Podcast Lado Pessoal - Dennis Herszkowicz - Presidente da TOTVS
com Millena Machado
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PODCAST Nº 16 (2a Temporada)
Apresentado pela Millena Machado, o podcast Lado Pessoal vai te levar até o universo particular dos CEOs. Com um formato descontraído, você vai conhecer aspectos da vida pessoal, decisões impactantes, mudanças de localidade, e, ainda, qual música inspirou os momentos importantes na vida de cada um dos CEOs.
Legendas e transcrito
MM = Millena Machado (Apresentadora do podcast, Lado Pessoal).
DH = Dennis Herszkowicz (Entrevistado)
[0:00:00] Está no ar... Lado Pessoal, com Millena Machado, o Podcast de entrevistas da Rádio Antena 1! Vinheta da Antena 1.
Música de introdução deste podcast: Breathless – The Corrs
[0:00:31] – MM: Olá... Sejam todos bem-vindos, bem vindas! Começa agora o Lado Pessoal... O Podcast Rádio Antena 1. Eu sou Millena Machado, e a partir de agora, nós, vamos juntos descobrir o que pensa, como decide, o que inspira o executivo que comanda uma das empresas mais admiradas do Brasil! Hoje, revelando seu lado pessoal pra gente, o presidente da Totvs, Dennis Herszkowicz. Ah... Dennis, seja muito bem-vindo! Falei certinho o seu sobrenome?
[0:01:02] – DH: Obrigado, Millena! Falou perfeitamente, parecia que eu estava na Polônia.
[0:01:08] – MM: Rsrsrs... Valeu o ensaio, então...Obrigada pelas dicas aí de pronúncia... rsrsrs... Ô Dennis, eu adorei a música que você escolheu pra gente abrir esse podcast, ela é pra cima né, é... E ela fala: “deixe-me sem fôlego, né, surpreenda-me, me envolva”; tem muito disso nessa música. Você é assim... mais... mais ousado, mais é... de demandar mesmo?
[0:01:34] – DH: Eu diria que a minha esposa... diria que sim [ risos]. Certamente, aliás, a escolha da música veio muito por ela né, eu... nós dois gostamos muito da música, acabou meio que virando uma música nossa, e... então ela diria, certamente, que eu sou um cara bem demandante sim e, muitas vezes, eu posso tirar o fôlego [risos].
[0:02:00] – MM: [Risos]... Haja criatividade, então, pra surpreender, haja energia pra ir até o final, de tudo, projetos pessoais, projetos profissionais; você é aquele cara, assim, que vai até o final?
[0:02:13] – DH: Intenso.
[0:02:14] – MM: Olha...que legal! E quando que você se cansa?
[0:02:19] – DH: Putz! Quando eu me canso? É difícil eu me cansar, eu durmo pouco, eu durmo... sei lá, 5 horas, 6 horas por dia, no máximo; normalmente 4h30m, 5h da manhã eu tô de pé já, e eu brinco que eu pareço aqueles refletores de led, aperta ele e ele acende na hora; não é aquele refletor antigo que vai esquentando, eu já saio a milhão quando eu acordo. Mas, assim, no final do dia, lá, sei lá, às 10h da noite, na maioria das vezes eu já tô meio cansado sim, viu.
[0:02:53] – MM: É, né! Aí você acorda tão cedo, por quê? Pra fazer o quê?
[0:02:57] – DH: Então... na verdade é assim, eu sempre acordei muito cedo; e os meus filhos, por exemplo, também acordam cedo; deve ser alguma coisa da família... alguma coisa do sobrenome aí... é... Mas eu, eu, quando eu acordo, eu acabo... fico sozinho né, eu acabo lendo; então eu uso aí entre... sei lá, entre 5h e 6h30m – 7h da manhã eu acabo lendo, é... é uma coisa que eu gosto muito de fazer e esse é um horário onde dá pra fazer tranquilo.
[0:03:29] – MM: Olha! E aí em algum momento você encaixa atividade física ou atividades espiritualizadas, assim, um pouco de Ioga, meditação ou mesmo orações?
