Suprema Corte dos EUA não suspenderá decisão que bloqueou mapa eleitoral do Alabama
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Por John Kruzel
WASHINGTON (Reuters) - A Suprema Corte dos Estados Unidos negou nesta terça-feira pedido das autoridades do Alabama para suspender a decisão de um tribunal inferior que rejeitou um mapa eleitoral elaborado pelos republicanos para diminuir a influência dos eleitores negros, provavelmente abrindo caminho para que um novo mapa seja elaborado antes das eleições para o Congresso em 2024.
A ação da corte deixa intacta a decisão de 5 de setembro de um painel federal de três juízes em Birmingham, segundo a qual o mapa aprovado pelo legislativo estadual liderado pelos republicanos para definir os limites dos sete distritos do Alabama na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos era ilegalmente tendencioso contra os eleitores negros e precisa ser redesenhado.
Esse mapa foi elaborado depois que a Suprema Corte, em junho, bloqueou uma versão anterior, também por enfraquecer o poder de voto dos negros do Alabama.
Os colegas democratas do presidente norte-americano, Joe Biden, vão tentar recuperar o controle da Câmara nas eleições do próximo ano. Com os republicanos mantendo uma pequena maioria de 222-212, batalhas judiciais como essa estão ajudando a moldar a luta pelo controle da Casa.
Os negros representam 27% da população do Alabama, mas são maioria em apenas um dos sete distritos da Câmara, conforme desenhado pelo legislativo estadual em ambos os mapas aprovados desde o censo de 2020.
A decisão da Suprema Corte em junho, por 5 a 4, confirmou uma ordem de um tribunal inferior que exige que os parlamentares estaduais acrescentem um segundo distrito da Câmara com maioria negra -- ou próximo disso -- para cumprir a histórica Lei do Direito ao Voto de 1965, que proíbe a discriminação racial na votação. Os eleitores negros tendem a favorecer os candidatos democratas.
Após essa decisão, a legislatura adotou um plano que aumentou a parcela de eleitores negros em um segundo distrito da Câmara de cerca de 30% para 40%, ainda bem abaixo da maioria. O painel de três juízes determinou que esse novo mapa não conseguiu remediar a violação da Lei de Direito ao Voto presente no primeiro mapa e orientou um perito especial - uma parte independente nomeada por um tribunal - a desenhar uma nova e terceira versão do mapa antes das eleições do próximo ano.
O mapa mais recente, elaborado pelos republicanos, foi rapidamente contestado por eleitores negros e ativistas de direitos civis. Eles disseram que o plano não conseguiu corrigir a violação da Lei de Direito ao Voto identificada pela Suprema Corte e que levantou preocupações com relação à garantia da 14ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos de proteção igual perante a lei.
O mapa do Alabama concentrou um grande número de eleitores negros em um distrito e espalhou outros em distritos em números muito pequenos para formar uma maioria.
(Reportagem de John Kruzel)
Escrito por Reuters