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Ucrânia adota lei 'histórica' para proibir igreja minoritária ligada à Rússia

Placeholder - loading - Policiais ucranianos se colocam ao lado da Catedral de São Jorge da Igreja Ortodoxa Ucraniana, acusada de estar ligada a Moscou em Lviv 05/04/2023 REUTERS/Roman Baluk
Policiais ucranianos se colocam ao lado da Catedral de São Jorge da Igreja Ortodoxa Ucraniana, acusada de estar ligada a Moscou em Lviv 05/04/2023 REUTERS/Roman Baluk

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Por Yuliia Dysa e Olena Harmash

Kiev (Reuters) - Parlamentares ucranianos aprovaram nesta terça-feira uma lei que prevê a proibição das atividades de um ramo da Igreja Ortodoxa ligado à Rússia, abrindo caminho para uma ruptura histórica com uma instituição que o governo ucraniano acusa de cumplicidade na invasão da Ucrânia pelas forças russas.

A maioria dos ucranianos são cristãos ortodoxos, mas a fé está dividida num ramo tradicionalmente ligado à Igreja Ortodoxa Russa - a Igreja Ortodoxa Ucraniana (IOU), e numa Igreja Ortodoxa da Ucrânia independente, reconhecida pela hierarquia ortodoxa mundial desde 2019.

Líderes ucranianos acusaram a IOU, ligada a Moscou, de cumplicidade com a guerra de 30 meses da Rússia contra a Ucrânia, divulgando propaganda pró-Rússia e abrigando espiões.

O projeto de lei aprovado por 265 parlamentares proíbe a Igreja Ortodoxa Russa em território ucraniano e diz que uma comissão do governo montará uma lista de organizações 'afiliadas' cujas atividades não são permitidas. Espera-se que a lista vise especificamente a IOU.

O presidente Volodymyr Zelenskiy saudou a votação como um passo para fortalecer a 'independência espiritual' da Ucrânia.

A parlamentar Iryna Herashchenko disse que se tratava de uma questão de segurança nacional.

'Esta é uma votação histórica. O Parlamento aprovou uma legislação que proíbe uma filial do país agressor na Ucrânia', escreveu ela no Telegram.

Historicamente, a IOU fazia parte da Igreja Ortodoxa Russa, mas começou a se distanciar de Moscou após a invasão de fevereiro de 2022.

Autoridades ucranianas contestam essa alegação e abriram dezenas de processos criminais, incluindo acusações de traição, contra dezenas de seus clérigos. Pelo menos um deles foi enviado à Rússia como parte de uma troca de prisioneiros.

O metropolita da IOU, Klyment, reiterou que a igreja não tem vínculos com 'centros estrangeiros' e criticou o projeto de lei.

'A Igreja Ortodoxa Ucraniana continuará a viver como uma igreja verdadeira, reconhecida pela grande maioria dos fiéis ucranianos praticantes e igrejas do mundo', disse, à emissora Hromadske TV.

Segundo pesquisas de opinião, cerca de 82% dos ucranianos não confiam na IOU, contra apenas aproximadamente 8% da população que confiam.

Os parlamentares disseram que o processo de banimento da IOU será longo e complicado, já que cada paróquia ortodoxa é uma entidade individual e teria nove meses para decidir se deseja deixá-la.

Após esse período, os casos poderão ser levados ao tribunal para bani-la.

'Hoje embarcamos no caminho inevitável da limpeza, a partir de dentro, da rede de agentes do Kremlin, que têm se escondido atrás da máscara de uma organização religiosa por décadas', disse o parlamentar Roman Lozynskyi, no Facebook.

Escrito por Reuters

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