Cientistas brasileiros descobrem anticorpo de cavalos potente contra a Covid-19
Pesquisa mostrou que soro produzido pelos equinos apresenta anticorpos neutralizantes até cem vezes mais potentes do que os de plasma de pessoas que tiveram a doença
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Soro produzido por cavalos que receberam a proteína Spike presente no vírus causador da Covid-19 (Sars CoV-2) pode ter anticorpos neutralizantes até cem vezes mais potente do que os de plasma de pessoas que tiveram a doença. A hipótese consta em pesquisa brasileira inédita que será apresentada hoje (13) à noite, durante simpósio sobre o novo coronavírus da Academia Nacional de Medicina (ANM), no Rio de Janeiro.
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Coordenador da pesquisa, que pode levar ao desenvolvimento de uma terapia com sorologia – usada no caso de doenças como tétano, raiva e picadas de abelhas e cobras –, Jerson Lima Silva, do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), anunciará também na ocasião o depósito de uma patente para o produto e a submissão do estudo no MedRxiv – uma plataforma de resultados preprint, ou seja, que ainda não foram publicados em revista científica.
Pesquisadores do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) produziram uma proteína semelhante à que o novo coronavírus usa para infectar células humanas. Depois, especialistas do Instituto Vital Brasil (IVB) aplicaram a proteína em cavalos durante seis semanas, com o objetivo de gerar uma resposta imunológica nos animais sem infectá-los.
O sangue dos equinos foi então retirado e purificado, apresentando nas análises anticorpos neutralizantes até cem vezes mais altos contra o novo coronavírus em comparação aos de plasma de pessoas infectadas pela Covid-19 em convalescência (estado de recuperação da saúde).
O estudo ainda deve passar por testes pré-clínicos e clínicos em humanos, que ocorrerão em parceria com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino. Se a eficácia do soro anti-Sars-Cov-2 for comprovada e receber a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o produto poderá se tornar mais uma opção de tratamento para pacientes com Covid-19, em meio à busca por vacinas e as dificuldades em atender a demanda mundial de imunizações contra o vírus.
A pesquisa também contou com participação da Fiocruz e tem apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
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