Trong, líder máximo do Vietnã, morre aos 80 anos após longo governo
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Por Phuong Nguyen e Francesco Guarascio
HANÓI (Reuters) - O chefe do Partido Comunista do Vietnã, Nguyen Phu Trong, morreu aos 80 anos nesta sexta-feira depois de ocupar o cargo mais poderoso do país por 13 anos, durante os quais supervisionou o rápido crescimento econômico, uma repressão antissuborno que durou anos e uma política externa pragmática.
As funções de Trong foram temporariamente atribuídas ao presidente To Lam, uma estrela em ascensão dentro do partido que poderia consolidar ainda mais seus poderes se lhe for permitido manter as duas funções.
Trong morreu no início da tarde 'devido à idade avançada e a uma doença grave', disse o Partido Comunista em um comunicado, sem dar mais detalhes sobre a natureza da doença.
O comunicado citou informações da equipe médica de Trong, dizendo que ele morreu 'depois de um período de doença, apesar de ter sido tratado de todo o coração pelo Partido, pelo Estado, por um grupo de professores, médicos e especialistas em medicina'.
Lam havia assumido as funções de Trong na quinta-feira, devido à condição do chefe do partido. Agora, o partido precisará decidir se Lam será formalmente nomeado como chefe interino do partido até que o atual mandato para o cargo expire em 2026, ou se elegerá um novo chefe antes disso, dentre suas fileiras.
Trong recebeu o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o líder da China, Xi Jinping, em Hanói no ano passado, impulsionando as relações com ambos os países, apesar das crescentes tensões entre os Estados Unidos e a China.
Biden expressou suas condolências, dizendo que era um defensor dos laços profundos entre os Estados Unidos e o Vietnã. As pessoas de ambos os países 'desfrutam de maior segurança e oportunidade hoje em dia devido à amizade entre nossos dois países. Isso é graças a ele', disse Biden, elogiando-o por ser o primeiro líder do partido vietnamita a visitar os Estados Unidos.
O Partido Comunista da China também enviou uma mensagem de condolências ao Vietnã, chamando-o de 'marxista convicto' e 'um bom camarada, irmão e amigo', informou a mídia estatal.
Embora o Vietnã oficialmente não tenha um governante supremo, Trong era a figura mais poderosa do país como secretário-geral do partido e estava no cargo desde 2011.
Ele garantiu um terceiro mandato em 2021 depois que uma regra que limitava os detentores a dois mandatos como chefe do partido foi dispensada, demonstrando sua força e influência política significativa em um partido que tem governado o Vietnã unificado por quase meio século.
Porém, nos últimos meses, ele pareceu frágil em eventos públicos e faltou a várias reuniões de alto nível.
A consolidação do poder sob Lam seria vista por alguns empresários e analistas como potencialmente positiva para acelerar a tomada de decisões no país do sudeste asiático, que abriga grandes fábricas das principais multinacionais, incluindo a Samsung, a Intel, a Canon e a Foxconn, principal fornecedora da Apple.
Uma mudança clara na liderança de Lam 'poderia moderar a instabilidade política e as brigas entre facções, pelo menos no curto prazo', disse Peter Mumford, especialista em Sudeste Asiático do Eurasia Group, afirmando que isso seria benéfico para o crescimento econômico.
Mas alguns diplomatas e ativistas também veem riscos de uma repressão às liberdades civis e uma tendência a um governo mais autocrático, no estilo da China, se Lam puder concentrar mais poderes sem controle em suas mãos, rompendo com a tradição do partido de tomar decisões colegiadas.
Escrito por Reuters
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