TBT: Há 54 anos, acontecia o último dia do Festival Woodstock
O evento contracultural marcou uma geração de jovens ligados ao movimento hippie e rock’n’roll
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Em 17 de agosto de 1969, exatamente há 54 anos, aconteceu o último dia do Festival Woodstock. Foram três dias com dezenas de shows, num município rural em Nova Iorque, que ocorreram durante um período turbulento - em meio a uma sociedade norte-americana com ideologias divididas. O evento é considerado, até hoje, um dos mais importantes na história da música.
O slogan “três dias de paz e música” atraiu cerca de 500 mil pessoas, que testemunharam performances inesquecíveis de 32 bandas e músicos, entre eles: Janis Joplin, Creedence Clearwater Revival, Jimi Hendrix, The Who, Santana e Joe Cocker.

A década de 60 foi um período em que o mundo estava em ebulição. O cenário global vivia com as tensões da Guerra Fria pairando sobre a sociedade, onde cada lado disputava pedaços de território. Isso provocou intensas turbulências geopolíticas e guerras controversas, uma delas: a Guerra do Vietnã.
Toda essa agitação coletiva gerou diversos pensamentos “atípicos”, que rompiam com os modelos da sociedade ocidental. As reflexões sobre liberdade, antagonizando a repressão, as antigas teorias racistas caindo por terra e as novas discussões sobre o sexismo ganharam força e culminaram em um dos maiores exemplos de contracultura, o Movimento Hippie - defensores das ideologias de amor e paz.

O historiador Eric Hobsbawm entende que esses movimentos, em especial os hippies, eram “maneiras de posicionar-se contra o Estado, a família, a lei e a própria convenção social, que estipulava normas de conduta rígidas e conservadoras”.
Esse período se tornou um ponto de partida para diversos movimentos se espalharem (inclusive, muitos perduram até hoje): o ambientalismo, feminismo, pacifismo e o conhecimento, por parte da sociedade ocidental, de religiões como o hinduísmo e o budismo. Na época, todas as movimentações sociais foram pacifistas, porém não silenciosa, pois inúmeras figuras influentes as adotaram.
Foi em meio a esse cenário de rebeldias e questionamentos que aconteceu o festival de música, conhecido como Woodstock Music and Art Fair.
Voltado para o público ‘alternativo’ e adepto a movimentos contraculturais, o Festival foi idealizado por quatro jovens - Artie Kornfield, Joel Rosenman, Michael Lang e John Roberts - na faixa dos 20 anos, que desejavam criar um grande evento. Eram esperadas, no máximo, 50 mil pessoas, e por isso decidiram realizá-lo na comunidade rural de Wallkill, Nova Iorque. Mas, a população da região recusou-se a receber o evento e, então, ele foi instalado no terreno da fazenda de Max Yasgur, localizada em Bethel – cidade próxima.
A primeira banda que fechou um acordo para se apresentar no Woodstock foi Creedence Clearwater Revival. Muitos dos grandes nomes da música da época não aceitaram o convite para participar, entre eles: os Beatles - que já não tocavam juntos há 3 anos -, Led Zeppelin, Rolling Stones, The Doors e Bob Dylan.
Mas, as figuras que aceitaram o convite fizeram daquele espetáculo um palco para mostrar a nova onda que estava por vir na sociedade - uma cultura mais democrática para espaços de protesto e contestação dos valores dominantes. Um dos grandes ápices dos três dias foi a performance de Jimi Hendrix, um dos maiores guitarristas da história. Em Woodstock, ele tocou o hino nacional norte-americano, “Star Spangled Banner”, com o uso de distorções de guitarra e sons de armas e bombas.
Curiosamente, menos da metade do público de fato pagou para estar no evento. Foram vendidos cerca de 186 mil ingressos, e as outras 214 mil pessoas (ou mais) simplesmente (e pacificamente, é importante dizer) derrubaram as cercas e foram curtir os shows.
Por conta disso, os próprios organizadores admitiram que Woodstock foi um verdadeiro desastre financeiro. Ao ser questionado por um jornalista sobre o porquê de ter sido um desastre, Artie Kornfeld, um dos promotores do festival, respondeu, rindo: “Por que abrimos os portões e deixamos todo mundo entrar. É um festival gratuito, mas pago por quem investiu nele — ou pelos que vão pagar as contas”.
Para o veículo de comunicação norte-americano New York Times, além da importância musical do Woodstock, ele foi o precursor da relação entre a moda e festivais - muito embora o próprio festival fosse na contramão da ideia de padronização e pregasse justamente a diversidade e liberdade em todos os sentidos. As roupas usadas no evento representavam justamente tudo que não era usado pelos americanos na época: um estilo distinto, marcado pela simplicidade, conforto e individualidade, com roupas fluidas, de estampas vibrantes, tecidos leves e muitos acessórios.

O Festival Woodstock acabou reverberando para as gerações seguintes pelas imagens registradas em vídeo, tanto dos shows quanto do público. Quem estava lá e vivenciou aquilo nunca poderia imaginar que brincadeiras na lama, rock’n’roll e muitos, muitos hippies, um dia se tornaria um dos eventos mais importantes na história do século XX.
Como o vendedor local Sidney Westerfield bem colocou na primeira cena do filme “Woodstock - 3 dias de paz, amor e música”: “O que aconteceu lá foi grande demais para o mundo, ninguém nunca havia visto nada como isso”. E, no fim das contas, é exatamente por conta disso que até hoje, mais de 50 anos depois, ainda falamos em Woodstock: não apenas por seu tamanho e sua qualidade no repertório musical, mas também por seu propósito: centenas de milhares de pessoas convivendo ao longo de três dias, simplesmente para se divertir e viver em paz.
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