[0:03:40] – DH: Então, eu sou mais do físico mesmo, então, eu faço academia 3 vezes por semana, segundas, quartas e quintas, às 6h30m, 7h da noite, até 7h30m – 8h, e jogo tênis de final de semana também.
[0:03:58] – MM: Uhummm... Legal, legal!
[0:04:00] – DH: Rezar não é muito a minha praia.
[0:04:02] – MM: Ah é? Mas você acredita em... em alguma coisa ou não?
[0:04:02] – DH: Ah, eu acredito no bem.
[0:04:08] – MM: No bem...! Acredita na humanidade, então?
[0:04:12] – DH: Eu ... É, eu acredito que fazer o bem sempre te leva pra alguma coisa melhor. Você mesmo, né, você e o mundo no final do dia, mas... acredito muito nisso.
[0:04:23] – MM: Entendi. Aí, então, você pratica a sua espiritualidade em todos os momentos do dia, você tá sempre focado nisso, e não em impactar negativamente a vida de alguém, toma cuidado com as críticas, racionaliza e planeja as suas escolhas; é por aí?
[0:04:39] – DH: É por aí. Eu tento ser, sempre, uma pessoa melhor; e o que você falou é... é absolutamente verdadeiro e interessante, porque, quando você tem esse tipo de cabeça e esse tipo de... de filosofia, você genuinamente gosta de ouvir feedback, gosta de ouvir crítica, e você trabalha em cima delas né, porque, no mínimo, no mínimo mesmo que você não concorde, a pessoa que tá te passando aquilo, ela tá vendo você daquela maneira e... e faz algum sentido você, pelo menos, se esforçar pra mudar a visão daquela pessoa.
[0:05:17] – MM: Sim... Sabe uma característica física sua que eu observo? Você tem a voz forte né, tem a ver com a sua energia, que é a energia que você coloca pra viver...rsrsrs... Você gasta, depois, no esporte o que te sobre né...rs...e tem um timbre forte também, uma fala bem clara. Deve ser difícil te enrolar, hein, menino? Porque você chega, pergunta direto, fala alto, assim, no sentido de claramente, é... ninguém te enrola? Rs
[0:05:45] – DH: Ah... Não vou dizer que nunca aconteceu, acontece né; a gente comete erros, a gente falha, mas é difícil, é... é difícil, porque é um pouco do que você falou, quando você é uma pessoa muito franca, muito direta e, na maioria das vezes, transparente, fica muito difícil pro outro lado, é... não ter algum grau de reciprocidade ou, no mínimo, se não tiver, a pessoa se sentir razoavelmente desconfortável né, fica mais surpresa né, e aí você percebe quando alguma coisa, eventualmente, não tá do jeito que deveria.
[0:06:27] – MM: Aí, como líder, como é que é a tua liderança, assim? Você é mais das críticas, vamos dizer assim, das correções, ou você olha mais pro lado positivo da coisa, é mais do incentivo, de... de por a mão no ombro, de... ‘vamos juntos’?
[0:06:46] – DH: Eu acho que depende do momento; eu acho que, assim, eu gosto de me levar próximo do meu limite e, open pra expandir esse limite, e eu gosto de fazer isso com os outros também. Mas, por outro lado, eu também já aprendi na minha vida que quando você quer uma maçã, você tem procurar essa maçã numa macieira; e quando você quer uma pera, você tem que procurar a pera na pereira, porque não tem como você ter maçã na pereira, nem pera na macieira, entendeu? Então, é um misto dessas duas coisas, de você tentar se puxar, antes de puxar os outros pra um limite, expandir esse limite, mas também quando você percebe no outro capacidade, vontade de chegar no limite ou de passar esse limite, de sentar e ajudar essa pessoa a conquistar isso, entendeu?
[0:06:46] – MM: Uhum... E...
[0:07:43] – DH: E não é uma tarefa simples né?
[0:07:45] – MM: Nada simples, né, nada, nada simples. Você assumiu a liderança da Totvs aí depois da... da retirada, vamos dizer assim né, do Cosentino, que é um dos fundadores né, ele mudou de posição; ele está no Conselho, certo? Você tá mais...
[0:08:01] – DH: Presidente do Conselho.
