpação e identificação dos nódulos pode ser difícil, é essencial visitar a ginecologista uma vez por ano. Pacientes com histórico de câncer de mama, ovário ou intestino na família devem ter atenção redobrada”.
Além da quimioterapia, existe algum outro tipo de tratamento?
“Sim, existem medicações orais que auxiliam no tratamento a longo prazo e podem ser necessárias”.
Quais as novidades nessa área?
“A maior novidade é o recurso da ressonância nuclear magnética para estudo das mamas. Ela não substitui a mamografia, mas pode ajudar muito em alguns casos de dúvida”.
Como aliado do tratamento do câncer em si, o tratamento psicológico é também muito importante. Por isso, a Antena 1 também conversou com a neuropsicóloga Tammy Marchiori:
Qual a importância do tratamento psicológico em conjunto com o tratamento quimioterápico nos casos de câncer de mama?
“A psicoterapia é de suma importância para auxiliar a paciente no enfrentamento de sua doença e ajudar a diminuir emoções negativas acerca da situação atual. O psicólogo trabalha em conjunto com a paciente para dar novos significados à doença e melhorar sua qualidade de vida. Estes profissionais estão preparados para dar suporte aos pacientes e seus familiares. Existem profissionais dentro da psicologia que estão melhores preparados para atender esses casos, que são os com especialização em psico-oncologia”.
Quais os maiores transtornos psicológicos que passam a sofrer as mulheres que são diagnosticadas com câncer de mama?
“A mulher passará por várias fases de conflitos internos que oscilam desde a negação da doença até a esperança da cura, esses conflitos variam de mulher para mulher dependendo da faixa etária, apoio familiar, estágio da doença e etc. Em maior ou menor grau, a doença acaba afetando aspectos como autoestima, esperança, emoções/comportamentos (depressão, ansiedade, etc) e relações familiares”.
O que mais afeta psicologicamente as mulheres: a perda da mama, o medo de serem rejeitadas pelos parceiros, ou outro?
“Para cada mulher, cada um desses aspectos tem um peso diferente. Uma mulher com grande apego a família pode sofrer mais com a ideia de rejeição do parceiro, uma mulher com perfil mais independente e apegada a vaidade, pode sofrer mais com a perda da mama, por exemplo. Outras mulheres, com outros perfis, podem sofrer com ideias diferentes, como por exemplo, morrer e não conseguir ver o casamento dos filhos, etc... Cada mulher passa por uma questão singular, ainda que outras tenham a mesma doença”.
Qual a importância da rede acolhedora e de apoio para essas mulheres? E quais seriam a rede acolhedora e de apoio mais indicadas?
“Apoio social e rede social são estratégias que tem como foco a melhora da qualidade de vida. Ambos são a extensão dos recursos individuais e estão relacionados à prevenção de efeitos negativos sobre a saúde, além de potencializar o enfrentamento de situações adversas, resultando em efeitos emocionais e comportamentais positivos. A atuação do profissional de psicologia deve ser vista como uma forma de tratamento e iniciada imediatamente após o diagnóstico e definição da conduta terapêutica oncológica. Essa primeira avaliação deve ser individual, para que haja um maior entendimento do psicólogo e para que ele consiga absorver todas as angústias e incertezas trazidas pela paciente. Em um segundo momento, o atendimento pode ser estendido aos familiares próximos, a fim de estreitar essa rede de apoio, de forma que a paciente se sinta acolhida e aceita nessa fase de sua vida”.
SALA DE BATE PAPO