Anos 60: O que veio após o último suspiro da década "paz e amor"?
O sonho acabou, mas suas músicas e legado ainda ecoam
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No verão de 1969, o mundo estava unido em esperança. No entanto, a virada do ano trouxe consigo o fim do sonho hippie de um futuro mais brilhante. Mas a música que uniu centenas de milhares de pessoas em reuniões de massa ao longo do ano continua viva até hoje. Mas o que transformou 1969 em um clímax tão belo e ao mesmo tempo chocante para os anos 60?
À medida que os anos 60 se consolidavam, emergia um novo senso de esperança de que tudo era possível. O presidente John F. Kennedy capturou esse espírito em um discurso de 1962, ao comprometer sua nação a uma trajetória ambiciosa: “Escolhemos ir à Lua nesta década e fazer as outras coisas, não porque são fáceis, mas porque são difíceis”.
Nos anos seguintes, a música também atingiu novos patamares. Triunfo após triunfo, os Beatles e outros pioneiros da música lançaram singles e álbuns inovadores, alimentando ascensões de diversos gêneros. Um deles, foi a soul music da Motown que estava, de ano em ano, conquistando mais espaço para novos artistas promissores – como Stevie Wonder, Marvin Gaye, Diana Ross e The Supremes, entre outros.
O mesmo sucesso não poderia ser dito do programa Apollo em sua busca pelo alvo de alcançar as estrelas. Com os soviéticos sendo os primeiros a chegar a cada marco na corrida para a Lua, a Apollo parecia estar sofrendo nada além de frustração e contratempos.
Um momento emblemático para a missão norte-americana aconteceu em janeiro de 1967. Enquanto os queridinhos britânicos, Paul, John, George e Ringo estavam escondidos nos estúdios da EMI em Abbey Road gravando Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band, um desastre aconteceu na Flórida, quando todos os três astronautas da primeira tripulação da Apollo faleceram em um incêndio- durante um dos testes mais promissores para o país.
À medida que o fim da década se aproximava, tudo que foi prometido estava desandando. O Verão do Amor de 1967 (movimento de manifestações pela paz) azedou em 1968: foi um ano de tumultos em Paris, Chicago, Londres e Praga (entre muitas outras cidades); os assassinatos de Robert Kennedy e Martin Luther King Jr. chocaram os EUA; e o caos da guerra no Vietnã estava se mostrando cada vez mais revoltante. No entanto, a véspera de Natal de 1968 trouxe esperança com a fotografia icônica da Terra vista da Lua pelos astronautas da Apollo 8.
A esperança brotou, e da eternidade do espaço, a crença de que os anos 60 foram uma década especial renasceu. Mesmo diante dos conflitos, 1969 viu o sonho hippie de paz e amor florescer. Eventos musicais ao ar livre se tornaram maiores, culminando em Woodstock, realizado na fazenda de Max Yasgur em Bethel, Nova York. De 15 a 18 de agosto, artistas como Jimi Hendrix, Janis Joplin e The Who se apresentaram para uma multidão que superou as expectativas, transformando o evento em um festival gratuito e um marco cultural.
Enquanto os jovens celebravam a música e a paz, novos heróis surgiram durante o verão – com a NASA alcançando o objetivo de Kennedy. Em 20 de julho de 1969, Neil Armstrong, Edwin “Buzz” Aldrin e Michael Collins pousaram na Lua, com Armstrong proferindo a histórica frase: “Um pequeno passo para o homem, um salto gigante para a humanidade”.
Na terra, novas estrelas também surgiram. David Bowie lançou "Space Oddity", o Jackson 5 explodiu na cena pop ao lado de Diana Ross e a ascensão do reggae e funk estava começando. O Festival Cultural do Harlem reuniu a nata da música negra norte-americana, com artistas como Sly and the Family Stone e Nina Simone. Mais de 300 mil pessoas participaram do evento, que celebrou a cultura negra em meio à luta pelos direitos civis.
Entretanto, nem tudo era um mar de rosas. Em 20 de agosto de 1969, os Beatles realizaram uma sessão de mixagem para o seu novo álbum nos EMI Studios, em Abbey Road. Este evento marcou a última vez que todos colaboraram juntos em estúdio.
Enquanto isso, em Los Angeles, o baterista dos Beach Boys, Dennis Wilson, havia fugido de sua própria casa depois que ela se tornou a sede da "família" cada vez mais errática de seu amigo Charlie Manson. Pouco depois da partida de Wilson, ‘The Wizard', como Dennis o conhecia, junto com seus seguidores cometeram assassinatos brutais, incluindo o da atriz Sharon Tate.
No entanto, assim como os astronautas tiveram retornaram à Terra, o sonho hippie também aterrissou quando a década mais espetacular da história chegou ao seu encerramento. No final do ano, um show gratuito dos Rolling Stones em Altamont Speedway, na Califórnia, foi marcado por violência, sendo descrito pela revista Rolling Stone como o pior dia da história do rock'n'roll: "um dia em que tudo deu perfeitamente errado". Isso simbolizou o fim do sonho hippie.
Apesar desses eventos sombrios, as liberdades musicais que surgiram nos anos 60 pavimentaram o caminho para futuras gerações. Por mais que os Beatles tivessem se separado, suas carreiras solos continuaram a produzir clássicos. E isso é só a ponta do iceberg. Cada nova geração de músicos desde então tem uma dívida com os anos 60, uma década cuja influência é inigualável.
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