[0:08:01] – MM: É, presidente do Conselho. Você tá mais aí no dia a dia né, na liderança executiva. Como é que foi pra você essa... esse convite, essa promoção? Era algo que você estava esperando? A tua formação é em marketing né? Acho que também tem muito a ver, você tem uma vocação pra... pra comunicação, pra essa coisa do... do chegar no outro, de conviver com pessoas, mas aí o teu trabalho passou a ser muito o dia a dia da administração né, de pessoas, de negócios, de números né?
[0:08:29] – DH: Sim. Ah, é meio engraçado... Eu sempre fui um cara muito eclético né, eu sempre fui um generalista, eclético, então, mesmo com a minha formação em marketing, eu nunca me considerei um profissional de marketing, eu me considerei, sempre, um executivo que tem condição, no fim das contas de... de estar em qualquer tipo de empresa, em qualquer tipo de posição; eu já fui vice-presidente financeiro, já fui vice-presidente de negócios, já toquei...é... estruturas é.... que fazem, por exemplo, serviços financeiros, estruturas que fazem softwares, ou seja, eu já fiz um pouco de cada coisa. Agora, na Totvs, em particular, o trabalho de suceder o Laércio, foi um trabalho que eu considero, assim, maravilhoso, por que é um desafio gigante, né, o Laércio, como você bem lembrou, ele é o fundador da companhia, ele foi o presidente dela durante 35 anos da vida da Totvs. Então, só de vir e suspender uma pessoa com a história e com as conquistas que ele teve, já era uma... já seria uma honra por si; mas, além de tudo isso, o Laércio, desde o primeiro dia brincou comigo, ele disse: “—oh, Dennis, é o seguinte, você vai ter que ser um CEO melhor do que eu”.
[0:10:00] – MM: Arhn!
[0:10:00] – DH: Aí eu... “— Aí você tá querendo me complicar, né? Melhor do que você que fundou a Companhia, você trouxe a Companhia até aqui, pô, você também não facilita a minha vida.” Então, a minha tarefa tá sendo esta, é eu tentar deixar o Laércio feliz nesse sentido e conseguir ser o CEO é... o melhor CEO que a Totvs já teve; quem sabe?
[0:10:24] – MM: Olha! Adorei...rsrsrs... Adorei! Ou seja, você não tem limite nem pra subir sua régua né, é lá... é lá... vai lá... com energia né, chegando junto, papo reto...rsrs... acordando 04h30m da manhã...rsrs...
[0:10:40] - DH: Mas Millena, eu vou te,,,
[0:10:40] – MM: Ahnn...
[0:10:42] – DH: Mas eu vou te dizer que isso aí dá um trabalho, viu... Meu Deus do céu! Realmente...
[0:10:46] – MM: Então, como é que você equilibra...
[0:10:48] – DH: No fim da noite...!
[0:10:49] – MM: Risos... Tá quase desmaiado... Como é que você equilibra a cobrança, a sua, porque eu vi que você que se propôs a isso né... É... a esse status de... de reconhecimento, de... de liderança com... é... além da satisfação; como é que você equilibra, então, a sua cobrança, com a cobrança do outro né, no caso do Conselho, da chefia, com a.... não sei se cobrança, mas expectativa, também, das pessoas que colaboram com você, né, das pessoas que... que estão no seu paralelo, os seus colegas que têm a mesma posição que você mas estão na concorrência, então você tem que se unir pra manter o segmento; como é que fica tudo isso?*
[0:11:27] – DH: Olha, eu acho que o... partindo daquela filosofia que eu te coloquei no começo, de ser uma boa pessoa e... e genuinamente tentar fazer as coisas da melhor maneira possível né, e sempre jogando dentro das regras, dentro das quatro linhas, isso naturalmente vai te dando as aparas né, os guardhills, vamos dizer assim, que te... que te obrigam no final das contas a ficar no trilho, né. Se eu não tivesse, talvez, essa... essa vontade de fazer as coisas direito, de fazer as coisas, é.... do bem, possivelmente uma pessoa com o nível de energia e de vontade de crescer que eu tenho, talvez não conseguiria ter muito... muito limite. Mas eu acho que eu tenho por causa disso né, por não querer conquistar as coisas a qualquer preço, isso não é algo que me... me motiva, eu quero sempre conseguir tudo que eu posso, mas poder chegar à noite e deitar minha cabeça no travesseiro e dormir o sono dos justos que fizeram as coisas direito. Acho que, também, outro elemento super importante de equilíbrio é a vida pessoal mesmo né, a vida familiar, é... apesar de toda essa intensidade, apesar de toda essa energia, é.... eu sou um marido super presente, sou um pai super presente; então, se você me procurar no escritório... tudo bem, hoje em dia, em pandemia, isso não vale muito, mas, em qualquer momento que você me procurar, assim, no escritório depois de umas 6h30 da noite, não iria me encontrar, eu já ia estar em casa, ia estar com meus filhos, ia estar com a minha mulher. Então, você ter uma vida pessoal, uma vida familiar também equilibrada, bem ajustada, é... também é algo que te ajuda a manter um grau de serenidade, de maturidade, e te ajuda no teu dia a dia da empresa também. Eu, particularmente, acho que essas duas coisas não são separadas, elas estão totalmente juntas.
