Secretário de Estado dos EUA adia viagem à China por causa de 'inaceitável' balão espião chinês
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Por Humeyra Pamuk e Idrees Ali e Michael Martina
WASHINGTON/PEQUIM (Reuters) - O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, adiou uma visita à China que deveria começar na sexta-feira, depois que um balão espião chinês foi rastreado voando pelos Estados Unidos, no que as autoridades norte-americanas chamaram de 'clara violação ' da soberania dos EUA.
O Pentágono disse na quinta-feira que estava rastreando um balão de vigilância de alta altitude sobre o território continental dos Estados Unidos. Autoridades disseram que os líderes militares consideraram derrubá-lo sobre o Estado de Montana na quarta-feira, mas acabaram aconselhando o presidente norte-americano, Joe Biden, a não fazê-lo, por causa do risco de segurança representado pelos destroços.
A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse que Biden foi informado sobre o voo do balão na terça-feira e que havia um 'consenso do governo de que não era apropriado viajar para a República Popular da China neste momento'.
O governo estava ciente da declaração de 'lamento' da China 'mas a presença deste balão em nosso espaço aéreo é uma clara violação de nossa soberania e do direito internacional. É inaceitável que isso tenha ocorrido', disse ela em um briefing.
Na sexta-feira, o porta-voz do Pentágono, brigadeiro-general Patrick Ryder, disse que o balão havia mudado de curso e agora estava flutuando para o leste a cerca de 18.300 metros de altitude, acima da parte central do país. Ele disse que o balão provavelmente estaria sobre os Estados Unidos por mais alguns dias.
A divulgação do Pentágono sobre a capacidade de manobra do balão desafia diretamente a afirmação da China de que o balão era apenas uma aeronave 'civil' que entrou no território dos EUA depois de ser desviada do curso.
O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse a repórteres que em uma conversa com Wang Yi, diretor da Comissão Central de Relações Exteriores da China, Blinken disse que estará preparado para visitar Pequim assim que as condições permitirem.
O senador republicano Tom Cotton pediu que Blinken cancelasse sua viagem, enquanto o ex-presidente republicano Donald Trump, candidato presidencial declarado para 2024, postou 'DERRUBEM O BALÃO!', em sua plataforma de mídia Truth Social.
O adiamento da viagem de Blinken, que foi acertada em novembro por Biden e o presidente chinês Xi Jinping, representa um revés para os dois lados, que a veem como uma oportunidade tardia de estabilizar um relacionamento cada vez mais conturbado. A última visita de um secretário de Estado dos EUA foi em 2017.
Um funcionário da Casa Branca disse que o governo informou uma equipe que reúne líderes republicanos e democratas do Senado e da Câmara na tarde de quinta-feira.
O funcionário disse que essa atividade de vigilância de balões 'foi observada nos últimos anos, inclusive no governo anterior --mantivemos o Congresso informado sobre esse assunto'.
A China deseja um relacionamento estável com os EUA para que possa se concentrar em sua economia, prejudicada pela agora abandonada política de Covid-zero e negligenciada por investidores estrangeiros alarmados com o que veem como um retorno da intervenção estatal no mercado.
Nos últimos meses, Xi se reuniu com líderes mundiais, buscando restabelecer laços e resolver divergências.
(Reportagem de Steve Holland, Idrees Ali, Humeyra Pamuk, Phil Stewart, Michael Martina e David Brunnstrom em Washington; reportagem adicional de Tony Munroe, Ryan Woo e Yew Lun Tian em Pequim, Akriti Sharma em Bengaluru, Greg Torode em Hong Kong e Lion Schellerer em Cingapura)
Escrito por Reuters
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