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#TBT: “His Woman, Her Man”: o álbum que refletia a relação de Tina Turner e Ike Turner

Há 19 anos, Ike lançava uma nova versão do disco de 1970

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Relação de Tina Turner e Ike Turner.Divulgação

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Tina Turner, uma das cantoras mais dinâmicas de rock e soul, faleceu aos 83 anos nesta quarta-feira (24). Ela, que surgiu de origens humildes, superou diversos desafios ao longo da vida - um deles foi a sua violenta relação com Ike Turner. Deixando um legado extenso no mundo da música, ela não apenas foi uma das artistas mais populares de todos os tempos, como também desempenhou um papel gigantesco no empoderamento feminino. “Quero ser lembrada uma mulher que mostrou a outras mulheres que tudo bem buscar o sucesso da sua própria maneira”, disse durante uma entrevista com o jornal The Guardian.

Cantora Tina Turner morre aos 83 anos.Divulgação
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A artista nasceu como Anna Mae Bullock em 26 de novembro de 1939, no Tennessee, EUA. Tina passou a infância colhendo algodão, devido ao trabalho de seu pai como zelador de uma plantação. Por vários anos, ela morou com os avós devido aos problemas na relação dos pais, pois sua mãe sofria violência doméstica do pai. Aos 16 anos, ela se reencontrou com a mãe e mudou-se para St. Louis.

Sempre extrovertida, Tina cantava na igreja batista desde jovem. Mas foi em 1957 que ela descobriu sua vocação, quando começou a frequentar o Club Manhattan em East St. Louis, um bar noturno onde a banda Kings of Rhythm, liderada por Ike Turner, tocava. Uma noite, ela pegou o microfone, começou a cantar, e imediatamente chamou a atenção do líder da banda. Em pouco tempo, ela se tornou vocalista em tempo integral.

Tina Turner e Ike Turner.Divulgação
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Foi nesse momento em que a voz de Turner se destacou. “Eu não seria capaz de cantar sem meu tipo de voz”, afirmou ela em 1984. “Uma voz bonita e frágil como a de Diana Ross não teria se destacado em East St. notas que quebrariam um copo. É por isso que minha voz é tão incomum – muito forte, muito cheia, muito alta”.

Assim, começou a jornada de Anna Mae para se tornar Tina Turner. Neste mês, há 19 anos, Ike lançou o álbum “His Woman, Her Man: The Ike Turner Diaries”, que faz referência ao álbum da dupla na década de 70, cujo título era “Her Man... His Woman”. Nele, Ike fez versões alternativas de alguns de seus maiores sucessos. Com uma história assustadoramente conturbada, a Antena 1 separou alguns dos momentos principais da dupla Ike e Tina:

Ike & Tina

Tina Turner e Ike Turner.Divulgação
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Por 16 anos, Tina se apresentou com seu marido, Ike Turner, que era oito anos mais velho, como uma dupla bem-sucedida de R&B. A relação deles começou em 1960, e seu filho Ronnie nasceu naquele mesmo ano. Dois anos depois estavam casados. Eles conseguiram estabelecer uma fórmula que encantou a indústria musical: a união da voz de barítono falada de Ike com o poderoso timbre e potência de Tina, formando uma força de yin-yang.

No entanto, é amplamente conhecido que eles não tinham uma relação saudável. Ike agrediu Tina ao longo de todo o relacionamento. Uma das histórias mais perturbadoras, que ocorreu no início da relação, foi a mudança do nome da antiga banda de Ike, que ele trocou para ‘Ike & Tina Turner’. Essa foi uma das formas que ele encontrou para prendê-la, pois supunha que seria uma maneira eficaz de sempre associá-la a ele.

Inicialmente, Tina não gostou do nome artístico que seu marido escolheu para ela e o questionou. Essa foi uma das primeiras, de muitas vezes, em que ela sofreria agressões físicas ao seu lado. “Ike [...] veio para cima de mim, pronto para me dar uma lição que eu não esqueceria tão cedo”, conta Tina. Ela relembrou que ele evitava usar os próprios punhos para não danificar as mãos com as quais tocava guitarra. A artista só revelou publicamente que foi vítima de violência doméstica em dezembro de 1981, em uma entrevista para a revista People.

Tina Turner na capa da revista ‘People’ em 1990.Divulgação
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Durante o período em que estavam juntos como uma dupla, tiveram reconhecimento imediato. "A Fool in Love" e "It's Gonna Work Out Fine" se tornaram grandes sucessos, alcançando o segundo lugar nas paradas americanas em 1960 e 1961, respectivamente. Tina também se estabeleceu rapidamente como uma poderosa artista ao vivo, comandando o palco com sua energia feroz e levando o público à loucura.

Em 1966, Phil Spector ficou encantado com a cantora, chegando a comparar seus gritos ressonantes aos de James Brown, e produziu a música “River Deep–Mountain High” com os Turners. Essa faixa impulsionou a carreira da artista no exterior. Mick Jagger, em particular, ficou obcecado por ela, e os Rolling Stones levaram Ike & Tina em sua lendária turnê norte americana de 1969. A exposição ao público do rock hippie trouxe ao casal uma nova base de fãs, e seu material começou a refletir isso. Em maio de 1970, lançaram o álbum "Come Together", que incluía versões da música-título dos Beatles e "Honky Tonk Women" dos Stones.

Esse talento para covers de rock foi consolidado em 1971, quando fizeram uma versão de “Proud Mary” do Creedence Clearwater Revival. Ao reorganizar o rock pesado com uma introdução lenta de blues e contraponto entre a voz grave de Ike e o canto agudo e rouco de Tina, eles transformaram a canção em um grande sucesso.

A versão vendeu mais de um milhão de cópias, o que ajudou a financiar um novo estúdio de gravação. No entanto, o aumento da renda do casal também alimentou o lado mais sombrio de Ike: ele começou a adquirir armas e se envolver profundamente com drogas. Ele sempre havia abusado de sua esposa - desde que assinaram com a primeira gravadora - e isso continuou acontecendo até o fim do relacionamento.

Em 1976, Tina colocou um ponto final nisso. Após seu marido tê-la atropelado com uma limusine na semana do dia 4 de julho, Tina o deixou na madrugada daquele final de semana - enquanto ele dormia. O advogado do casal, Nate Tabor, comprou uma passagem para Los Angeles para ela, e a cantora se escondeu do marido, ficando com amigos, incluindo Anna Maria Booker, esposa do saxofonista Wayne Shorter.

Mudei de um lugar para outro por dois meses, trabalhando em cada um, arrumando e limpando”, disse a cantora. “Eu estava gastando minha energia… Eu olho para trás com boas lembranças. Não me considero menos por isso, porque me ajudou a sobreviver.” Abandonando qualquer participação financeira em seus ganhos como casal, o divórcio de Tina e Ike foi finalizado em 29 de março de 1978.

Tina nunca abaixou a cabeça para nada e se tornou uma porta-voz em relação ao tema da violência doméstica e abusos em relacionamentos. Após o divórcio, ela realizou uma das mais lendárias reviravoltas na história do show business com seu álbum solo de 1984, "Private Dancer", desfrutando de sucesso nas paradas musicais e nos principais palcos pelo resto de sua carreira.


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