[0:13:49] – MM: Olha só que... que... Não seria uma coincidência, mas olha como tem consistência tudo aí que você tá falando, porque a música que abriu o nosso papo hoje, é uma banda de pop-rock irlandesa familiar né, porque são os irmãos, tocando e cantando junto né, e você disse que... você disse , contou pra gente que tanto você quanto sua esposa gostam muito, já logo no comecinho da conversa você já falou sobre os seus filhos, então, fica claro pra gente, realmente, que você consegue equilibrar, que a família faz parte, mesmo, de quem você é, do que você se propõe a ser, também, profissionalmente, tá tudo aí ligado né?
[0:14:24] – DH: Ah, e Millena, se você me perguntar qual é o maior orgulho que eu tenho...
[0:14:28] – MM: Qual?
[0:14:28] – DH: Eu te digo, é... é o de ter chegado onde eu cheguei sem ter que abrir mão da minha família, né. Muitas vezes, eu vejo, conheço, pessoas que chegaram muito longe, né, no lado profissional, mas chegaram abrindo mão de muita coisa, né, na vida pessoal e muitas vezes abrindo mão da família mesmo, e eu nunca abri mão da minha família, nunca, em momento nenhum. Então, talvez, mais orgulho do que a posição que eu tenho chegado, é a forma com a qual eu cheguei.
[0:15:05] – MM: Que legal! Tem... Nossa, você é um líder bastante humano, bem voltado pra pessoas. Me conta uma coisa, nessa sua relação intensa aí com a sua família né, ser um super presente, marido super presente, você tem dois filhos né, casado coma Cris já há mais de 20 anos, tem dois filhos, o Davi e o Daniel. O que você enxerga neles, assim, muito de você, que você já conseguiu passar já de herança ou que você percebe que você já influencia, que inspira eles, assim?
[0:15:37] – DH: Putz, Millena, tem tanta coisa... Diria assim, oh...
[0:15:40] – MM: Ah, que bom!
[0:15:40] – DH: Não, fisicamente meu mais velho, o Davi, é um xerox meu melhorado, óbvio, mas é um xerox meu, né, o meu caçula é a cara da minha mulher...
[0:15:51] – MM: O Daniel...
[0:15:51] – DH: Mas em jeito, o meu mais novo é mais parecido comigo né, ele também é intenso, ele também é espevitado, acorda cedo, também aquela energia grande. Agora, eles são, os dois, mega competitivos, que é algo que eu também sou, os dois são esportistas, o Davi é cavaleiro, faz salto, ele está entre os melhores do Brasil, hoje, na categoria do dele...
[0:16:26] – MM: Parabéns!
[0:16:26] – DH: O Daniel, ele é o capitão do time sub 11 de futsal lá da hebraica.... É...
[0:16:36] – MM: Olha!
[0:16:37] – DH: Na semana passada, a gente teve a reinauguração, a reestreia do campeonato e ele já marcou dois gols na estreia, é... um capitão mega competitivo, mega energéticos. O Davi, por exemplo, em particular, também adora um negócio que eu gosto desde criança, que é saber as capitais, saber o PIB dos países, o tamanho, população; se você perguntar pra ele, fizer um quizz ali de bandeiras, capitais e tudo mais ele vai acertar 99%, é muito engraçado, igualzinho a mim nesse sentido.
