Yves Saint Laurent: o estilista francês que vestia as mulheres

Yves Saint Laurent é um dos nomes lendários da moda ocidental. Desde novo, trazia designs com aspectos revolucionários à indústria da alta costura, questionando os limites entre o aceitável e o implausível.

Nesta terça-feira (1), o desenhista completaria 87 anos, e a Antena 1 foi atrás dos principais momentos da sua trajetória. Confira:

Nascido Yves Henri Donat Mathieu-Saint Laurent na Argélia, enquanto ela era controlada pela França, o estilista sempre soube o caminho que queria percorrer. Ainda adolescente, lia revistas de moda e costurava para as mulheres da sua família. Aos 17 anos, participou de um concurso internacional de design, e ficou em terceiro lugar.

Foi nesta competição que Christian Dior, um dos jurados, viu seus desenhos pela primeira vez. Yves viajou a Paris para receber o prêmio, e conheceu Michel de Brunhoff, na época editor-chefe da Vogue. Dois anos, ele receberia alguns esboços do rapaz, e o mostraria para Dior, fundador da marca de mesmo nome. Impressionado, o estilista chamou o jovem para trabalhar com ele.

No momento em que YSL ingressou no mundo da moda, a Europa vivia o período pós-Segunda Guerra Mundial. Depois de anos de escassez, a classe alta pendia à opulência. Isso se traduzia até mesmo nas suas escolhas de moda, caracterizadas pelo uso de bordados e tecidos luxuosos. Mulheres com condições sociais encomendavam roupas exclusivas ao seu corpo e estilo, e os resultados eram verdadeiras obras de arte.

Laurent trabalhava na Dior somente há dois anos quando, aos 21 anos, passou a ocupar o posto de estilista principal. Depois que seu chefe faleceu de um ataque cardíaco, recaiu sobre ele a responsabilidade de manter a grife.

Tudo estava nos conformes até Yves ser convocado pelo exército francês para lutar contra a Guerra de Independência da Argélia. Durante os treinamentos, ele tem uma crise nervosa, é internado no hospital e perde seu emprego. Enquanto se recuperava, sugeriu ao seu parceiro Pierre Bergé que ele administrasse o seu estúdio de alta-costura. Daí surgiu a marca YSL.

Uma vez independente, o estilista estava livre para criar o que lhe desse vontade. Diferentemente dos seus antecessores, Yves tinha uma visão pragmática sobre as mulheres. No auge dos anos 60, a população feminina estava começando a entrar no mercado de trabalho, e o designer acompanhou esse movimento com suas criações.

Um dos grandes destaques da sua carreira é a introdução do smoking feminino. Em 1966, na coleção ‘Pop Art Collection’, ele apresenta, pela primeira vez, um terno para mulheres. Na época, o feito foi completamente revolucionário. Para se ter uma ideia, YSL criou a vestimenta antes mesmo que o Brasil permitisse o porte de cartão de crédito para mulheres (1974) e o divórcio entre casais (1977). Ou seja, criar uma roupa que apoiasse a autonomia das mulheres era algo praticamente inconcebível na época.

YSL também foi um dos responsáveis pela democratização da moda. Além da grife, o francês tinha uma marca chamada Rive Gauche, cuja proposta era ser “pronta para vestir”. Ao contrário dos designs personalizados da alta-costura, a loja oferecia roupas padronizadas que poderiam ser utilizadas imediatamente após a compra.

A boutique se localizava ao lado esquerdo do Rio Sena, perto das universidades e dos locais que a juventude frequentava. Poucos nomes da alta costura ousavam, na época, ser associados a clientes menos endinheirados.

Yves faleceu em junho de 2008 por conta de um câncer cerebral. Entretanto, o seu legado continua. A moda, assim como a música, é cultura, e a cultura é fluida. Yves Saint Laurent foi um estilista vanguardista cujas criações questionaram e ampliaram limites sociais. Seus designs ainda influenciam as vidas de milhares de pessoas – em sua maioria, mulheres.

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