Rei do Pop: o legado de Michael Jackson

Hoje, dia 29 de agosto de 2023, seria o aniversário de 65 anos de Michael Jackson. Já se passaram 14 anos desde que o artista morreu, mas ele ainda continua sendo o Rei do Pop. E para começar a descrever a trajetória dele, irei citar o inesperado: a famosa frase de São Francisco Xavier “Dê-me a criança até os sete anos e eu lhe mostrarei o homem”. Ela estabelece o lugar ideal para qualquer um que tente entender a vida peculiar de Michael Jackson.

O trabalho árduo sempre caracterizou a vida de Michael, desde os sete anos, também centrado em sua casa em Gary, Indiana, no centro-oeste dos Estados Unidos. O ambicioso pai do artista, Joe, já havia formado seus filhos em um grupo musical e os fez se apresentarem em vários shows de talentos locais, com Michael nos vocais principais. Foi assim que o grupo conhecido como Jackson 5 começou a ganhar notoriedade.

Eles estavam construindo uma reputação sólida, garantindo posições de prestígio, até chegando a abrir para artistas como Gladys Knight, e talvez fosse inevitável que as grandes gravadoras logo começassem a olhar para o grupo com interesse. Assim, a família foi transferida para Los Angeles no início de 1970 – ano em que Michael completou sete anos – e naquele período, Jackson 5 assinou contrato com a Motown.

O sucesso com a gravadora foi quase instantâneo e o grupo fez história quando seus primeiros quatro lançamentos da Motown, incluindo os clássicos "I Want You Back" e "I'll Be There", chegaram ao topo das paradas da Billboard. Inicialmente, Diana Ross foi comercializada como mentora dos jovens criadores de sucessos e, no final de 1970, eles lançaram seu primeiro LP, "Diana Ross Presents The Jackson Five".

Na primeira metade da década de 70, seu ritmo de trabalho já era considerado excepcional. Eles haviam lançado 11 álbuns, e Michael, de forma solo, já tinha desenvolvido projetos como "Ben" e "Got to Be There". O artista mirim rapidamente se tornou um fenômeno mundial, com turnês que atraíam grandes massas de fãs.

Mais tarde, Michael recordaria esses anos de trabalho com detalhes dolorosos. Ele disse que muitas vezes se sentia isolado, exausto e sem confiança, apesar da fama e da adoração que recebia. Mas, apesar da pressão, ele manteve o foco na carreira e parecia se refugiar em sua agenda implacável. Ele frequentemente dizia às pessoas que só se sentia verdadeiramente confortável no palco.

Em 1979, ainda conciliando compromissos com seus irmãos e tendo acabado de concluir o filme The Wiz, Michael lançou sua primeira obra-prima: "Off The Wall", produzido por Quincy Jones. Nele, estavam os clássicos da disco, como "Don't Stop 'Til You Get Enough" e "Rock With You".

O álbum alcançou o 3º lugar das paradas nos Estados Unidos e venderia 20 milhões de cópias em todo o mundo nos próximos anos. Apesar de alguns elogios da crítica, foi a partir daí que Michael se tornou ferozmente ambicioso e queria fazer sempre melhor. Há relatos de que, após os resultados do disco, ele se sentiu desprezado e magoado.

Então, em 1981, Michael continuou lutando para atingir as metas que desejava. No final de 1982, a obra-prima estava pronta: o álbum "Thriller". Nele, estava o inesquecível dueto com Paul McCartney, "The Girl Is Mine", “Thriller” -a faixa que dava nome ao disco- e outros sucessos internacionalmente aclamados até hoje.

Em meados do ano seguinte, Michael era a maior estrela musical do planeta. "Beat It" e a faixa-título do álbum ostentavam vídeos extravagantes que se tornaram um dos primeiros de um artista negro a entrar em grande rotação na rede MTV dos EUA. Em todo o mundo, "Thriller" estava quebrando recordes de vendas, e a estrela começou a receber um nível insuportável de atenção frenética da mídia.

Acompanhar o que estava se tornando o álbum mais vendido do mundo era uma tarefa difícil, e Michael não teve pressa. O eventual lançamento de "Bad", em 1987, precedido pela balada líder das paradas "I Just Can't Stop Loving You", foi um grande evento na indústria. No Reino Unido, "Bad" conseguiu superar até mesmo "Thriller". No palco, ele permaneceu imbatível, e sua turnê mundial de 1988 fez negócios fenomenais, tornando-se sua primeira grande jornada internacional.

Ali, centenas de milhões de fãs ao redor do mundo consideravam o magnetismo de sua música inegável. Jackson revolucionou os videoclipes e as apresentações ao vivo. Ele foi pioneiro em uma nova era de videoclipes, encantando o público com maravilhas cinematográficas e efeitos especiais em vídeos como "Thriller" e "Black or White". Jackson disse uma vez: "A imaginação de um artista é sua maior ferramenta. Pode... transportá-lo para um lugar completamente diferente". Na verdade, ele era um mestre em transportar seu público para lugares que eles nunca imaginaram. Esse feito foi reconhecido mundialmente.

No entanto, em meados dos anos 90, o perfil público do artista foi cada vez mais dominado por sua vida privada. Com uma ação judicial movida pelos pais de uma criança que era conhecida de Michael, o acusando de abuso sexual contra o menor, essa situação foi muito prejudicial para sua carreira, mesmo que o artista tenha sido absolvido. Na tentativa de recuperar sua imagem – pelo menos por enquanto – manchada, Michael lançou um livro, "HIStory: Past, Present And Future", em 1995.

Assim, lançou sucessos como "You Are Not Alone" e "Earth Song", que chegaram ao topo das paradas na Grã-Bretanha, com este último garantindo o cobiçado lugar no 1º lugar no Natal e se tornando o maior single de Jackson no Reino Unido. Michael era reverenciado como uma lenda da música e tinha um enorme respeito por parte de seus colegas de trabalho. No entanto, as controvérsias sobre sua vida pessoal continuavam, agora com preocupações com sua saúde. Michael foi submetido a um longo julgamento em junho de 2005, mas acabou sendo absolvido de todas as acusações.

Os trabalhos passados o mantiveram nas paradas nos anos seguintes, mas os rumores sobre sua saúde precária só aumentavam, e as aparições públicas tornaram-se cada vez mais raras. No entanto, as dificuldades financeiras que Michael enfrentou naqueles últimos anos o levaram ao anúncio surpresa, em 2009, de que ele voltaria aos palcos. Uma série de 10 shows na O2 Arena de Londres foi anunciada e esgotou em tempo recorde. Mas, durante os ensaios em Los Angeles para os shows "This Is It", Michael foi encontrado morto em sua casa, após sofrer uma parada cardíaca.

Com quatro décadas de carreira, a verdade é que o Rei do Pop foi único. Nascido para o palco e raramente longe dele, Michael viveu uma vida de excessos alimentada por riquezas inimagináveis, controvérsias sem fim e adoração fanática. Muitos chamariam a sua vida de uma tragédia criada em uma infância pouco convencional, mas seu legado sustenta o panorama musical atual.

Durante sua trajetória, ele vendeu mais de 750 milhões de álbuns em todo o mundo, emplacou 13 singles no topo das paradas e ganhou 13 prêmios Grammy. E, até hoje, é possível sentir que sua vida foi interrompida, mas suas músicas viverão para sempre.

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