Transmissão da Covid-19 pode acontecer pelo ar, reforçam cientistas em carta aberta à OMS

O novo coronavírus não se espalha apenas por grandes gotículas expelidas por pessoas infectadas em tosses ou espirros. Partículas menores também podem permanecer no ar em ambientes fechados e pouco ventilados, levando à contaminação nas proximidades. É o que um grupo de 239 cientistas reforçou em carta aberta à Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgada ontem (06).

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O documento, que contou com a assinatura de pesquisadores de 32 países – incluindo o Brasil –, pede que o órgão revise suas recomendações frente às novas evidências de transmissão do vírus por vias aéreas, possibilidade que já vinha sendo levantada por grupos científicos pelo menos desde abril deste ano. Em atualização mais recente sobre a Covid-19, a OMS afirmou que o contágio aéreo da doença só é possível após procedimentos médicos que produzem aerossóis ou gotículas menores que 5 mícrons, como os de intubação de pacientes.

Para cientistas e consultores da organização entrevistados pelo jornal norte-americano The New York Times, o comitê de prevenção e controle de infecções da OMS, apesar das boas intenções, ainda é lento nas atualizações e está ligado a uma “visão rígida e excessivamente medicalizada das evidências científicas”.

Especialistas ouvidos pela reportagem sugeriram que o órgão deveria considerar o pior cenário sobre o vírus e, então, recomendar a melhor forma de defesa – é o chamado “princípio de precaução”. Médica de cuidados primários da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, a Dra. Trish Greenhalg explicou: “Não há provas incontestáveis de que o SARS-CoV-2 viaje ou seja transmitido significativamente por aerossóis, mas não há absolutamente nenhuma evidência de que não seja”.

Entre as medidas de controle que a carta divulgada ontem por cientistas sugere que os governos adotem, estão o uso de máscaras em lugares fechados – ainda que as pessoas se encontrem em distanciamento social –, a minimização do ar de recirculação, e a adição de filtros mais potentes em sistemas de ventilação de escolas, residências, empresas e lares de idosos.

Em resposta à Reuters, Tarik Jasarevic, porta-voz da OMS, disse ontem que a organização tomou consciência do artigo e já estava “avaliando seu conteúdo com os especialistas técnicos”.

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