[0:17:14] – MM: Que legal! Parabéns pelos dois, então, pelos gols, também, do Daniel; agora, qual a idade deles, então? O Davi e o Daniel têm quantos anos?
[0:17:21] – DH: O Davi tem 13 e Dandan tem 11.
[0:17:23] – MM: Ah... Nossa, que graça! Muito mocinhos já, adolescentes, que legal!
[0:17:28] – DH: Ah, o Davi tá quase do meu tamanho já, o Davi tá... maior do a.... do tamanho da minha mulher já, quase do meu.
[0:17:35] – MM: Rsrs... Que legal, que legal! Verdade que você torce pro Corinthians?
[0:17:40] – DH: Eu sou corintiano demente...
[0:17:43] – MM: Ai, ai, ai! Quem são as pessoas que te influenciam?
[0:17:47] – DH: Ah, Millena, como eu leio muito, eu gosto muito de ler histórias em geral, então normalmente eu vou buscar inspiração nos grandes líderes aí das últimas décadas, dos últimos séculos né...
[0:18:03] – MM: Uhum...
[0:18:03] – DH: Então, tem algumas figuras que eu vou falar pra você aqui, e quem me conhecer já vai e fala: “— nossa, verdade, o cara fala deles direto”, Winston Churchill, né, o ex primeiro ministro britânico, ali, na... principalmente na segunda guerra, o Franklin Roosevelt, né, que foi presidente americano durante o... a recuperação do crash de 1929 e durante a segunda guerra também, e posso te falar do , David Ben-Gurion que foi o grande fundador do Estado de Israel, também; talvez sejam três figuras históricas que, ao longo da minha vida, sempre me inspiraram bastante.
[0:18:44] – MM: Que legal! O Churchill... Bom, vários deles têm várias frases famosas, mas o Churchill tem uma que diz assim: “nunca fugir e não se abater, desesperar jamais”...rsrsr... Você é bem assim no seu dia a dia, vem um desafio, vem um problema, você não fecha os olhos, você olha bem, agarra, abraça e vai... Vai resolver?
[0:19:06] – DH: É exatamente isso; ele... Ele tem várias né, ele falava “nunca se renda” (never surrender), ela tinha... “o que eu posso prometer é sangue, suor e lágrimas”... Vixi, ele tem aí... nesse tema ele tem um monte de frases, e o mais legal pra mim é que “frase” não é uma coisa tão difícil de fazer, apesar de ele ser mestre nisso.
[0:19:29] – MM: Aham...
[0:19:29] – DH: O duro é que além das frases, ele praticava genuinamente tudo o que ele falava né; então, isso pra mim... a pessoa que faz, realmente, aquilo que fala, pra mim já tá num grau superior à média, entendeu?
[0:19:48] – MM: Demonstrou consistência ao longo da vida, né, e uma comunicação bastante assertiva, o que ele pensa é o que ele sente, é o que ele fala, é o que ele faz, né. Então...
[0:20:01] – DH: Não, e o que não quer dizer que a pessoa, talvez, é inflexível, porque muitas pessoas confundem com teimosia ou inflexibilidade, e pra mim é exatamente o inverso, você pode falar e você pode fazer e você pode mudar, não tem problema nenhum.
[0:20:16] – MM: Você se lembra de algum desafio, algum problema, assim, que foi determinante, que hoje você olha pra trás e sente orgulho da vitória ou da solução ou, simplesmente, pode até ter deixado ele de lado e falado: “— quer saber? Isso aqui parece tão assustador, mas eu vou deixar de lado” e quando você vê se resolveu por si só, alguma coisa que marcou, assim, a sua vida?
