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Wish You Were Here: A Triste História Que Rendeu a Obra Prima do Pink Floyd

Entenda mais sobre as motivações que levaram a banda a escrever um disco que nos convida a refletir sobre a condição humana e a fragilidade das relações

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Pink Floyd não é uma banda que fazia músicas; eles faziam álbuns. Ou, segundo a definição de Roger Waters, “uma coerente e coesa peça de trabalho com um começo, um meio e um fim. Mais como uma peça ou um filme do que como o que costumávamos chamar de álbuns, como se eles fossem fotos aleatórias agrupadas”. Obras primas que se completavam faixa a faixa, tecendo narrativas profundas e absolutamente originais.

Dentre tantos discos feitos pelos arquitetos do rock espacial psicodélico, vale ser destrinchado aquele que vendeu mais rapidamente na carreira inteira da banda: Wish You Were Here.

A falta

O álbum pode se resumir a uma palavra: ausência. Substantivo que definiu a capa dele e deu o tom introspectivo – talvez o maior de todas as suas produções – e a inspiração necessária às músicas que apresentam um esforço criativo incomparável. Essa temática, presente em suas múltiplas nuances, manifesta-se em duas frentes principais nas letras: como uma crítica à indústria musical e como uma reflexão sobre o passado da banda, representado pela figura do ex-integrante, fundador e líder Syd Barrett.

Na primeira frente, a banda desnuda os bastidores desse meio, desmascarando a falta de autenticidade e a busca desenfreada por lucros, em detrimento da arte e da conexão humana. Na segunda, a falta de Barrett, marcada por sua luta contra a saúde mental e o afastamento da banda, torna-se um símbolo da nostalgia e da perda, tecendo um manto de saudade sobre as canções.

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Fama, Sucesso e Dinheiro

O que fazer após alcançar o auge? Elaborar um novo álbum depois de um sucesso estrondoso como o de The Dark Side of The Moon, que havia acabado de ser lançado e rendeu fama, dinheiro e sucesso aos Floyd, foi um grande desafio. E, considerando os posicionamentos dos integrantes perante a indústria musical e ao sistema em geral, a revolta foi um sentimento que permaneceu no coração das músicas que viriam a seguir.

Havia uma necessidade de ser artista antes de ser agente da indústria. Os Floyd sentiam que estavam sendo mal interpretados pelo público: os estádios lotados queriam hits divertidos, exaurindo o fundamento crítico das letras.

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Em meio à efervescência do rock psicodélico dos anos 60, o Pink Floyd se destacava por sua sonoridade única e postura anticonformista. As letras complexas e introspectivas de Roger Waters, juntamente com a experimentação musical da banda, sofriam a associação simplista do gênero com o uso de drogas e excessos, apesar de ser algo que a banda criticava.

Wish You Were Here continua a aprofundar o relacionamento humano, apresentando um sinal de integridade artística raríssimo. David Gilmour e Richard Wright, respectivamente o guitarrista e o tecladista da banda, têm o disco como seu favorito.

"Uma das coisas que eu acho que o faz ser um pouco melhor do que o Dark Side of the Moon é o espaço que existe e a nossa capacidade de criar um clima emocional e deixá-lo repousar e se desenvolver por um longo período de tempo, algo que muitas outras pessoas não têm coragem de fazer. A capacidade de atenção mudou.”, disse Gilmour em entrevista ao produtor John Edginton.

Porém, a banda se encontrava em um bloqueio criativo antes de o álbum ser escrito. O guitarrista conta que o processo de composição começou doloroso e difícil. “Estávamos tentando cegamente encontrar um caminho a seguir e esse tipo de perambulação cega, sem saber o que estávamos fazendo, foi o que ajudou a criar o que veio com o álbum inteiro.”

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Aquelas Quatro Notas

O grupo ensaiava no estúdio de Kings Cross, quando David Gilmour tocou quatro notas por acaso e obteve uma sonoridade tão magnética que imediatamente chamou a atenção de Roger Waters. Foram essas notas que deram início ao álbum, com “Shine on You Crazy Diamond”.

De alguma forma, essas notas evocaram uma música sobre Syd Barrett e o sentimento de ausência que ele causava em Roger. Mas, sem ter acesso ao pensamento consciente de Roger de que se tratava de Syd, os integrantes também podiam ouvir o conteúdo emocional que se encontrava no que estavam começando a compor, e a música começou a ser escrita.

Syd Barrett: de lenda visionária ao diamante louco

Syd é peça chave para o entendimento do álbum. Ele foi o fundador e principal compositor do Pink Floyd durante o início da banda, constituindo-se como sua alma criativa. Sua mente visionária e talento musical único deram vida às canções do primeiro álbum, consolidando a sua posição como o membro mais artisticamente ativo.

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No entanto, o uso desmedido de drogas alucinógenas começou a tomar seu pedágio. Durante as apresentações, era comum ver Barrett parar de tocar no meio da música, errar as letras ou até mesmo desaparecer do palco abruptamente. Com o tempo, seus comportamentos erráticos e sinais evidentes de sofrimento mental se intensificaram, levando a faltas constantes aos concertos e, por fim, à sua saída definitiva da banda em 1968.

