Vacinação infantil contra a Covid-19: o que dizem os especialistas?
O pronunciamento oficial do Ministério da Saúde sobre a vacina será divulgado em 5 de janeiro
Publicada em
Desde que a vacinação contra a Covid-19 chegou ao Brasil, as infecções e mortes têm caído, comprovando de fato a eficácia das vacinas - já demonstrada nos testes prévios.
No dia 16 de janeiro, a Anvisa liberou a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos com o imunizante ComiRNAty produzido pela Pfizer. Após uma criteriosa análise técnica a Agência Nacional de Vigilância Sanitária foi concluída a segurança e a eficácia da vacina no público específico.
Nos testes da vacina infantil a Anvisa contou com especialistas em pediatria e imunologia que tiveram acesso aos dados apresentados pelo laboratório.
Para o imunizante pediátrico houve algumas alterações: além do frasco conter a tampa laranja e não roxa, para facilitar a diferenciação, o imunizante será aplicado em 2 doses de 0,2 ml com um intervalo de 21 dias.
A ComiRNAty demonstrou uma eficácia de 90,7% nos estudos clínicos realizados em 2.268 crianças nos EUA, Finlândia, Polônia e Espanha.
“A cada avanço na vacinação em uma nova faixa etária temos o sentimento de esperança renovado, a vacinação das crianças tem sido muito aguardada pelos pais. Recebemos com entusiasmo mais essa autorização da ANVISA para a vacina ComiRNAty e, com ela, a possibilidade de ampliar o combate à pandemia no Brasil”, afirma a diretora médica da Pfizer Brasil, Márjori Dulcine.
O QUE DIZ O MINISTÉRIO DA SAÚDE?
O ministro Marcelo Queiroga afirmou que o Ministério vai “discutir amplamente o assunto com a sociedade”, de forma a, aparentemente, não levar em conta a avaliação já feita pelos especialistas.
Queiroga chegou a afirmar que é necessário verificar a decisão da Anvisa em suas minucias. “Não é suficiente porque você olha todas as políticas públicas que estão aqui no Ministério da Saúde e verifica todas as autorizações que a Anvisa fez em relação a medicamentos, a dispositivos médicos. Basta só ver o que tem autorizado pela Anvisa e o que tá incorporado no SUS. São avaliações distintas”, disse o Ministro para explicar a razão da autorização da Anvisa não ser suficiente.
No sábado, 18 de dezembro, Marcelo Queiroga anunciou que o governo só divulgará uma posição em 5 de janeiro. "Até o dia 5 de janeiro é um tempo absolutamente adequado para que as autoridades possam analisar a decisão da Anvisa em todas as suas nuances, inclusive em relação à aplicação dessas vacinas", afirmou o Ministro.
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS?
O médico Renato Kfouri é vice-presidente do departamento de imunizações da sociedade de pediatria de São Paulo (SPSP) e concedeu uma entrevista exclusiva a Antena 1 para falar sobre os riscos da Covid-19 nessa faixa etária e sobre a importância da vacinação.
Confira a entrevista na íntegra:
Antena 1 - Qual a importância de vacinar as crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19?
Renato Kfouri - Embora cometidas de maneira desproporcional pela covid-19, especialmente nas suas formas graves, crianças entre 5 e 11 anos de idade não tem uma carga pequena da doença não. Já foram mais de 300 mortes aconteceram em crianças, desde o início da pandemia, entre cinco e onze anos. É um número grande se comparados especialmente as outras doenças preveníveis por vacina. Sarampo, gripe, febre amarela, coqueluche, hepatite, meningite, muito menos do que esses desses números. Aliás, a soma de todas as mortes por ano, em relação a essas doenças, é muito menor do que a covid sozinha. Então, além das da mortalidade desse número grande de vítimas que a covid fez nessa idade, nós temos que lembrar que hospitalizações, sequelas, transmissão fazem parte da carga da doença e podem ser prevenidas também pela vacinação.
A1 - Não vacinar essa faixa etária pode piorar o cenário da pandemia? Por que?
Dr. Kfouri - Quando você tem um cenário de uma pandemia, com novas ondas surgindo, é natural, especialmente agora com a Omicron nós estamos observando, países que estão sofrendo aumento de casos da doença tem um desvio da faixa etária, ou seja, cometendo crianças com muito mais frequência. No começo da pandemia, crianças representavam 1% dos casos lá, por exemplo, nos Estados Unidos. Hoje representa um quarto [25%] dos casos, porque, obviamente, as novas ondas tendem a cometer mais os não vacinados. Hoje na nossa população aqueles não vacinados são justamente as crianças. Estender a base de vacinados, ampliar para crianças é estratégia fundamental não só na prevenção, na proteção direta da doença nesses indivíduos vacinados na pediatria, mas estender a proteção pra todas as outras faixas etárias.
A1 - Qual o risco para uma criança quando infectada? É mais perigoso que ela se torne um poderoso vetor do vírus ou há risco para a saúde da criança?
Dr. Kfouri - As crianças transmitem sim, embora de menos efetivamente. Elas são capazes de transmitir, não são raros nos casos de infecção na família onde a porta de entrada é a criança. Então, é importante vacinar sim as crianças, embora as vacinas não sejam 100% efetivas na prevenção da transmissão elas reduzem, e reduzem muito, o risco de transmissão. Então, é importante vacinar sim.
A1 - Porque a necessidade de doses diferentes?
Dr. Kfouri - As doses em pediatria, em geral, de quase todas as vacinas são reduzidas. Frente a uma melhor resposta do sistema imunológico das crianças, é possível você utilizar menor concentração da vacina e obter o mesmo resultado, esse é um fenômeno de classe praticamente a todas as vacinas e as vacinas da covid assim têm sido estudadas. Menos concentrações, o que permite maior rentabilidade da vacina, menor custo e consequentemente também menos efeito colateral, menos risco de efeitos colaterais.
A1 - A vacina age de formas diferentes nos corpos de uma criança e de um adulto?
Dr. Kfouri - Da mesma maneira que as a vacina em adultos estimula defesa a produção dos anticorpos a princípio ao mesmo na pediatria. O sistema imunológico é ativado pra responder aquela provocação feita pela vacina, sem risco de adoecimento, mas desencadeando uma resposta protetora para quando o indivíduo ou a criança no caso se expor ao coronavírus já ter a sua defesa pronta, armada, construída. A vacinação é uma das ferramentas mais importantes no controle de diversas doenças e com a covid não é diferente. Essa é a estratégia que mais tem sido adotada em todo o mundo. Vacinar o maior número de pessoas, dessa maneira impedir ou evitar que novas ondas da doença voltem a acontecer.
Veja também:
Especial Fim de Ano: confira os musicais clássicos natalinos
Addal lança projeto com remixes de clássicos da música italiana
SALA DE BATE PAPO