[0:20:37] – DH: Ah... Millena, tem, tem coisas; veja, profissionalmente têm coisas que eu... que eu tentei, não deram certo por um lado, mas deram muito certo por outro. Eu fundei uma empresa lá em 1999, se chamava Gibraltar.com, naquela primeira onda da internet, é... e... e ela deu muito certo por um lado, mas eu fechei ela com menos de um ano de vida, porque veio aquele estouro da bolha da Nasa, no começo do ano 2000 e eu tive que fechar a empresa, mas o nível de aprendizado que eu tive quando eu tinha 24 anos só, foi algo que eu usei pra minha vida inteira. É... Sei lá, tenho 10, 15 exemplos como esse de coisas que foram muito... muito marcantes pra mim. E engraçado é que boa parte delas não necessariamente foram naquele momento que aconteceram um sucesso, geraram algum grau de estresse, mas, olhando depois em retrospectiva foram mega importantes.
[0:21:50] – MM: Olha que legal, achei uma frase aqui do Roosevelt que tem tudo a ver com o que você tá falando: “Faça algo, e se não conseguir faça outra coisa mas, acima de tudo, tente algo”. Bem você, aí, com esse exemplo que você tá contando né? Bora fazer, bora realizar, tenha energia, vai...rsrs.
[0:22:07] – DH: E aí, Millena, o que acontece? Maior parte das vezes as pessoas acham que você não fazer nada, você não tá decidindo; não, quando você não tá fazendo nada você está tomando uma decisão, que é a de não fazer nada, e como toda decisão, existe um custo. Então, eu sempre parto desse princípio: “bom, beleza” Eu posso não fazer nada, mas se eu decidir não fazer nada eu estou decidindo alguma coisa e existe um custo associado a ela, e aí eu posso medir e comparar com qualquer outro tipo de decisão que eu venha a tomar.
[0:22:42] – MM: É... Não, muito interessante você enfatizar isso, muito importante mesmo, o silêncio já é uma reação; principalmente quando a gente fala de compliance nas empresas né, quando a gente fala da inclusão da diversidade, quando a gente fala desses bons ambientes de trabalho, que a gente não pode estimular a agressividade né, essas coisas todas, o silêncio, ele é sim uma decisão, né? Não é um deixa pra lá...
[0:23:07] – DH; Sem dúvida!
[0:23:07] – MM: Na verdade... É.
[0:23:08] – DH: Sem dúvida!
[0:23:09] – MM: É verdade.
[0:23:11] – DH: Né? Eu, eu brinco, Millena, que... É engraçado, a gente estava falando antes de começar a entrevista né, eu brinquei com você, é que.... você estava me contando um pouco do espírito do podcast, e eu falei pra você: “— é; é pras pessoas saberem que mesmo CEO vai no banheiro”, né? E é engraçado, por que... eu, exatamente por ter essa noção exata da história, de onde veio, o que se precisou fazer pra se chegar até aqui e tudo mais, me faz o tempo todo ter sempre a clareza de que eu estou na posição que eu estou, mas eu não sou, eu estou presidente, eu não sou o presidente; amanhã eu já não sou mais, eventualmente. Mesmo quando eu estou hoje, eu sou uma pessoa normal, ô Millena, é igual, eu tenho medo que nem todo mundo, eu tenho dúvida que nem todo mundo, eu sofro igual a todo mundo, fico feliz, também, que nem todo mundo; é, não muda nada, viu.
[0:24:13] – MM: Rsrsrs... Vai no banheiro, que nem todo mundo....rsrs... só pra enfatizar..rsrs.
[0:24:18] – DH: Igual, que nem todo mundo.
[0:24:18] – MM: O quê te deixa indignado, assim, fora do sério? Porque você é uma pessoa que tá me demonstrando ser muito forte, né, que pouca coisa te abala, mas o que te deixa, assim, indignado ou frustrado, que... sabe, estraga um pouquinho ali do teu dia?
[0:24:32] – DH: Ah... Eu acho que covardia; normalmente covardia e hipocrisia, são duas coisas que me incomodam muito, né; covardia porque é aquela coisa de você não dar chance... você se aproveitar de uma posição de... de força pra esmagar, prejudicar alguém, então, isso me incomoda profundamente; e a hipocrisia, porque é um pouco do que a gente estava falando no Churchill, é você falar uma coisa e fazer outra, é melhor você não falar nada e fazer o que você tem pra fazer, entendeu? Se é pra falar alguma coisa, faça o que você está falando, e também se tiver pra fazer alguma coisa, faça o que você está falando, meu Deus do céu, entendeu?
