Por dentro da Antena 1: bastidores da nossa programação musical

“Programar música não é montar uma playlist, é sonorizar vidas”. Essa é a definição da coordenadora de programação da Rádio Antena 1, Luciene Calegari, sobre o seu trabalho diário. Há quase dezesseis anos na emissora, a radialista compartilha detalhes e ensinamentos de bastidores ao longo desse intervalo de tempo.

Muitas pessoas não imaginam a complexidade da nossa curadoria musical. Para entrar na Antena 1, as composições passam por um processo detalhado de seleção: “vemos o que está acontecendo no mundo em filmes, séries, rankings e até em outros países. Estamos sempre ligados no âmbito mundial da música. Depois que separamos, nosso diretor aprova as canções. Feito isso, temos um banco de músicas e seguimos um formato de programação”.

Os ouvintes fiéis da Antena 1 já sabem que temos um ecossistema musical pautado em flashbacks, montagens, exclusividades e lançamentos. Todas essas vertentes, de acordo com a programadora, são de grande importância: “a gente brinca que é como uma receita de bolo. Se falhar em algum ingrediente ela não vai dar certo”, explica.

Calegari conta que sempre foi muito fã da rádio, e, no processo de selecionar as canções, pensa como ouvinte e como profissional. Ela foi uma das primeiras programadoras mulheres da emissora. Antes de contratá-la, Orlando Negrão, fundador da Antena 1, estava em busca de uma pessoa com capacidade de trazer mais sensibilidade à programação.

Ela presenciou parte importante da história da Antena 1, quando já havia se estabelecido como uma rádio de clássicos, mas nem sempre foi assim. A emissora começou como uma rádio jovem, que lançava sucessos. Na época em que a internet não existia, os programadores viajavam para fora do país e traziam o que estava fazendo sucesso lá fora. Algumas destas músicas se tornaram tão aclamadas que continuam até hoje na programação.

“Quando eu entrei aqui, pediram para eu continuar a trazer novidades à programação. Sempre tentamos antecipar o sucesso para os ouvintes”, relata. Na época, a internet já estava a todo vapor, mas o Sr. Orlando assinava um serviço de entrega mensal de discos. “A gente ouvia pilhas de CD, e ia garimpando algumas músicas que pudessem fazer sucesso”. Um destes achados foi Adele, que foi ao ar em 2008 com ‘Chasing Pavements’. Enquanto para o resto do mundo, ela estourou em 2011 com ‘Rolling In The Deep’.

Agora, as principais apostas para o futuro da música, de acordo com Calegari, são Freya Ridings, por conta de sua voz única; George Cosby, que já fez um grande sucesso na rádio, John Baptiste, um dos artistas responsáveis pela trilha sonora do filme Soul (2020); e Arlo Parks que chegou a conceder uma entrevista à Antena 1.

Ainda assim, a radialista preza pelo equilíbrio entre o novo e o velho. “Os clássicos de hoje são os sucessos de ontem. Os ouvintes continuam gostando, por isso que eles permanecem na programação. Ao mesmo tempo, precisamos conquistar as novas gerações, trazendo outra safra de músicas”, elabora.

De acordo com as últimas pesquisas Ibope Extended, a Antena 1 é a rádio de São Paulo mais ouvida no Brasil - entre nove emissoras do Estado que participaram do estudo -, e também a líder absoluta nas plataformas digitais. Na visão de Calegari, algumas das práticas que impulsionaram essa conquista são o imediatismo, o relacionamento próximo com a audiência e a imprevisibilidade da transmissão ao vivo. “Nada vai substituir o calor da locução, a chegada de notícias de última hora e toda a surpresa que o rádio traz. Você pode estar ouvindo a programação e de repente é surpreendido por uma música que te desperta uma lembrança afetiva”, descreve.

No caso da Antena 1, a programação é organizada 100% pela inteligência humana, e não há nada de inteligência artificial. A equipe precisa saber o que fica melhor, o que o ouvinte está pedindo, como tornar a sequência forte, como apresentar um lançamento. Nas palavras da radialista, “é quase uma fórmula química na programação”.

O resultado, portanto, é um conjunto de ouvintes apaixonados pela emissora. A programadora conta, inclusive, que lê todas as mensagens que chegam até ela. “Tem gente que coloca que o dia melhorou depois de ouvir uma música, ou que lembrou de alguém, ou que voltou no tempo. Todas essas lembranças afetivas que são despertadas através da música e da nossa programação mostram que temos um trabalho muito sério”, finaliza.

Veja também:

TBT: HÁ 54 ANOS, ACONTECIA O ÚLTIMO DIA DO FESTIVAL WOODSTOCK

BRYAN ADAMS ESCREVE CANÇÕES PARA O MUSICAL DE “UMA LINDA MULHER”

Descontos especiais para distribuidores