Trump diz que imporá tarifas de 10% sobre todas as importações, com taxas mais altas para alguns países
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Por Andrea Shalal e David Lawder
WASHINGTON (Reuters) - O presidente norte-americano, Donald Trump, disse nesta quarta-feira que vai impor uma tarifa básica de 10% sobre todas as importações para os Estados Unidos e taxas mais altas sobre alguns dos maiores parceiros comerciais do país, em uma medida que intensifica uma guerra comercial que ele iniciou em seu retorno à Casa Branca.
As taxas abrangentes erguerão novas barreiras ao redor da maior economia consumidora do mundo, revertendo décadas de liberalização comercial que moldaram a ordem global. Espera-se que os parceiros comerciais respondam com contramedidas próprias que podem levar a preços mais altos para tudo, de bicicletas a vinho.
Os futuros da Bolsa de Nova York caíram drasticamente após o anúncio, depois de semanas de negociações voláteis, conforme os investidores especulavam sobre como as tarifas que estão chegando poderiam afetar a economia global, a inflação e os lucros das empresas. O mercado acionário dos EUA perdeu quase US$5 trilhões em valor desde fevereiro.
'É a nossa declaração de independência', disse Trump em um evento no Rose Garden da Casa Branca.
As importações chinesas serão atingidas por uma tarifa de 34%, além dos 20% impostos anteriormente, elevando o novo imposto total para 54%. Os aliados mais próximos dos EUA não foram poupados, incluindo a União Europeia, que enfrentará uma tarifa de 20%, e o Japão, que será alvo de uma taxa de 24%. O Brasil recebeu uma tarifa de 10%.
Uma autoridade da Casa Branca, falando sob condição de anonimato, disse que essas penalidades entrarão em vigor em 9 de abril e serão aplicadas a cerca de 60 países no total.
A tarifa básica de 10% entrará em vigor no sábado, disse a autoridade.
O Canadá e o México, os dois maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos, já estão sujeitos a tarifas de 25% sobre muitos produtos e não sofrerão cobranças adicionais com o anúncio desta quarta-feira.
As tarifas 'recíprocas', segundo Trump, foram uma resposta às tarifas e outras barreiras não tarifárias impostas aos produtos norte-americanos. Ele argumentou que os novos impostos impulsionarão os empregos de manufatura no país.
'Durante décadas, nosso país foi saqueado, pilhado, estuprado e depredado por nações próximas e distantes, tanto amigas quanto inimigas', disse Trump no evento.
As tarifas recíprocas não se aplicam a certos produtos, incluindo cobre, produtos farmacêuticos, semicondutores, madeira, ouro, energia e 'certos minerais que não estão disponíveis nos Estados Unidos', de acordo com um documento da Casa Branca.
Após seus comentários, Trump assinou um decreto para fechar uma brecha comercial usada para enviar pacotes de baixo valor com isenção de impostos da China. O decreto abrange produtos da China e de Hong Kong e entrará em vigor em 2 de maio, de acordo com a Casa Branca.
A enxurrada de penalidades de Trump tem abalado os mercados financeiros e as empresas que dependem de acordos comerciais que estão em vigor desde meados do século passado.
Mais cedo, o governo disse que um conjunto separado de tarifas sobre as importações de automóveis que Trump anunciou na semana passada entrará em vigor a partir de quinta-feira.
Trump já impôs tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio e as estendeu a quase US$150 bilhões em produtos derivados.
Seus assessores dizem que as tarifas devolverão aos Estados Unidos capacidades de fabricação estrategicamente vitais.
Mas economistas alertaram que as tarifas poderiam desacelerar a economia global, aumentar o risco de recessão e elevar em milhares de dólares o custo de vida de uma família norte-americana média. As empresas têm reclamado que a enxurrada de ameaças de Trump tem dificultado o planejamento de suas operações.
As preocupações com as tarifas já desaceleraram a atividade manufatureira em todo o mundo, ao mesmo tempo em que estimularam as vendas de automóveis e outros produtos importados, já que os consumidores correm para fazer compras antes que os preços subam.
(Reportagem adicional de Kanishka Singh e Steve Holland)
Escrito por Reuters