A partida de Barrett abriu caminho para a ascensão de David Gilmour como guitarrista principal. Roger Waters tomou o lugar de compositor, sendo responsável pelas letras de The Dark Side of The Moon e dos álbuns que viriam a seguir.

As Canções

Shine On You Crazy Diamond: A obra-prima de 26 minutos, posteriormente dividida em duas partes, serve como um tributo ao ex-líder do Pink Floyd, Syd Barrett. A canção se inicia com notas melancólicas do sintetizador de Rick Wright, que rapidamente se transformam em um dos trabalhos de guitarra mais memoráveis de David Gilmour.

As letras de Roger Waters tecem um retrato pungente de Barrett, capturando tanto seu brilho inigualável quanto sua trágica deterioração mental. O poderoso refrão, entoado em uníssono por um coro, clama por Syd, o "diamante louco", para que continue a brilhar apesar da escuridão que o cerca. A canção culmina em um momento de profunda emoção, com um sintetizador melancólico tocando as notas de "See Emily Play", uma das primeiras composições de Barrett, eternizando seu legado musical.

Wish You Were Here: A canção-título é a que melhor traduz o sentimento de ausência que dá chão a todo o álbum. Sobre a letra em si, Waters conta que os primeiros sete versos da canção (So, so you think you can tell [...] A smile from a veil?/Do you think you can tell?) abordam uma questão essencial para a humanidade. Qual seria essa mensagem?

"Eu acredito que seja fundamental para a experiência de qualquer ser humano se ver capaz de se livrar da carapaça da fé, ou do dogma, ou da doutrinação, ou do que quer que tenha sido transmitido a ele por seus pais, ou pelo padre, ou pelo governo, ou pelo reaganismo ou o que quer que seja; todos esses artifícios ideológicos fundamentais que são barreiras entre nós e a realidade de nossas vidas.

Ademais, ela ecoa o afastamento entre os membros do Pink Floyd, enquanto busca por algo ou alguém que se foi. Segundo os próprios integrantes, a canção é uma ode à saudade de Syd Barrett, desejando que seu antigo amigo estivesse são e ao lado da banda. Mas também se conecta com o tema central do álbum, clamando por mais humanidade e empatia na indústria da música.

Welcome To The Machine: Nessa canção, o Pink Floyd nos convida a uma realidade sombria da indústria da música. Inspirada nas experiências da banda, ela retrata o vazio, a frieza e a ausência de contato humano que permeiam esse meio. Através da voz de um empresário impiedoso, somos confrontados com a exploração descarada do potencial criativo dos artistas, sem qualquer consideração pelo seu bem-estar.

Os efeitos sonoros de máquinas, presentes ao longo da canção, servem como uma metáfora para o crescente processo de produção serializada e genérica da cultura, que sufoca o pensamento crítico da sociedade.

Have a Cigar: Composta por Roger Waters, ela é uma crítica mordaz à indústria fonográfica, ecoando a aversão da banda à ganância e à exploração que permeiam esse meio. Similarmente à "Welcome to the Machine", mas com uma abordagem mais direta e sarcástica, a música retrata a manipulação dos artistas por parte das gravadoras, que priorizam o lucro acima da criatividade.

A letra, em tom irônico e ácido, apresenta a falsa cordialidade de um executivo da indústria que faz promessas de sucesso e fama a um membro da banda. A frase "which one's Pink?", uma referência real a um incidente em que um executivo não sabia o nome da banda, expõe a desconexão gritante entre os que gerenciam e os que criam a música.

A Capa – um acordo incendiário



Ao contrário do icônico prisma presente na capa de "Dark Side of the Moon", a arte de "Wish You Were Here" apresentou um desafio para Storm Thorgerson, do estúdio Hipgnosis. Inspirado na música e na atmosfera geral do álbum, Thorgerson retratou quatro músicos visivelmente desanimados em um estúdio, transmitindo a sensação de desilusão e alienação que permeia o disco.

A embalagem interna do álbum revelava uma imagem ainda mais intrigante: um aperto de mão entre dois homens, com um deles em chamas. Essa figura "ausente", alheia à dor das chamas, simboliza a falta de conexão e comunicação entre as pessoas, que temem expor seus verdadeiros sentimentos por medo de serem "queimadas" (vulneráveis).

A ideia original de Thorgerson foi aprimorada por George Hardie, que sugeriu a inclusão de um homem apertando a mão de seu sósia. Essa representação dupla reforça a temática da ausência e da superficialidade das relações, onde as pessoas podem estar lado a lado sem realmente se conectar.

O próprio Storm trouxe a constatação: “A música parecia evocar a sensação de alguém que não está realmente presente, num sentido mais amplo, e não só a situação de Syd. A ideia da presença contida, dos modos como as pessoas fingem estar presentes, quando, na verdade, as suas mentes estão noutro lugar qualquer, e os estratagemas e motivações empregues psicologicamente para suprimirem a sua presença num sentido pleno; tudo se uniu num único tema – a ausência de uma pessoa ou de um sentimento.

Mais do que um mero registro musical, "Wish You Were Here" ergue-se como um testemunho da força e da resiliência do Pink Floyd. Em meio às lutas internas e às incertezas do futuro, a banda encontra a inspiração para criar algumas de suas músicas mais memoráveis, reforçando o fato de que seu sucesso com The Dark Side of the Moon não havia sido acidental.



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