#TBT: Há 54 anos acontecia o Festival de Cultura do Harlem
Em 1969, o evento reuniu a nata da música negra norte-americana
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No dia em que o homem deu o primeiro passo na lua, o mundo inteiro estava ligado na TV, vendo Neil Armstrong fazer história. Mas, enquanto isso, havia uma outra revolução acontecendo - Só que essa não foi televisionada. Mais de 50 mil pessoas estavam reunidas no Parque Mount Morris, localizado no bairro do Harlem, em Nova Iorque, para celebrar a cultura negra. Mais especificamente, o Festival de Cultura do Harlem.
Para quem não conhece, esse foi um dos festivais mais marcantes da década de 60 nos Estados Unidos. E, ele pode até ser comparado com o Woodstock em sua importância cultural.
Aliás, tanto o Woodstock quanto o Festival de Cultura do Harlem aconteceram no mesmo ano, quase no mesmo mês. No verão de 1969, a uma distância de apenas 160 quilômetros um do outro. Mas, esses dois festivais estão longe de serem “imitações” um do outro. Apesar das comparações, as propostas eram bem diferentes.
O Festival do Harlem durou quase dois meses, começando no dia 29 de junho de 1969, no parque Mount Morris, no meio do bairro. O Woodstock durou três dias e aconteceu numa fazenda descampada no interior de Nova Iorque.
Quando olhamos para as plateias de um e do outro também é possível ver algumas diferenças bem marcantes. Enquanto no Woodstock a maioria do público era formada por jovens estudantes hippies, no Harlem o público era mais diversificado.
O evento musical contou com 24 atrações. Entre elas, artistas como Nina Simone, Stevie Wonder, Gladys Knight, B.B.King e Mahalia Jackson. Com uma plateia de pessoas de todas as idades, os shows foram gigantes, atraindo cerca de 300 mil pessoas.
A luta pelos direitos civis sempre esteve atrelada à música. E o bairro do Harlem, povoado principalmente por negros e latinos foi palco de grandes movimentos de expressão cultural. No período da década de 60, toda essa atmosfera de desejo de mudanças sociais era um ambiente propício para o surgimento de um festival de música. E foi exatamente isso que os organizadores buscaram.
O evento foi idealizado e produzido pelo cantor Tony Lawrence. O seu propósito era impulsionar a luta por justiça social. Diversas questões sobre racismo foram abordadas, especialmente as relacionadas a Guerra do Vietnã e também aos assassinatos de grandes ativistas, como Martin Luther King e Malcolm X, além dos irmãos Kennedy. Na época, um produtor de TV chamado Hal Tulchin tentou levar o projeto para a TV, mas nenhuma emissora se interessou pelo evento.
Embora o festival do Harlem tenha sido filmado por mais de 40 horas, as fitas das gravações ficaram esquecidas em um galpão por 50 anos. O material ressurgiu recentemente num documentário chamado “Summer of Soul”. Agora que o acesso ao espetáculo já foi concedido, é possível apreciar a sua variedade incrível de apresentações de jazz, soul, gospel, blues e música latina da melhor qualidade.
No palco, um momento marcante foi quando Nina Simone fez discursos que instigaram reflexões importantes sobre a resistência e luta do povo negro, além de cantar sucessos como "To Be Young, Gifted & Black", “Backlash Blues” e “Ain't Got No/ I've Got Life”.
Outra apresentação memorável foi a do conjunto Sly & The Family Stone. Eles fizeram história naquele dia. Anos mais tarde, essa banda se tornaria uma das maiores influências estéticas para ninguém menos do que Prince.
Se para grande parte do planeta o herói em evidência naquele momento era Neil Armstrong, dando o seu primeiro passo na Lua, no Harlem era outro quem inspirava as pessoas. Um jovem cego de apenas 19 anos, chamado Stevie Wonder.
Naquele palco, Stevie e outros artistas cantaram e tocaram com virtuosidade, e evidenciaram as batalhas que tiveram que enfrentar por conta dos preconceitos da época. E, assim foi o Festival de Cultura do Harlem.
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