Suprema Corte israelense congela demissão do chefe do Shin Bet
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Por James Mackenzie
JERUSALÉM (Reuters) - A Suprema Corte de Israel emitiu uma liminar nesta sexta-feira congelando temporariamente a demissão do chefe do serviço de inteligência doméstica, conforme os manifestantes voltavam às ruas pelo quarto dia.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou na semana passada que havia perdido a confiança no chefe do Shin Bet, Ronen Bar, e que pretendia demiti-lo. Dezenas de milhares de pessoas participaram de manifestações em Jerusalém e Tel Aviv nesta semana, protestando contra a demissão, que os críticos consideraram uma tentativa de enfraquecer as instituições do Estado.
'Estamos muito preocupados com o fato de que esses sejam os últimos dias de Israel como uma democracia', disse Uri Arnin, um empresário que participou de um protesto em frente à residência de Netanyahu em Jerusalém.
'Estamos aqui para tentar mudar esse rumo, mas as chances não são muito altas', disse ele.
A decisão da Suprema Corte permitirá que o tribunal considere as petições lançadas contra a demissão, que foi aprovada pelo gabinete na noite de quinta-feira, com uma decisão até o dia 8 de abril, segundo um comunicado do tribunal.
Os ativistas por trás da petição disseram que havia preocupações claras sobre a decisão de demitir Bar e uma investigação do Shin Bet sobre supostos laços financeiros entre o Catar e assessores do gabinete de Netanyahu. Mas eles disseram que as preocupações eram mais amplas.
'Não se trata apenas de Ronen Bar, nem mesmo dos supostos laços entre o círculo íntimo de Netanyahu e o Catar', disse Eliad Shraga, advogado e fundador do Movimento para um Governo de Qualidade, um grupo anticorrupção que entrou com uma petição contra a demissão de Bar.
'Isso realmente tem a ver com a democracia israelense, com o estado de direito', disse ele.
A demissão de Bar ocorreu após mais de dois anos de hostilidade entre os partidários de Netanyahu e elementos do establishment de segurança e defesa, que foi agravada pela culpa pelas falhas que permitiram o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, o pior desastre de segurança na história de Israel e o estopim para a guerra em Gaza.
Bar, que foi um dos principais negociadores israelenses nas negociações de cessar-fogo e libertação de reféns, já havia indicado que renunciaria antes do fim de seu mandato, que terminaria em cerca de 18 meses, aceitando a responsabilidade pelo fracasso do Shin Bet em evitar o ataque.
Netanyahu, com uma maioria segura no Parlamento e fortalecido pelo retorno do ministro linha-dura da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, conseguiu ignorar os protestos.
'Não haverá guerra civil! O Estado de Israel é um estado de direito e, de acordo com a lei, o governo israelense decide quem será o chefe do Shin Bet', escreveu Netanyahu na plataforma de mídia social X.
Escrito por Reuters