Muçulmanos dos EUA migram para terceira candidata, em possível revés para Kamala
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Por Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - Eleitores árabes-americanos e muçulmanos irritados com o apoio dos EUA à ofensiva israelense em Gaza estão deixando a democrata Kamala Harris de lado na corrida presidencial para apoiar a candidata de terceiro partido, Jill Stein, em números que podem impedir a vitória de Kamala em Estados cruciais que decidirão a eleição de 5 de novembro.
Segundo uma pesquisa do Conselho de Relações Americano-Islâmicas divulgada neste mês, 40% dos eleitores muçulmanos apoiam Stein, do Partido Verde, em Michigan, onde há uma grande comunidade árabe-americana. O candidato republicano Donald Trump obteve 18% e Kamala, a vice do presidente norte-americano, Joe Biden, ficou atrás, com 12%.
Stein também está à frente de Kamala entre os muçulmanos no Arizona e em Wisconsin, Estados cruciais com populações muçulmanas consideráveis, onde Biden derrotou Trump em 2020 por uma pequena margem.
Kamala foi a principal escolha dos eleitores muçulmanos na Geórgia e na Pensilvânia, enquanto Trump prevaleceu em Nevada com 27%, logo à frente dos 26% de Kamala, de acordo com a pesquisa do CAIR com 1.155 eleitores muçulmanos em todo o país. Todos são Estados cruciais que oscilaram por margens estreitas nas últimas eleições.
Biden ganhou o voto muçulmano em 2020, com mais de 80% em algumas pesquisas de boca de urna, mas o apoio dos muçulmanos aos democratas caiu drasticamente desde a ação de quase um ano de Israel em Gaza.
Cerca de 3,5 milhões de norte-americanos disseram ser descendentes do Oriente Médio no Censo dos EUA de 2020, o primeiro ano em que esses dados foram registrados. Embora representem cerca de 1% da população total de 335 milhões de pessoas dos EUA, seus eleitores podem ser cruciais em uma disputa que, pelas pesquisas de opinião, será acirrada.
Kamala pediu o fim da guerra entre Israel e Gaza e a devolução dos reféns mantidos pelo Hamas em Gaza na última terça-feira. Ela também disse que Israel não deve reocupar o enclave palestino e apoiou uma solução de dois Estados.
No entanto, em reuniões a portas fechadas em Michigan e em outros lugares, representantes da campanha de Kamala rejeitaram apelos para suspender ou limitar remessas de armas dos EUA para Israel, segundo líderes comunitários.
'Décadas de organização comunitária, engajamento cívico e mobilização não se manifestaram em nenhum benefício', disse Faye Nemer, fundadora da Câmara de Comércio Norte-Americana MENA, com sede em Michigan, para promover o comércio dos EUA com o Oriente Médio.
'Fazemos parte da estrutura deste país, mas nossas preocupações não são levadas em consideração', disse.
Stein está fazendo uma campanha agressiva sobre Gaza, enquanto os representantes de Trump estão se reunindo com grupos muçulmanos e prometendo uma paz mais rápida do que Kamala pode oferecer.
A campanha de Kamala se recusou a comentar sobre as mudanças de dinâmica. As autoridades encarregadas da aproximação com os muçulmanos não estavam disponíveis para entrevistas.
(Reportagem de Andrea Shalal)
Escrito por Reuters
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