Viralizou: "September" de Earth, Wind And Fire
Faixa da Era Disco tem um toque de espiritualidade combinado com o desejo de dançar
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Em 1978, a banda Earth, Wind & Fire lançou a música “September”. E, décadas depois, a potência e a qualidade sonora da canção ainda sobrepuja na preferência do público. Nas redes sociais, mais de 270 mil vídeos publicados a utilizam como trilha sonora. Criadora de tendências, com passos de danças que remetem a Era Disco, a faixa continua sendo uma das mais relevantes do grupo musical norte-americano!
Com o groove intrínseco a ela, popularmente conhecida como a “música que deixa todo mundo feliz” , se concentra em uma filosofia despreocupada de viver o momento. Sua letra lembra bons tempos do passado e é finalizada com uma frase sem sentido, mas que a ajudou a se tornar um hino para cantar junto: 'ba de ya'.
Composta por Al McKay, Verdine e Maurice White e Allee Willis, o single combina funk, soul, R&B e jazz, uma fusão que o transforma em uma obra-prima da Disco. McKay, o guitarrista da banda, criou sozinho a estrutura musical em seu home studio. Os primeiros compassos da música apresentam um teclado, um cowbell marcando o tempo e duas guitarras. O baixista Verdine White, irmão de Maurice, então entra no arranjo com o baixo e instrumentos de sopro, que acompanham os vocais. Assim, a música começou a se formar.
“September” foi a primeira música que a jovem compositora Allee Willis escreveu com a banda e ela afirma ter sido um momento que redefiniu a sua vida e deu a ela uma lição de composição que mudou a carreira.
O processo de escrita levou quase quatro meses, com Willis e Maurice White - líder da banda -, redigindo mais de 20 páginas de ideias. “Foi a primeira música que escrevi com Maurice White. Foi cinco minutos depois de nós nos conhecermos”, Willis conta ao ser nomeada no Hall da Fama dos Compositores em 2018. “Quando entrei, a banda estava trabalhando na introdução e pensei 'por favor, que esta seja a que eles querem que eu trabalhe!' Foi a coisa mais feliz que eu já ouvi!”.
White já tinha o título e algumas frases da canção quando ligou para a compositora, com base na recomendação de um amigo.
White era muito ligado em filosofias espirituais: definiu o nome da banda somente após descobrir os elementos de seu mapa astrológico. Então, ele perguntou a Willis se ela conhecia as filosofias orientais. “Eu nem sabia do que ele estava falando!”, relembrou a compositora à Biblioteca do Congresso em uma entrevista. “Eu era tão evoluída quanto os roqueiros”. No dia que eles começaram, o músico deu uma lista de livros para Willis: “O primeiro foi intitulado ‘Os Maiores Vendedores do Mundo’, de Og Mandino. E eu abri aquele livro e entrei em pânico! Eram só metáforas e egípcios antigos. E eu só queria assistir Soul Train!”, ela conta.
Mas, mesmo com as diferenças, Willis foi quem polui as linhas da canção e a transformou em um sucesso. A frase de abertura era originalmente “Você se lembra / O 21º ' dia' de setembro” A primeira coisa que ela disse a White, foi “ 'o dia' tem que sair. Tem que ser noite. É mais romântico”. Uma leitura rápida do rascunho inicial da letra foi o que precisou para Willis direcionar seu olhar aguçado para os detalhes, reforçando ainda mais o cenário e o significado da música.
O único ponto em que a letrista se precipitou foi se manifestar contrária ao fraseado do refrão, que é baseado em três sílabas saltitantes: “Ba de ya/ diga você/lembra/ba de ya/ dançando em/ setembro/ nunca foi (um)/ dia nublado”.
Willis lutou até a hora final com White sobre a linha 'ba de ya', tentando desesperadamente convencê-lo a mudar isso: “Não gostei. Eu sabia que ninguém saberia o que isso significava”. Porém, a compositora perdeu a batalha e cedeu quando White disse a ela: "nunca deixe a letra atrapalhar o ritmo". Essa foi uma lição que Willis aplicou ao longo de sua carreira, e hoje afirma que “se a melodia, a batida e o espírito estiverem presentes, todos saberão – emocionalmente, eles saberão – o que você está dizendo”.
Em 2022, “September” foi incluída no Registro Nacional de Gravações da Biblioteca do Congresso, considerada um tesouro auditivo digno de preservação devido à sua importância cultural, histórica e estética para o patrimônio sonoro gravado nos Estados Unidos.
A faixa que entrou no “Best Of Earth, Wind & Fire Vol. 1” faz história até hoje, com seus teclados groovados, sopros com influência latina e um padrão de acordes repetitivo e circular que fazem a melodia chiclete.
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