Novo estudo mostra que dieta vegetariana pode aumentar risco de AVC
Por outro lado, a dieta também seria responsável por diminuir a tendência de doenças do coração.
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Um novo estudo mostrou que aqueles que seguem dietas sem carne, que normalmente estão associadas a uma melhor saúde cardiovascular, podem ter um risco maior de derrame.
O artigo, publicado no BMJ, encontrou um pequeno aumento no risco de acidente vascular cerebral, mas mesmo assim confirmou as descobertas em outros estudos de que vegetarianos e veganos podem ter um risco menor de doenças cardíacas em comparação com aqueles que comem carne e derivados de animais.
"É importante destacar que analisamos dois resultados aqui", diz a coautora do estudo Tammy Tong, epidemiologista nutricional do Departamento de Saúde da População de Nuffield, da Universidade de Oxford. "O menor risco de doença cardíaca parece compensar o maior risco de derrame", afirma.
Além disso, ambos os efeitos foram bastante pequenos. Com base em seus dados, os pesquisadores estimam que as dietas vegetarianas - comparadas às que incluem carne - estão associadas a menos 10 casos de doenças cardíacas por 1.000 pessoas em 10 anos e mais três derrames na mesma população.
Para chegar a essa conclusão, Tong e seus colegas coletaram dados dietéticos, de saúde e demográficos de cerca de 48 mil adultos sem histórico de problemas cardíacos do Reino Unido. Desse total, cerca de 24.400 comiam carne e 7.500 comiam peixe, mas não carne. O restante era vegetariano ou vegano, que foi agrupado para os propósitos do estudo. Os pesquisadores monitoraram esses indivíduos por cerca de 18 anos, pedindo-lhes para concluir outra pesquisa dietética detalhada no final do estudo.
Nas quase duas décadas de acompanhamento, cerca de 2.800 pessoas desenvolveram doenças cardíacas e cerca de 1.100 tiveram um derrame. Aproximadamente 96% das pessoas que começaram o estudo a comendo carne ainda comiam no segundo questionário alimentar, enquanto 73% dos vegetarianos ainda seguiam uma dieta vegetariana ou vegana.
Depois de se ajustarem a fatores como estilo de vida e características demográficas, os pesquisadores descobriram uma taxa 20% maior de AVC entre as pessoas que começaram ou terminaram o estudo como vegetarianas, em comparação com comedores de carne. No entanto, houve uma taxa 13% menor de doenças cardíacas entre os vegetarianos (e comedores de peixe) em comparação com aqueles que comem carne.
Como “derrame é um evento muito mais raro que uma doença cardíaca”, o menor risco de doença cardíaca pode realmente ser a descoberta mais impactante, diz Tong.
Os resultados sobre o AVC podem ser surpreendentes, dados os anos de pesquisa que encorajaram as pessoas a limitar o consumo de carne, principalmente as variedades vermelhas e processadas. Uma enxurrada recente de estudos, por exemplo, encontrou benefícios para a saúde do coração associados a dietas à base de plantas - e riscos à saúde associados às dietas ricas em carne.
Algumas pesquisas anteriores já sugeriram que os mesmos níveis baixos de colesterol que protegem as pessoas de doenças cardíacas podem colocá-las em maior risco de sofrer um derrame. Outros trabalhos afirmam que deficiências nutricionais comuns entre aqueles que não comem carne - como baixos níveis de vitamina B12, vitamina D, aminoácidos e ácidos graxos - podem colocá-las em risco, diz Tong.
Ainda assim, Tong enfatiza que ninguém deve mudar drasticamente seus hábitos com base nos resultados de um estudo observacional usando informações alimentares autorreferidas, que por natureza só podem descobrir tendências, não provar causa e efeito.
Os pesquisadores também não perguntaram por que as pessoas estavam seguindo certas dietas, portanto, é possível - mesmo que os pesquisadores tentassem se ajustar a fatores de influência - que algumas pessoas com problemas de saúde ou histórico familiar de problemas médicos seguissem dietas vegetarianas por esses motivos. No geral, são necessários mais estudos, diz Tong.
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