Rússia toma usina nuclear na Ucrânia e bloqueia sites de mídia
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Por Pavel Polityuk e Aleksandar Vasovic
LVIV/KIEV (Reuters) - Forças russas na Ucrânia tomaram a maior usina nuclear da Europa nesta sexta-feira, em um ataque que alarmou o restante do mundo, e Moscou bloqueou o Facebook e alguns sites de mídia estrangeira ao mesmo tempo em que aprovou uma lei sobre notícias 'falsas', em meio ao crescente boicote de empresas globais à Rússia.
O maior ataque a um Estado europeu desde a Segunda Guerra Mundial gerou mais de 1 milhão de refugiados, uma enxurrada de sanções, um êxodo de empresas da Rússia e temores de um impacto econômico global e um conflito mais amplo no Ocidente -- consequências impensáveis por décadas.
As lutas também continuaram em outros locais da Ucrânia, com as forças russas sitiando e bombardeando várias cidades na segunda semana de uma invasão iniciada pelo presidente Vladimir Putin.
A capital Kiev, no caminho de uma coluna blindada da Rússia que está parada em uma estrada há dias, foi alvo de novos ataques, com explosões podendo ser ouvidas do centro da cidade.
A cidade portuária no sudeste, Mariupol, --alvo chave para as tropas russas-- foi cercada e bombardeada. Seu prefeito disse que não havia água, aquecimento ou energia elétrica e que a cidade estava ficando sem comida após cinco dias sob ataque.
“Estamos simplesmente sendo destruídos”, disse o prefeito Vadym Boychenko.
No entanto, aliados da Otan rejeitaram nesta sexta-feira o apelo da Ucrânia por uma zona de restrição de voo, dizendo que estavam intensificando apoio, mas que participar diretamente levaria a uma guerra europeia ainda mais brutal e ampla.
Diversas marcas globais interromperam as operações ou deixaram completamente a Rússia.
A casa de moda de luxo francesa Chanel disse na sexta-feira que está interrompendo todos os negócios na Rússia, enquanto a gigante de tecnologia Microsoft está suspendendo as vendas de seus produtos e serviços.
Também nesta sexta-feira, o Parlamento russo aprovou uma lei impondo prisão de até 15 anos pela disseminação intencional de notícias “falsas” sobre os militares.
'Esta lei forçará punição - e punição muito dura - para aqueles que mentiram e fizeram declarações que desacreditaram nossas Forças Armadas', disse o presidente da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo, Vyacheslav Volodin.
A Rússia está bloqueando o Facebook por restringir os canais apoiados pelo Estado e os sites da BBC, Deutsche Welle e Voice of America.
'Não nos deixa outra opção a não ser suspender temporariamente o trabalho de todos os jornalistas da BBC News e sua equipe de apoio na Federação Russa', disse Tim Davie, diretor-geral da BBC.
O canal britânico afirmou que o acesso a informações precisas é um direito humano fundamental e continuará seus esforços para disponibilizar notícias na Rússia.
A CNN anunciou que deixará de transmitir na Rússia enquanto 'continuamos avaliando a situação e nossos próximos passos', enquanto a Bloomberg News e a CBC do Canadá disseram que estavam suspendendo temporariamente o trabalho de seus jornalistas no país.
USINA EM CHAMAS
O ataque à usina nuclear de Zaporizhzhia levou o conflito a um momento perigoso. À medida em que as bombas atingiam a área, fogo irrompeu em um prédio de treinamento, gerando um espasmo de alarme ao redor do mundo antes de o incêndio ser extinto e autoridades dizerem que a instalação estava segura.
A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse que o mundo evitou por pouco uma catástrofe nuclear.
Uma autoridade da Energoatom, operadora estatal de usinas nucleares da Ucrânia, disse à Reuters que os combates haviam cessado e que os níveis de radiação estavam normais. Mas a organização não tem mais contato com os administradores da usina ou controle sobre o seu material nuclear, disse.
O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Raphael Grossi, disse que a usina não havia sido danificada pelo que eles acreditavam ter sido um projétil russo. Apenas um dos seis reatores estava funcionado, com cerca de 60% de capacidade.
O governo russo nega estar tentando atingir civis e diz que seu objetivo é desarmar o país vizinho, reagir ao que vê como uma agressão da Otan e capturar líderes que considera neonazistas. A Ucrânia e seus aliados ocidentais classificam isso como um pretexto sem fundamento para uma guerra que visa conquistar um país com 44 milhões de pessoas.
(Reportagem de Pavel Polityuk, Natalia Zinets, Aleksandar Vasovic na Ucrânia, John Irish em Paris, François Murphy em Viena, David Ljunggren in Ottawa e outras redações da Reuters)
Escrito por Reuters
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