Republicanos ouvirão Trump após líderes estrangeiros pedirem mais apoio dos EUA à Ucrânia
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Por Patricia Zengerle e David Morgan
WASHINGTON (Reuters) - Uma série sem precedentes de autoridades estrangeiras, inclusive de Japão, Reino Unido e Itália, tem visitado Washington nos últimos meses e feito um apelo aos republicanos do Congresso para que aprovem mais ajuda militar à Ucrânia.
Mas esses parlamentares devem ouvir uma voz totalmente diferente - a do ex-presidente e atual candidato republicano à Presidência, Donald Trump.
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, usou um discurso em uma reunião conjunta do Congresso na quinta-feira para pedir que os parlamentares superem a 'dúvida' sobre o papel do país no cenário mundial, alertando que as esperanças da Ucrânia 'entrariam em colapso' sem o apoio dos Estados Unidos.
Ele falou na Câmara dos Deputados próximo ao presidente da Casa, o republicano Mike Johnson, um aliado próximo de Trump que há meses tem se recusado a permitir uma votação sobre uma legislação já aprovada pelo Senado que fornece 60 bilhões de dólares em ajuda para a Ucrânia.
Johnson deve se reunir com Trump na Flórida nesta sexta-feira, fomentando especulações sobre se ele permitirá uma votação sobre o pedido de gastos com segurança nacional já na próxima semana.
Trump, que frequentemente elogia o presidente russo Vladimir Putin, tem criticado o apoio de Washington à Ucrânia em sua guerra com a Rússia e disse que pode encerrar o conflito em 24 horas caso seja eleito, embora tenha oferecido poucos detalhes.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, pediu aos aliados de seu país que cumpram suas promessas de ajuda militar na quinta-feira, especialmente na forma de sistemas de defesa aérea desesperadamente necessários, à medida que a Rússia intensifica seus ataques.
A reunião desta sexta-feira pode permitir que Johnson argumente a Trump que seria melhor para ele ter uma Ucrânia forte se voltar à Casa Branca, disse o deputado republicano French Hill, que apoia a ajuda à Ucrânia.
'Eu o incentivaria a apresentar esse argumento', disse Hill.
O apoio do candidato presidencial do partido também pode fortalecer Johnson, à medida que ele enfrenta uma ameaça da deputada republicana Marjorie Taylor Greene, uma firme aliada de Trump e opositora fervorosa da ajuda à Ucrânia, que busca destituir Johnson como presidente da Câmara caso o projeto de gastos seja aprovado.
Greene afirmou, após o discurso de Kishida, que tinha certeza de que Trump e Johnson discutiriam o pacote de ajuda, mas não ofereceu uma opinião. 'Acho que o presidente Trump pode apresentar seus pontos de vista, e eu não falo pelo presidente', disse ela.
O projeto de lei de gastos com segurança nacional, que também inclui bilhões em assistência a Israel e Taiwan, foi aprovado no Senado, de maioria democrata, com 70% de apoio em fevereiro.
Autoridades de vários outros países também têm visitado Washington este ano para defender a assistência à Ucrânia. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, visitou o país em março e o chanceler alemão, Olaf Scholz, em fevereiro.
Nesta semana, o ministro das Relações Exteriores britânico, David Cameron, encontrou-se com Trump na Flórida e depois foi a Washington. Cameron não se reuniu com Johnson nessa viagem, embora os dois tenham se encontrado em dezembro.
As visitas são incomuns - os líderes estrangeiros geralmente trabalham para evitar a aparência de influência em legislações dos EUA. Mas os analistas disseram que esse impulso reflete uma profunda ansiedade, especialmente na Europa, sobre quanto tempo a Ucrânia pode aguentar sem uma nova ajuda significativa de Washington.
Escrito por Reuters
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