[0:25:19] – MM: Risos.
[0:25:21] – DH: Ou é um ou é outro, não dá os dois.
[0:25:23] – MM: Simplifica a vida, né? Rs... Deixa o fingimento pra... pras artes, pra uma boa peça, uma história de ficção né, vida real é vida real...
[0:25:31] – DH: E para de me tratar que nem bobo, né, porque as pessoas, normalmente, percebem quando você tá falando uma coisa e fazendo outra ou o inverso.
[0:25:40] – MM: É, é verdade, verdade. Bom, vejo assim que... você é muito, muito esperto mesmo, no bom sentido né, muito vivo, muito inteligente aí, gosta, já falou que é competitivo, então, provavelmente também é bastante estrategista, sabe onde quer chegar, gosta de... de olhar fundo e olhar lá na frente. Será que você faz alguma coisa com... com mais descontração, mais espontaneidade?
[0:26:06] – DH: Cozinho quase todo dia, inclusive...
[0:26:09] – MM: Olha!
[0:26:09] – DH: A minha mulher... Não, nesse sentido a minha mulher não entra na cozinha, a não ser pra comer, quem faz o café da manhã, de manhã pra todo mundo sou eu, é... à noite, muitas vezes quando eu chego em casa, eu abro a geladeira e não gosto muito do que eu vejo, aí eu vou lá preparar alguma coisa, é... final de semana também, normalmente sou eu quem cozinha, quando não sou eu, eu tô ajudando a... a nossa empregada lá no interior, nós temos uma casa no interior pra cozinhar; então, eu... eu adoro cozinhar, eu não sigo receita nenhuma, é tudo no olho, eu abro a geladeira, vejo o que tem ali e falo: “— não, isso aqui vai combinar com aquilo, o outro com não sei o quê, quantidade também é a mesma história: “não, isso daqui acho que se colocar assim, colocar assado vai dar certo; na maioria das vezes eu tenho conseguido, tem uma vez ou outra que sai bem ruim. [risos].
[0:27:08] – MM: Rsrsrs... Aii... Eu tô imaginando aqui...rsrs... Por exemplo... rsrsrs... Eu sou convidada, eu sou sua convidada, lá, da sua família, tal: “— vamos lá almoçar em casa”, aí eu consigo saber o que vai ter pra comer antes ou não? Porque... ou você vai criando lá na hora, tal... rsrs... É na base da surpresa...
[0:27:26] – DH: Não, consegue.
[0:27:26] – MM: Consigo... Han...
[0:27:27] – DH: Não, consegue. Eu tenho um ou outro prato que já são tradicionais; então, por exemplo, tem o famoso Bife Wellington...
[0:27:36] – MM: Ahhhh....
[0:27:36] – DH: Que é o.... Você conhece o Bife Wellington?
[0:27:39] – MM: Sim, que é o da capinha, não é isso?
[0:27:42] – DH: Exatamente! Aquele.... Tem o... o Rosbife e ele é entre... você tem uma camada de... de cogumelo em volta, e aí você coloca presunto cru em volta, também, e cobre com a massa folhada; esse, então, um prato tradicional que eu faço; outro é, por exemplo, um Fettuccine com molho branco de fungo, é também um que eu gosto de fazer bastante...rsrs...
[0:28:12] – MM: Que legal! Você capricha, então, faz receitas elaboradas, que têm processos né, não é uma coisa assim rapidinha, tudo junto na mesma panela, você capricha.
[0:28:23] – DH: Não, e eu gosto... é engraçado que eu gosto muito da preparação, então, por exemplo, [...?] , cortar a cebola, cortar o alho, picar não sei o quê, toda essa preparação, mis en place, é uma parte que eu gosto, certo. Você perguntou do momento da meditação, possivelmente esse é o meu momento.
[0:28:46] – MM: Rsrsrs.... Tô vendo, tô imaginando, tô imaginando. Então você corta tudo, acha os ingredientes, põe tudo ali, você faz todo o processo. Que legal!
Aí pode...
[0:28:57] – DH: Tudo organizadinho.
[0:28:59] – MM: E pode ficar, lá, junto com você ou não, você gosta de ficar sozinho, assim, ou se o pessoal chega, traz uma bebida, conversa, criança passando, gente querendo ajudar, querendo atrapalhar...rsrsrs.
