Pular o café da manhã pode contribuir para a obesidade
O Ministério da Saúde fez um alerta: um em cada cinco brasileiros é obeso.
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Pesquisadores brasileiros e europeus se juntaram para desvendar por que crianças e adolescentes têm ganhado tanto peso. E o grupo chegou a uma conclusão bastante curiosa: pular o café da manhã pode ser um hábito bastante ruim se você não quiser engordar.
O estudo foi publicado na Scientific Reports e feito por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e de seis países da Europa (Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Grécia e Itália). Nele, os cientistas avaliaram comportamentos determinantes para o ganho de peso entre crianças e adolescentes. Eles perceberam que esse grupo etário tem o hábito de pular o café da manhã antes de seguir para a aula – e isso pode ter relação direta com o aumento da circunferência abdominal e com o aumento de massa corporal (IMC).
Segundo Elsie Costa de Oliveira Forkert, epidemiologista e pesquisadora do Grupo de Pesquisa YCare do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP, pular o desjejum está associado a marcadores de adiposidade nos adolescentes.
A pesquisadora ainda afirma que, ao dispensar a primeira refeição do dia, crianças e adolescente de todo o mundo podem substituir uma alimentação mais saudável dentro de cada pelo consumo de alimentos industrializados em lanchonetes e cafeterias. São exemplos salgadinhos, doces e refrigerantes – hipercalóricos e de baixo valor nutricional.
Este estudo recente foi baseado em duas grandes pesquisas anteriores: a europeia Healthy Lifestyle in Europe by Nutrition in Adolescence Cross-Sectional Study (Helena – CSS) e a brasileira intituilada Saúde Cardiovascular do Adolescente Brasileiro (BRACAH Study). A primeira foi conduzida entre 2006 e 2007 e avaliou mais de 3 mil adolescentes de 10 grandes cidades da Europa, todos entre 12 e 17 anos. O segundo, em 2007, na cidade de Maringá, no Paraná, também analisou adolescentes.
Estudo recente
O estudo de agora avaliou peso, altura, índice de massa corporal, circunferência abdominal e relação cintura-altura. Os comportamentos relacionados ao equilíbrio energético também foram observados – um mínimo de 60 minutos por dia de atividade física moderada a vigorosa foi considerado adequado.
O comportamento sedentário deles foi medido através do tempo diário despendido na gente da televisão, computador ou videogame. O sono dos adolescentes também foi analisado.
Já os hábitos alimentares dos jovens foram medidos através do questionário de Escolhas e Preferências Alimentares. Nele, era possível selecionar o grau de concordância (de 1 a 7) com a afirmação “Eu muitas vezes pulo o café da manhã”. A partir disso, os pesquisadores descobriram que os adolescentes que pulavam a refeição apresentavam, em média, valores maiores nos marcadores de adiposidade em relação àqueles que se alimentavam logo após acordar.
Questão recorrente
Não é de hoje que o hábito de pular o café da manhã causa polêmica. A questão da perda de peso tem sido central no debate sobre o assunto, em parte porque vários estudos afirmavam que comer no início do dia era necessário para controlar o peso. Ao olhar para pesquisas que não são financiadas pela indústria de alimentos, no entanto, a resposta é menos clara.
Apesar de tudo, Sharon Collison, uma nutricionista e instrutora clínica em nutrição da Universidade de Delaware, nos Estados Unidos, diz que não tem conhecimento de nenhum estudo que tenha mostrado que tomar café da manhã pode fazer você ganhar peso - então é provável que não haja danos em consumir a refeição diariamente.
Curiosamente, Collison já notou que “as pessoas que lutam com o peso tendem a comer mais calorias no final do dia e menos no início do dia. As pessoas que não comem o suficiente no início do dia podem ter aumentado a fome e aumentar os desejos no final do dia e acabarão comendo mais.”
Obesidade no Brasil
Estudos deste tipo são especialmente importantes já que, segundo dados recentes do Ministério da Saúde, um em cada cinco brasileiros é obeso. A Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2018 foi divulgada nesta semana.
No levantamento, 55,7% têm excesso de peso – um aumento de 30,8% desde 2006. Naquele ano, 42,7% dos brasileiros estava acima do peso. Em relação à obesidade, entre 2006 e 2018 houve um aumento de 11,8% para 19,8% - maior índice registrado em todo o período.
A Vigitel é realizada todos os anos pelo Ministério da Saúde, através de questionários telefônicos. Na última edição, foram mais de 50 mil entrevistas, feitas de fevereiro a dezembro do ano passado, com pessoas com mais de 18 anos nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal.
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