[0:29:09] – DH: Não, pode ficar junto, não tem problema nenhum.
[0:29:14] – MM: Que legal! Que legal... Nossa, gostei de saber! É lá, então, na cozinha que você cria, que você traz a sua criatividade, a tua imaginação pelo sensorial, é o cheiro, é o sabor, a textura, as cores, você faz sua arte.
[0:29:31] – DH: é isso aí.. É isso aí.
[0:29:33] – MM: Ahh... que gostoso! A Cris faz o quê? Ela é formada em quê?
[0:29:37] – DH: A Cris, ela se formou em administração e trabalhou até... deve ter ido até dois mil e... 2012, mais ou... não, é, não... 2012, talvez 2011 - 2012, ela trabalhou no mercado de telecomunicações, foi da Vivo, da telefônica na época, durante muitos anos, trabalhou na Folha de São Paulo também muitos anos, é... mas aí quando nasceram os dois ela... ela resolveu cuidar das crianças e cuidar de mim.
[0:30:12} – MM: Ahhh... Acompanhar de perto. Mas, então, ela também tem essa experiência executiva, ou seja...
[0:30:16] – DH: Tem...
[0:30:16] – MM: No dia a dia vocês trocam bastante, ela compreende você e você a compreende que foi a decisão do casal cuidar da família. Que bom, que bom! Dennis, olha como o tempo voa, tá na hora de a gente encerrar o nosso papo, você acredita?
[0:30:31] – DH: É, passou muito rápido!
[0:30:34] – MM: Pois é, gostoso né! Falar assim...
[0:30:37] – DH: Papo bom.... papo bom é assim, Millena...
[0:30:39] – MM: Rs... Verdade! Não, e é gostoso, também, a gente olhar pra trás e saber que a gente tem coisas pra compartilhar né, que podem servir pras outras pessoas, é muito gostoso isso; você tem uma trajetória maravilhosa, você foi espontâneo, foi alegre aqui, e nossa, muito desenvolto, foi muito legal ter você aqui, obrigada!
[0:30:59] – DH: Não, eu que te agradeço, Millena, foi uma delícia, muito gostoso mesmo.
[0:31:03] – MM: Que bom! E você sabe que a gente pode encerrar com você oferecendo uma música, eu já olhei aqui, você escolheu The Best, da Tina Turner; adorei! Quem que é simplesmente o melhor na sua vida, hein?
[0:31:16] – DH: [Risos]... De certo que é a minha mulher com os meus filhos, eles são os melhores, sem dúvida nenhuma. [ Risos].
[0:31:23] – MM: Adorei! Então você vai oferecer essa música pra eles?
[0:31:28] – DH: Eu vou, que eu quero dormir essa noite na minha cama e não no sofá, Millena...
[0:31:32] – MM: Rsrsrsrs... Pôxa, Dennis, olha, eu tenho certeza que o Laércio Cosentino tá super feliz com você...rsrsrs... Eu tenho certeza que os seus colaboradores também estão felizes, o mercado tá feliz, que você continue com essa energia. Quero te desejar mais realizações pessoais, mais reconhecimento profissional, mais felicidade e saúde pra você, viu!
[0:31:59] – DH: Obrigadão, Millena! Eu também te desejo tudo isso e... e fico muito, muito, muito contente com esse papo, foi como te falei, uma delícia.
[0:32:08] – MM: Ai que bom! Obrigada, volte sempre; a gente marca, então, um próximo...rs
[0:32:11] – DH: Fechado!
[0:32:13] – MM: Então tá bom... Obrigada, viu! Gente, esse foi o podcast com o lado pessoal de Dennis Herzkowicz, presidente da Totvs, que vai ficar disponível pra você escutar quantas vezes você quiser, compartilhar também... Então faça isso, compartilhe agora mesmo com todas as pessoas que você gosta, que você quer bem, porque olha, foi tão bacana esse papo, não é? O que é bom a gente tem que espalhar por aí. Bom, a gente se encontra, então, no próximo podcast? É isso aí, combinado! Um beijo... Até lá!
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Escrito por Antena 1
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